Instituição está há uma década proporcionando alegria e inclusão na vida dos pacientes. Atualmente, integrantes da instituição podem participar dos treinos de xadrez e tênis de mesa nas quartas e sextas

Que praticar exercícios regularmente faz bem para a saúde e resolve uma série de problemas, isso todo mundo sabe. Pelos benefícios que a prática tem, ela não deve ser limitada, mesmo para quem tem algum tipo de deficiência. Pensando nisso, a Associação de Deficientes Físicos de Bento Gonçalves (ADEF), há dez anos, criou o Projeto Tênis de Mesa Paralímpico e mais recentemente, o xadrez.

Segundo a coordenadora da entidade, a assistente social Andressa Ben, o esporte adaptado às PCDs possibilita a descoberta de inúmeras potencialidades. “Aumenta a autonomia para atividades de vida diária, melhora a autoestima, o humor, possibilita a redução dos sintomas de ansiedade e até mesmo de depressão, promove a socialização, a inclusão social, o pertencimento e o fortalecimento de vínculos sociais e familiares, visto que a proposta é estendida aos familiares dos pacientes”, destaca e ainda ressalta. “Para as pessoas com deficiência, é possível praticar qualquer esporte, sempre respeitando as diferenças e realizando algumas adaptações para que seja confortável e seguro”, explica.

Os encontros são semanais e feitos todas quartas e sextas-feiras, com seu início às 13h45min até às 15h15min. A assistente social menciona que a prática do esporte pode auxiliar na melhora dos pacientes. “Para além, a atividade física direcionada favorece a reabilitação neurofuncional, aumenta a força muscular, a resistência, coordenação motora, equilíbrio, flexibilidade e agilidade. Ainda possibilita redescobrirem suas possibilidades e potencialidades, além de prevenir algum adoecimento secundário da deficiência, promove a integração social. O esporte viabiliza aos pacientes compreenderem que, apesar das limitações, é possível ter uma vida saudável, beneficiando corpo e mente”, diz.

Os esportes como o xadrez e o tênis de mesa, possibilitam aos pacientes o exercício das suas funções executivas de planejamento, associação das regras e condutas do jogo, associação ao jogo do adversário, concentração, memória, atenção, controle de impulsos e a iniciativa. Auxiliando, também, na socialização entre eles. “A interação social está presente entre os indivíduos, enquanto praticam a modalidade, contribuindo, portanto, para o seu desenvolvimento. A socialização possibilita o contato com seus pares para além do âmbito familiar, auxilia no aumento da autoestima e a independização das PCD. Além da oportunidade de eles reconhecerem sua importância para a sociedade, bem como de a sociedade compreender que, mesmo diante dos desafios impostos a estes pacientes, lhes é de direito conviver em qualquer espaço”, pontua.

A prática esportiva pode ser ofertada para diferentes tipos de deficiência, na ADEF, é trabalhado especificamente com deficiência física e neurológica associada, em sua maioria pacientes com prejuízo cognitivo. Segundo Andressa, o esporte é adaptado para o determinado paciente. “Na associação as práticas de tênis de mesa e xadrez são adaptadas às necessidades individuais dos pacientes, respeitando suas restrições, seu tempo, seu nível de compreensão e seus limites”, explica. A assistente social completa ainda que a profissional responsável é uma das peças chaves para o sucesso do projeto. “A educadora física Carla Pess, que acompanha e orienta os pacientes possui um vasto conhecimento na área, adaptando os esportes às potencialidades de cada um. Importa destacar que é comum, entre os pacientes, a ajuda com quem tem maiores dificuldades. É visível e admirável a relação de empatia entre eles”, expõe.

Segundo a coordenadora, para que as PCDs acessem as práticas esportivas é fundamental que se reduzam as barreiras que dificultam ou inviabilizam a participação plena de quem deseja praticar. “No esporte não há defeitos, há diferentes oportunidades de vitória. Há inúmeras modalidades que podem ser adaptados às necessidades das PCD, porém é fundamental buscar um profissional capacitado para o esporte ofertado, pois este terá condições de lidar com as restrições e potencializar a capacidade de cada indivíduo, proporcionando que evolua, bem como em muitos aspectos de sua vida. Para isso acontecer é fundamental que se reduzam as barreiras que dificultam a participação plena de quem deseja praticar, e é nesta frente que a ADEF trabalha”, conta.

Os encontros sempre são cheios de brincadeiras, sorrisos e amizades, mostrando aos pacientes um ambiente além do familiar. “O senso de pertencimento é um aspecto muito importe e comum entre os eles. Para além do esporte, estar num ambiente além do convívio familiar proporciona uma maior autonomia, visto que a maioria vem desacompanhados do familiares. Na Adef, são eles que conduzem sua vida, suas escolhas, com igualdade de condições, aqui são possíveis romper barreiras! Observamos que muitos pacientes que executam a prática esportiva na instituição, levam o esporte para suas comunidades, promovendo, inclusive, torneios”, mostra.

Buscando promover ainda mais o esporte para os pacientes a associação possui um novo planejamento para que possam ser feitas disputas entre eles. “Nossa proposta é que os pacientes possam participar de torneios que envolvam as práticas esportivas ofertadas pela entidade, na comunidade. Participamos, há três anos, do torneio estadual de tênis de mesa que é promovido aqui no município, além disso há um projeto para que possamos promover provas na Associação. Neste ano, nossos pacientes participarão pela primeira vez de um torneio de xadrez no mês de setembro”, conta.

A Associação gostaria de aumentar ainda mais as práticas esportivas a serem ofertadas, mas devido a demanda, esses planos irão ficar para mais adiante. “Existem muitas ideias, porém, diante da crescente demanda de pacientes neurológicos em reabilitação, foi necessário diminuir o espaço recreativo para a construção de novas salas de atendimento nas áreas de fonoaudiologia e terapia ocupacional, bem como uma sala com recursos sensoriais voltados para à saúde das PCD. No entanto, se houver a possibilidade do aumento da parte construída, será possível ofertar outras práticas esportivas para os pacientes”, diz Andressa.

Como o projeto é de cunho social e sem fins lucrativos Andressa agradece a quem ajudou isso ser viável. “Tudo foi possível graças aos recursos repassados pelo Poder Público”, finaliza.