Com o aumento da expectativa de vida do povo brasileiro, as neoplasias vêm ganhando cada vez maior importância no perfil de mortalidade do país, ocupando um espaço bastante significativo como causa de óbito e configurando-se como um problema de saúde pública. Nesse contexto, entra em cena o Câncer de Cólon (colorretal), a segunda neoplasia que mais mata no sul e no sudeste.
No entanto, muitas dessas mortes poderiam ser evitadas. A coloproctologista e Especialista pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia, Dra. Leticia Gonçalves ressalta que o câncer do intestino pode ser prevenido e detectado precocemente, uma vez que na maioria das vezes os tumores evoluem a partir de lesões benignas, após um período de 5 a 7 anos.
“Qualquer pessoa com um sinal de alarme, como por exemplo, um sangramento pelo ânus, precisa realizar um exame clínico. Toda dor diferente, localizada na parte de baixo do abdomen deve ser investigada. E, em geral, todas as pessoas acima de 50 anos devem realizar o exame de colonoscopia, repetindo em um intervalo a ser definido de acordo com os resultados do exame.”, justifica Leticia.
A Dra. lembra que quem tem história familiar com a doença, os cuidados devem ser redobrados. “Com casos de câncer colorretal na família, é indicado iniciar a realização de colonoscopia a partir dos 40 anos, e repeti-lo pelo menos a cada cinco anos”, afirma.

Sintomas

Quando se manifesta, o tumor já é razoavelmente grande porque, na fase inicial, costuma ser assintomático, ou seja, que não exibe sintomas. De acordo com a Dra. Leticia, dependendo da localização, os sintomas são diferentes. “Se estiver situado do lado direito do intestino, os principais são enfraquecimento e anemia. Se estiver do lado esquerdo, há alteração do ritmo intestinal. No reto, o principal sintoma é o sangramento”, explica.
O câncer de intestino é um câncer traiçoeiro, então Letícia alerta, “qualquer alteração no ritmo intestinal, constipação, diarreia, anemia, sangue ou catarro nas fezes e emagrecimento são indícios de que a pessoa pode estar com a doença”.

Fatores de risco

Estão ligados a doença a ingestão de gorduras saturadas, cigarro, álcool e o consumo de carne vermelha. Dra. Leticia salienta que se deve consumir apenas 500g de carne vermelha por semana.

Prevenção

Assim como métodos preventivos para outros tipos de câncer, é interessante que as pessoas tenham sempre hábitos de vida saudáveis, com alimentação rica em frutas, verduras, cereais integrais e exercícios físicos.
Os alimentos ricos em fibras protegem o intestino porque facilitam a evacuação, aceleram o trânsito intestinal e diminuem o tempo de contato das substâncias carcinógenas (que levam a formação de câncer) com a parede do intestino.
A reflexão sobre o seu estilo de vida é sempre uma forma de prevenir qualquer doença, pois ao buscar equilíbrio, você certamente atingirá uma vida saudável.

Dicas de prevenção

– Praticar exercícios físicos regularmente;
– Não fumar;
– Não ingerir bebidas alcoólicas;
– Não ingerir alimentos defumados, enlatados ou embutidos;
– Não ingerir alimentos com corantes ou conservantes;
– Ingerir alimentos ricos em vitamina C e E
– Dieta rica em fibras e com pouca gordura de origem animal.

O exame de Colonoscopia

É um exame invasivo, realizado por um aparelho de fibra ótica, longo (180 cm) e flexível que é introduzido através do ânus e permite a visualização completa do reto e do cólon. Essa visualização ocorre através de uma câmera inserida na extremidade do colonoscópio, cuja imagem é enviada para um monitor, permitindo assim, a análise simultânea do interior do cólon.
O equipamento também permite a inserção de outros instrumentos especiais para a remoção de possíveis pólipos ou biópsias. O exame é feito sob sedação e analgesia. Ele também permite que o médico examine detalhadamente o cólon.
Para a Dra. Leticia, o exame de colonoscopia deveria ser incluído nos exames de rotina. “É preciso ter mais atenção com essa doença, que é a 2ª neoplasia que mais mata a nossa população. Os pacientes devem solicitar ao seu clínico o encaminhamento para fazer o exame de prevenção.”

Tratamento

O tratamento depende do estágio em que a doença é diagnosticada. Após o diagnóstico, exames de estadiamento permitem definir a extensão da doença e são fundamentais para a programação do melhor tratamento.
O tratamento em linhas gerais é multidisciplinar, e envolve o cirurgião, o oncologista clínico e o radioterapeuta em casos de câncer de reto. O pilar do tratamento do câncer de Colón é a cirurgia, e em alguns casos é complementado por quimioterapia pós-operatória (adjuvante).
No caso do câncer de reto pode ser necessária a utilização de radioterapia associada à quimioterapia, e muitas vezes este tratamento é realizado antes da cirurgia. Em casos de câncer de Colón ou reto avançado (metastático) a quimioterapia (tratamento sistêmico) tem um papel fundamental. Em algumas situações, a ressecção de metástases (hepáticas ou pulmonares, por exemplo) também é indicada.
A especialista Dra. Letícia Gonçalves lembra que o diagnóstico precoce do câncer colorretal, assim como de outros cânceres e outras doenças, é muito importante, pois quando localizado na fase inicial, as chances de cura são muito maiores.