Na última sexta-feira, em menos de 24h, RS registrou feminicídios em Feliz, Parobé, São Gabriel, Bento Gonçalves, Viamão e Santa Cruz do Sul
Os seis casos de feminicídios registrados na última sexta-feira no Rio Grande do Sul causaram repercussões na sociedade. Em menos de 24 horas, mulheres foram assassinadas em Feliz, Parobé, São Gabriel, Bento Gonçalves, Viamão e Santa Cruz do Sul. Como forma de resposta aos acontecimentos recentes, a Polícia Civil vai antecipar o lançamento de uma plataforma que já vinha sendo desenvolvida para permitir o pedido de medidas protetivas de forma online.
De acordo com o chefe de Polícia do RS, delegado Fernando Sodré, a plataforma envolverá ainda outros órgãos, como o Tribunal de Justiça do RS (TJRS) e o Ministério Público do RS (MPRS). “Por coincidência ou não, é um trabalho que já vinha sendo desenvolvido há bastante tempo, antes desses seis feminicídios. O sistema ficou pronto praticamente na semana passada. Nós fizemos uma grande reunião com todos os delegados regionais e diretores de departamento para alinhar essa questão e poder implementar o sistema”, afirmou.
O próximo passo agora é alinhar junto à Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) e com o Governo do Estado. Uma reunião deverá ser realizada nos próximos dias para definir a partir de qual dia a plataforma online entrará em operação, a partir do site da Delegacia de Polícia Online da Mulher. No endereço virtual, a vítima também encontrará todos os detalhes com o passo a passo para fazer o registro da ocorrência e o pedido da medida protetiva de forma online.
“Tivemos que coordenar plataformas de sistema de registro e mais uma parte operacional dentro da Polícia Civil. Quando a mulher for fazer o registro online, em qualquer um dos 497 municípios do RS, ele vai entrar no nosso sistema e nós vamos encaminhar para a delegacia regional daquela cidade e também para a comarca correspondente. Então ele gera uma série de articulações que já vinham sendo trabalhadas”, explicou o chefe de Polícia.
Ainda segundo o delegado Sodré, nenhuma das seis vítimas de feminicídios registrados na última sexta-feira tinha medida protetiva contra os suspeitos. “Por isso esse sistema online vai permitir que as mulheres que se sentem amedrontadas façam o registro, seja pelo celular ou pelo computador. Tomando conhecimento do agressor, a polícia ou um oficial de Justiça poderá agir”, completou.
Sobre os seis feminicídios, Sodré lamentou as mortes e apontou a violência de gênero como possível motivação para os crimes. “É difícil buscar uma explicação para isso. Vamos trabalhar para tentar ver se existe algum elo entre esses casos, mas o único que fica claro é que ainda existe pensamento de um machismo estruturado, de uma certa misoginia, que mata, infelizmente. E que o homem entende que tem controle ou decisão sobre a vida da mulher quando o relacionamento não dá certo”, salientou.
Fonte: Correio do Povo