Realizar a leitura de rótulos é primordial para saber se o alimento consumido faz bem para a saúde, ou não

Mais importante do que o sabor dos alimentos, é saber quais ingredientes ele contém. Isto porque, por mais saboroso que ele possa ser, pode fazer mal para a saúde. Desde 2001, o rótulo com informações nutricionais é obrigatório em qualquer produto regulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A coordenadora dos cursos de Tecnologia em Gestão da Qualidade e em Gestão da Produção Industrial da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Luciani Tatsch Piemolini Barreto, afirma que, obrigatoriamente, os rótulos de alimentos devem conter denominação de venda do produto, lista de ingrediente, aditivos alimentares, identificação da origem, do lote, prazo de validade, conteúdo líquido, orientações quanto ao modo de preparo e uso do produto, quando necessário, cuidados para correta conservação do alimento, tabela de informações nutricionais, assim como a informação de conter lactose, glúten e alergênicos com finalidade de evitar danos ao consumidor. “Novas normas sobre rotulagem nutricional entram em vigor em outubro de 2022 com o objetivo de auxiliar o consumidor a realizar escolhas alimentares mais conscientes mediante a uma melhor compreensão das informações nutricionais presentes nos rótulos dos alimentos”, realça.

Luciani ressalta também que a rotulagem é a forma de comunicação entre os produtos e os consumidores, por isso existe a obrigatoriedade de que os rótulos tenham todos os dados necessários. “Visando garantir a qualidade dos produtos alimentícios, bem como a saúde do consumidor, a Anvisa estabelece as informações que devem constar nos rótulos. Essas regras são importantes para que as indústrias forneçam à população informações. Os produtos de origem animal também possuem regras a serem seguidas de acordo com o órgão competente”, frisa.

egundo a nutricionista Franciele Valduga, a leitura dos rótulos dos alimentos é uma importante fonte de informação sobre o que está sendo consumido. “É nele que encontramos os ingredientes, data de validade e informação nutricional de determinado alimento. Ler ajuda a ter consciência e manter uma alimentação saudável, pois permite fazer boas escolhas desde o momento da compra no supermercado até a hora do consumo, durante as refeições”, destaca.

Franciele também dá dicas sobre como se deve realizar a leitura dos rótulos. “Primeiro vá até a lista de ingredientes. Ela é elaborada em ordem decrescente de composição, ou seja, o primeiro ingrediente mencionado é aquele presente em maior quantidade no produto. Ao final da lista aparecem os aditivos, citados seguindo a mesma regra. Quanto menos tiver, mais natural ou saudável é o alimento”, sublinha.

Na tabela de informação nutricional, é imprescindível ficar de olho na composição por porção de nutrientes como açúcares, sódio, gordura trans, gordura saturada. “A proporção desses nutrientes deve ser pequena, visto que não são muito saudáveis. É importante lembrar que o rótulo menciona os teores dos nutrientes de acordo com a porção, informada na tabela nutricional, que costuma ser um valor menor do que o conteúdo da embalagem”, ressalta a nutricionista.

Gorduras trans

Um dos ingredientes que mais são conhecidos e que deve ser analisado nos rótulos são as gorduras Trans. A profissional salienta que elas são um tipo específico de gordura formada por um processo de hidrogenação natural (ocorrido no rúmen dos animais) ou industrial. “Estão presentes principalmente nos alimentos industrializados. Os de origem animal, como a carne e o leite, possuem pequenas quantidades dessas gorduras”, exemplifica.

Segundo Franciele, o ingrediente é utilizado para melhorar a consistência dos alimentos e aumentar a vida de prateleira de alguns produtos. “O consumo excessivo de itens ricos em gorduras trans pode causar aumento do colesterol total, do colesterol ruim (LDL) e redução dos níveis de colesterol bom (HDL). É importante lembrar que não há informação disponível que mostre benefícios à saúde a partir do consumo desse ingrediente”, realça.

Os alimentos que devem causar mais preocupação, de acordo com Franciele, são os industrializados. “Como sorvetes; batatas fritas; salgadinhos de pacote; pastelarias; bolos; biscoitos; entre outros, bem como as gorduras hidrogenadas e margarinas, e os alimentos preparados com estes ingredientes”, pontua.

O valor das gorduras trans é declarado em gramas presentes por porção do alimento no rótulo, número que deve ser o menor. “A porcentagem do Valor Diário de Ingestão (%VD) é declarada porque não existe requerimento para a ingestão destas gorduras, ou seja, não existe um valor que deva ser ingerido diariamente. A recomendação é que seja consumido o mínimo possível”, esclarece.

A nutricionista recomenda, ainda, que não sejam consumidos mais que dois gramas dessa substância por dia. “É importante também verificar a lista de ingredientes do alimento. Através dela é possível identificar a adição de gorduras hidrogenadas durante o processo de fabricação”, acrescenta.

Como ler nomes incomuns para os consumidores?, por Luciani Barreto

Ingredientes: entram nessa composição com a função específica de nutrir

Aditivos alimentares: são ingredientes adicionados com funções tecnológicas específicas (antioxidante; corante; conservador; edulcorante; aromatizante; acidulante entre outras). A Anvisa estabelece quais são os aditivos permitidos para as diferentes categorias de alimentos, bem como funções e limites máximos de uso, visando obter o seu efeito tecnológico sem oferecer risco à saúde humana. Com códigos específicos e uma nomenclatura pouco usual para a maioria dos consumidores, os aditivos não são facilmente reconhecidos pelas pessoas. Para declarar no rótulo os aditivos utilizados, é informada a função do aditivo, além do seu nome ou o seu código INS (Sistema Internacional de Numeração), por exemplo, se na lista de ingredientes, a expressão “conservante ácido sórbico” ou “conservante INS 200” significam a mesma coisa, ou seja, é um aditivo com função de conservar, aumentando sua vida de prateleira.

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