Empresário do ramo dos transportes, Elton Paulo Gialdi assumiu este ano mais um cargo de grande representatividade regional. O vice-presidente da Regional Serra da Federasul irá comandar, no biênio 2021-2022, a Associação das Entidades Representativas de Classe Empresarial Gaúcha (CICS Serra). Em entrevista ao Semanário, o empresário fala sobre sua atuação como liderança comunitária e uma análise sobre Bento Gonçalves.

Atuação no CIC

Vim morar em Bento Gonçalves há 30 anos.  Acabei fazendo todas as coisas que hoje me orgulho: família, negócios, amizades e relacionamentos. Tenho uma gratidão enorme por esse lugar, a minha história não aconteceria se não fosse em uma região como Bento, com suas características e empreendedorismo. Quando eu assumi o CIC, foi algo muito desafiador e uma grande honra. Não medi esforços para me dedicar ao projeto que o CIC-BG necessitava.  Quando assumi existia um chamamento para que a sociedade reavaliasse as questões políticas que estávamos vivenciando, com períodos conturbados politicamente. Não me furtei de trazer o debate político à sociedade, tentando comprometer mais a classe empresarial e acredito que isso é uma marca que eu quis imprimir dentro do CIC:  mais diálogo na parte politica dentro das nossas classes.

Maior realização na Gestão

A possibilidade de negociarmos o passivo que colocava o resgate da Fenavinho inviável. Nós trabalhamos muito, dialogando com uma série de Poderes, até que pudéssemos chegar a valores viáveis para o resgate. Mobilizamos credores, nunca pedi tanta ajuda para alguém como para essa questão do retorno da Fenavinho, e hoje é uma bandeira que está livre para ser realizada novamente sempre que a comunidade entender que seja importante.  E também, o diálogo do tema político, que era algo maculado, negado, e fui fora da curva em trazer isso para dentro da casa, com provocações positivas para qualificarmos a política regional.

Desenvolvimento Regional

Nosso povo tem um poder fantástico de empreendedorismo, de vencer na vida.  A iniciativa privada se desenvolve muito bem, mas precisamos de questões que envolvem o Poder Público para andar, pois temos deficiências enormes. Falo isso em questão de infraestrutura rodoviária, internet nos interiores e saneamento básico que está em segundo plano, mas deveria ser o principal ponto de preocupação para todos nós.

Desenvolvimento de Bento

Bento não pode ser considerado uma ilha, ela faz parte de um ecossistema maior que é a Serra Gaúcha. Toda a infraestrutura rodoviária que teremos no município vai melhorar e potencializar o turismo de Bento e de cidades menores. Tendo uma bela estrutura que faça as ligações da rodovia do município, acaba sendo um benefício para o entorno. Têm algumas demandas que não podem ser tratadas só a nível municipal, pois teremos mais potencialidade e ganho pensando em nível macrorregional.

Nossas necessidades básicas

Bento precisa de um verdadeiro plano de desenvolvimento, pensar onde quer desenvolver e crescer e depois fazer um planejamento para isso. Nossa sociedade é capacitada, por isso acredito que podemos muito mais. Há o Bento + 20 que é uma grande luz, um apoio para o Executivo se pautar, dando um excelente norte para os governos municipais. Plano de município e não de governo.

Relações das Lideranças Regionais

Vivemos um período evolutivo, elevado no sentido de lideranças regionais. Hoje as pessoas estão mais abertas para somar forças em projetos positivos, sem vaidades. Estamos atravessando um período fantástico e agora só deve melhorar.

União de esforços

O CICS Serra está muito focado em termos de rodovias e segurança, para que se tenha o prazer de andar de carro.  A nossa bandeira está focada em batermos as portas e sermos ouvidos, para que possamos ter rodovias decentes, mesmo que essa possibilidade nos exija as concessões. Nosso ponto prioritário é a estrutura rodoviária, porém, entendemos que a nossa região já teve uma potencialidade em ferrovias, que hoje está abandonada. Pensamos que esse modal logístico também é importante para uma região industrializada como a nossa. Por exemplo, poderíamos ter uma ligação que nos atendesse, tanto para Bento como Caxias. Seria interessante termos esse ramal ferroviário na região da Serra.

Fenavinho

Fórmulas prontas não existem, na verdade temos que ter a sabedoria de identificar qual é a fórmula para aquele dado momento. Vejo que a Fenavinho precisa, primeiramente, um suporte e uma estruturação, ela tem que crescer e se transformar viável sozinha. Pode ser amparada por algum outro evento, porém, vejo o futuro da Fenavinho com um desenvolvimento estratosférico. Em tempos normais, sem pandemia, dentro de poucas edições vai ser a principal festa popular do Brasil.  A médio e longo prazo, ela terá vida própria. Aprendemos com a Fenachamp e Wine South América, alguns pontos importantes que podem levar a Fenavinho a ser independente. Acredito que em 2022 ela deve ser lançada com a ExpoBento, mas depois já pode ter vida própria. Obviamente que o atual Presidente do CIC-BG, Rogério Capoani, juntamente com sua equipe, o Diretor Geral da ExpoBento Gilberto Durante e o Coordenador Geral da Fenavinho Roberto Cainelli Junior, já estão planejando como deverá ser.

Duplicação das Rodovias na Região da Serra

Temos o processo inicial de três anos que foi visto pelo Governo do Estado, com a necessidade da duplicação da RS-122, de São Vendelino até Farroupilha. Porém, a partir dessa iniciativa, nos mobilizamos como entidades e fomos até o Governo Estadual para fazer uma amplitude nessa visão. Propomos que o pacote de melhoria e de concessão fossem ampliados para a RS-446, de São Vendelino até Carlos Barbosa, onde se transforma em BR-470, e também a RS-453, que inicia no trevo dos caminhões e vai até Farroupilha. Para essas três rodovias estaduais, chamamos de Anel Viário. A partir dai, estamos trabalhando junto ao governo que seja feito um lote de concessões, onde as três rodovias sejam concedidas à iniciativa privada, que sejam duplicadas e feitas as obras de intervenções, túneis e viadutos necessários.

A nossa mobilização entende que pelo volume de tráfego diário, o mais importante dessas três rodovias seja o inicio das obras pela RS-453, de Garibaldi a Farroupilha. Posteriormente, a ideia é que se faça pela RS-122 e depois a RS- 446.  Teremos nos próximos 30 dias as consultas e audiências pública depois, haverá o processo de edital de licitação e o leilão, que deverá ser em novembro. Se tudo ocorrer bem, a assinatura da concessão do contrato com a empresa vencedora será em maio de 2022. No contrato está estabelecido que a empresa vencedora terá dois anos para fazer pequenos reparos. Após, será implantado o inicio de cobrança de pedágio, e no quinto ano é que se cumpre a meta de duplicação de um dos trechos.   O Governo ainda está definindo onde serão postas as cancelas de pedágios, mas está previsto duas na subida da serra. Não haverá pedagiamento no trecho entre Garibaldi e Caxias.  O importante é que se encontre algo justo e coerente para a população, com estradas que possam salvar vidas. É extremamente importante que tenhamos segurança ao trafegar nas rodovias, com qualidade de trabalho menos estressante para quem passa diariamente nas estradas.