A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a comercialização da primeira insulina inalável do Brasil. A resolução que concede o registro ao produto foi aprovada na última quinta-feira, 30 de maio e publicada nesta segunda-feira, 3 de junho, no Diário Oficial da União.
A nova insulina é comercializada em pó, em cartuchos com três tipos de dosagem. A utilização será feita pelo paciente com diabetes por meio de um inalador – nele, é encaixado um cartucho para que o pó seja aspirado. A substância é levada ao pulmão e absorvida pela corrente sanguínea, para reduzir os níveis de glicemia.
Ao longo dos anos, as formulações de insulina evoluíram, mas o método de administração permaneceu inalterado – o paciente, até esta aprovação, administrava suas doses de forma subcutânea, por meio de bombas ou agulhas, conforme indicação do médico. Porém, a insulina inalável é uma forma de tratamento com tecnologia avançada, que tem ação ultrarrápida.
De acordo com o Dr. Freddy Eliaschewitz, assessor científico da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a insulina inalável tem um perfil de ação único e muito mais rápido do que a insulina administrada de forma subcutânea. “Mesmo a mais rápida das insulinas começará a agir, até ser absorvida pela pele, dentro de meia hora ou quarenta minutos, e seu efeito terá duração de 4 ou 5 horas. A insulina inalável é absorvida rapidamente pela corrente sanguínea e começa a agir em 10 minutos, com pico de ação em 15 minutos, e um efeito que dura de 2 a 3 horas”, comenta.
O efeito é o mais semelhante ao do pâncreas de um ser humano sem diabetes, porém, o desenvolvimento desse tipo de insulina é desafiador e custoso. “Até então, os inaladores que conhecíamos só eram capazes de levar partículas até os brônquios, mas, no caso da insulina, ela precisaria chegar ao alvéolo. Também é necessário que a partícula tenha exatamente entre 1 e 3 mg. Se ela for mais pesada que isso, pode ser depositada na boca. Se for mais leve, pode ser eliminada na expiração. Dessa forma, ela nunca ficaria depositada onde deveria para ter o efeito correto no organismo”, explica.
Há, porém, algumas contraindicações: pacientes om problemas pulmonares pacientes com asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e fibrose pulmonar, além de fumantes, não podem utilizar a insulina. De acordo com Eliaschewitz, a absorção pelo pulmão nesses pacientes pode não ser a adequada e a utilização da insulina pode deflagrar crises de asma. O uso também não é recomendado a menores de 18 anos, já que o produto não foi estudado em pacientes desta faixa etária.
Sobre a SBD
Filiada à International Diabetes Federation (IDF), a Sociedade Brasileira de Diabetes é uma associação civil sem fins lucrativos, fundada em dezembro de 1970, que trabalha para disseminar conhecimento técnico-científico sobre prevenção e tratamento adequado do diabetes, conscientizando a população a respeito da doença e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Também colabora com o Estado na formulação e execução de políticas públicas voltadas à atenção correta dos pacientes, visando a redução significativa da doença no Brasil.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Foto: Afrezza / Reprodução