De forma a atender a um pedido de artesãos de rua de Bento Gonçalves, feito há mais de dez anos, as Casas de Artesanato foram instaladas na praça Dr. Bartholomeu Tachini, no centro da cidade. Ao todo são cinco artesãos que, segundo a prefeitura, são contemplados em Lei e os únicos que podem ocupar o espaço.

A iniciativa foi idealizada por meio de uma medida mitigatória das obras no novo complexo Piazza Salton. “Por se tratar de um empreendimento de grande porte, além de preservar todo o sítio histórico da antiga Salton, foi solicitado ao empreendedor algumas melhorias, dentre elas as casas dos artesãos, a casa da “mulher do churros”, a reforma de todas as esquadrias do Museu, entre outras melhorias”, esclarece a diretora Adjunta do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ipurb), Melissa Bertoletti Gauer.

A concepção das casas foi elaborada pelo Instituto. De acordo com Melissa, para elaboração do projeto foram utilizados os critérios de referência às casas da Via Del Vino, e aprovado pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural. O material é madeira tratada e pintada de acordo com as casas da Praça.

Em contrapartida, os artesãos têm o compromisso de ser agentes de cultura e turismo, prestando informações turísticas à comunidade e aos visitantes, bem como na preservação ambiental do entorno da praça e colaborar no desenvolvimento de ações de qualificação do roteiro cultural e turístico. A presidente da Associação, Juçania Mezzalira, celebra a conquista que veio após muitos anos de esforço. “Começamos expondo nossas artes no chão com restrição de horários e com muita discriminação. Passamos essa fase e conquistamos nossas bancas. Aí começamos a ser reconhecidos como artistas, criamos nossa associação para termos organização e melhoria na apresentação do nosso trabalho. Passamos 15 anos de bastante trabalho e persistência para que tivéssemos o nosso projeto das casinhas fixas realizado, assim tendo nosso trabalho valorizado, livre de passar pelos imprevistos do tempo e também da nossa própria segurança e melhoria da imagem da praça da cidade. Estamos muito gratos por realizarem nosso sonho de tantos anos”, sublinha.

Passamos 15 anos de bastante trabalho e persistência para que tivéssemos o nosso projeto das casinhas fixas realizado.

Juçania Mezzalira, presidente da Associação dos Artesãos de Rua

O que achou da instalação dos quiosques na praça?

“Deveria ser turístico, é o que Bento Gonçalves é, isso não é nada turístico. Não tem nada a ver com Bento, com a igreja. Estava melhor sem ou deveria modificar então, algo com cacho de uva, pipa, com colonização”. Selvino José Francikivcz, 53 anos, padeiro
“Achei bonito, bem legal. Pelo menos eles não vão ficar na chuva, no frio. Ficou melhor do que antes, esteticamente”. Tatiane Pereira, 30 anos, desempregada
“Bem bonito, gostei. É uma forma boa de trazer os autônomos aqui para o centro, que tem bastante movimento”. Norberto Junior, 21 anos, vendedor
“Para os artesãos, foi ótimo, maravilhoso, porque em tempos de frio e chuva, agora no inverno para ficarem aqui exposto é ruim para a saúde. Assim também tem uma outra visão para a cidade. Está excelente, foi a melhor coisa que fizeram. Também para os visitantes que vem para cá, ficou algo mais organizado, chama a atenção”. Elis Franceschi, 49 anos, diarista
“Se o objetivo é ajudar as pessoas que trabalham com artesanato, no meu ponto de vista deveria ter um lugar próprio para isso, pois aqui é uma praça, onde o pessoal ficava, e agora parece ‘barracos de cigano”. Acho que tudo que vem ao município para arrecadar, é importante, mas tem que ter mais coerência com o que se faz, pois tem coisas que ficam muito chamativas. É dinheiro investido, tem que ser discutido melhor”. Levino Martins de Quadro, 57 anos, construtor
“Ficou uma maravilha. O pessoal do artesanato precisava disso há tempo, ficavam embaixo de sol e chuva, frio e calor. Então, isso é necessário para que se tenha acomodação por parte dos vendedores e também ficou bacana, um espaço mais moderno no centro da cidade. Quem teve a iniciativa, certamente está de parabéns”. José da Silva, 35 anos, vigilante
“Achei muito bonito para a parte turística, o pessoal não precisa estar na rua, se estorvam, dá complicação. Aqui cada um fica na sua casinha, achei ótimo”. José Iesen, 61 anos, porteiro
“Achei bem inoportuno, pois não tem como utilizar agora com essa pandemia, acho que só está atrapalhando e ocupando espaço. O único lado bom é para eles se protegem da chuva”.
Letícia Soliane de Mello, 16 anos, estudante
É bom por causa do trânsito, a pessoa não precisa estar no ‘meio da rua’ para vender, e aqui agora está ótimo”. Valdes Teles Ribeiro, 54 anos, pedreiro

Fotos: Suellen Krieger