Hábitos relacionados ao frio, como maior permanência em espaços fechados e com pouca ventilação dos ambientes, facilitam a transmissão de microrganismos, principalmente vírus, Perspectiva é de que o aumento de internações continue
Os termômetros caíram nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Na última semana, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de frio intenso para a Serra Gaúcha e diversas áreas do Rio Grande do Sul. Com a queda das temperaturas, a hipotermia e as doenças respiratórias tornam-se grandes ameaças à saúde da população.
O clima frio facilita a disseminação de vírus causadores de infecções como gripe, resfriados e covid-19, já que as pessoas tendem a permanecer mais tempo em ambientes fechados e mal ventilados, aumentando a transmissão de agentes infecciosos.
Manter a vacinação em dia, especialmente contra gripe e pneumonia, é essencial para reduzir o risco de complicações respiratórias. Práticas simples como lavar as mãos com frequência e evitar tocar o rosto também ajudam a prevenir infecções.
Baixas temperaturas
O inverno rigoroso traz um inimigo silencioso e potencialmente letal: a hipotermia. Caracterizada pela redução da temperatura corporal abaixo dos 35°C, a hipotermia pode ocorrer rapidamente em condições de frio intenso, especialmente com ventos fortes e alta umidade. Os sintomas incluem palidez, tremores intensos e extremidades geladas. Febre, tosse, calafrios, dor de garganta, coriza e dor de cabeça são os sintomas mais presentes nas infecções respiratórias. A qualquer sinal de agravamento, as pessoas devem procurar atendimento. Algumas orientações que especialistas repassam incluem hidratação, aquecimento corporal, higienização das mãos e arejamento de ambientes.
Apesar de menos perceptível no frio, a desidratação pode ocorrer. Beber bastante água e evitar bebidas alcoólicas é importante, pois o álcool aumenta a perda de calor corporal. Vestir-se em camadas para reter o calor corporal, através do uso de roupas térmicas, casacos, luvas, gorros e cachecóis para proteger as extremidades, que perdem calor mais rapidamente.
Pessoas vulneráveis, como idosos, crianças e indivíduos com doenças crônicas, são mais suscetíveis à hipotermia e devem receber atenção especial durante períodos de frio intenso. Raquel Ruthes, médica da Força Nacional do SUS, alerta: “A indicação é manter os ambientes aquecidos, ingerir bebidas quentes e reduzir a exposição ao frio. Se a temperatura corporal não aumentar, busque ajuda médica imediatamente”.
A médica também destaca que pequenos cuidados fazem grande diferença ao lidar com o frio intenso. “Em tempos de frio rigoroso, a conscientização e a prevenção são aliadas para proteger a saúde e o bem-estar. Adotar medidas simples, mas eficazes, pode reduzir riscos e permitir enfrentar o inverno de forma mais segura e saudável”, conclui.
Aumento de internações
O Rio Grande do Sul registrou um aumento significativo nas hospitalizações e mortes causadas pela gripe no primeiro semestre de 2024. Segundo dados da Secretaria da Saúde (SES), houve um aumento de 37% nas internações e 22% nos óbitos em comparação ao mesmo período do ano passado.
Esses números são um alerta para que a população que ainda não se vacinou contra o vírus influenza procure as Unidades Básicas de Saúde (UBS) para receber a dose anual. Ainda há vacinas disponíveis em todos os municípios do Estado, destinadas à população a partir dos seis meses de idade.
A gripe é uma das doenças respiratórias com maior circulação nesta época do ano. Hábitos comuns durante o frio, como permanecer em espaços fechados e mal ventilados, facilitam a transmissão de microrganismos, principalmente vírus como o influenza. Dessa forma, a tendência é que os casos e óbitos relacionados à doença continuem aumentando.
A campanha anual contra a gripe influenza começou em março para os grupos prioritários, sendo ampliada em maio para a população em geral. No Rio Grande do Sul, foram aplicadas cerca de 2,6 milhões de doses este ano. A cobertura chegou a 46% entre os grupos de crianças, gestantes, puérperas, idosos com 60 anos ou mais e indígenas. A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é vacinar 90% desses grupos.
Em Bento Gonçalves, a taxa de ocupação do Hospital Tacchini no primeiro semestre do ano de 2023, ficou em 82,16%, se consideradas internações em todos os setores. Para se ter uma ideia, os meses de junho e julho, até o dia 10, de 2023, se somados, resultam em 1.389 internações.
Já no primeiro semestre de 2024, a média de ocupação da casa de saúde está em 87%. Entre junho e o dia 10 de julho do ano vigente, já foram contabilizadas cerca de 1.562 internações.
Além da vacinação, outras medidas preventivas também podem ajudar. A ventilação dos ambientes e o cuidado com pessoas sintomáticas são medidas que contribuem para a redução da contaminação.