Os insetos polinizadores são responsáveis pela reprodução de diversas plantas

A vida das abelhas é crucial para o planeta e para o equilíbrio dos ecossistemas, já que, na busca do pólen, sua refeição, estes insetos polinizam plantações de frutas, legumes e grãos. Essa ação é indispensável, pois é através dela que cerca de 80% das plantas se reproduzem.

O conhecimento das espécies nativas, de seus hábitos e de seu lugar no complexo do equilíbrio ambiental, contribui com as condições de vida no planeta definindo, também, a qualidade de vida da espécie humana. Desde a antiguidade, o mel é usado tanto como alimento, quanto como medicamento. O alimento possui inúmeras propriedades que proporcionam equilíbrio ao organismo. Além do mel, as abelhas produzem geleia real, própolis, cera, apitoxina e pólen.

A bióloga Andreia Celso destaca os riscos que elas estão correndo e que podem afetar a todos. “As abelhas estão desaparecendo do planeta, algumas espécies já estão sob risco de extinção. O cenário é tão grave que organizações como a ONU (Organização das Nações Unidas) já alertam para os riscos de escassez de alimentos por conta da mortalidade em massa de insetos polinizadores”, revela.

As abelhas também contribuem enormemente para a manutenção das florestas. “Se elas forem extintas, a reprodução de plantas silvestres ficará comprometida, porque mais de 90% das espécies de vegetação tropical com flores e cerca de 78% em zonas temperadas dependem da polinização desses insetos”, afirma.

No Rio Grande do Sul, há algumas espécies sem ferrão já presentes na lista das ameaçadas de extinção. De acordo com Andreia, por serem organismos sensíveis, elas sofrem com agricultura intensiva, defensivos agrícolas, poluição, introdução de espécies invasoras e alterações climáticas. “As abelhas estão desaparecendo por causa de uma variedade de fatores, como a ação humana, pesticidas e doenças, por isso que diversas organizações já começaram a agir, com o objetivo de conscientizar as pessoas a fazerem sua parte, mas também na tentativa de proibir vários produtos químicos”, ressalta.

Além disso, uma das ameaças às abelhas é a redução do ambiente em que vivem. Com isso, a bióloga sugere à população a realizarem algumas ações. “Todos nós podemos ajudá-las em espaços urbanos, criando mais jardins, áreas verdes e corredores de habitat com plantas ricas em néctar, como as flores silvestres. Evite usar pesticidas e, se precisar tratar suas plantações, escolha opções orgânicas e pulverize à noite, já que os polinizadores são menos ativos naquele momento. Plante árvores, as abelhas obtêm a maior parte de seu néctar delas e não são apenas uma excelente fonte de comida, mas um ótimo lugar para que elas vivam saudáveis e felizes”, pede.

Segundo Andreia, para cuidar também é bom conhecê-las. “As abelhas sociais nativas do estado gaúcho distinguem-se das demais e são conhecidas como abelhas sem ferrão. Atualmente são mais de 400 espécies dessas abelhas, dentre elas, 21 com registros no RS”, conta.

Em caso de ataque coletivo desses insetos, a bióloga orienta a busca por atendimento médico. “As abelhas sem ferrão não atacam pessoas e animais, os acidentes mais comum são as ditas “abelhas africanizadas”. Quando estiver frente a frente com uma colmeia, saia de perto do ninho silenciosamente e faça movimentos lentos. Caso seja atacado, tente se proteger em locais fechados. Se a pessoa estiver em uma mata e passar entre os galhos das árvores, ela evita o trânsito das abelhas e acaba melhorando a situação, mas se for em um campo limpo, a dica é sempre sair o mais rápido possível. Se tiver um carro, entrar no carro. Se tiver uma casa, entrar na residência e fechar, imediatamente, a entrada das abelhas”, alerta.

A produção de mel

Entende-se por mel o produto alimentício produzido pelas abelhas, a partir do néctar das flores, das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores que ficam sobre a natureza, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colmeia.

As abelhas melíferas são responsáveis pela produção do mel e as áreas nas quais os apicultores colocam suas colmeias serão determinantes do tipo de alimento a ser produzido. “O mais comum no mercado é o denominado mel silvestre ou multifloral. Livremente, os insetos polinizadores visitam diferentes tipos de flores para a sua produção, por exemplo, floração de eucalipto, girassol, laranjeira, espécies nativas, entre outras”, menciona Andreia.

O agricultor e apicultor de Monte Belo do Sul, Roberto Brun, conta que a qualidade do mel é resultado da variedade de flores onde as operárias coletam o néctar e é uma fonte de energia. “Possui função de adoçante natural e estudos têm mostrado que a composição dele o torna um produto com atividade antimicrobiana, promotor da cicatrização de ferimentos e protetor de doenças gastrointestinais. Também possui propriedades antioxidante e prebiótica, os benefícios são tantos. Mas o brasileiro consome pouco, apenas 70 gramas por ano”, destaca.

Para o armazenamento, o ideal é deixá-lo em frasco bem fechado e guardado em local escuro, seco e fresco. “Além disso, o mel pode ser consumido cristalizado, sem nenhum tipo de problema. Caso se decida por descristalizar, basta aquecê-lo em banho-maria a uma temperatura controlada de 45ºC”, orienta.

A apicultura precisa ser realizada com os critérios de segurança conhecidos, desta maneira, oferece menos perigos que muitas outras profissões. O real problema é quando uma pessoa resolve manejar as abelhas sem conhecer a atividade. “As caixas têm que estar em um lugar afastado e longe da população. Quem vai fazer a retirada do mel e outras funções na colmeia, deve estar com a roupa adequada para não ser ferroado”, revela.

Brun reforça a importância das abelhas, fundamentais pela existência de sementes e frutas. “Podemos dizer que elas são responsáveis por uma a cada três colheradas de comida. Sem esses insetos polinizadores, não conseguiríamos viver por mais de sete anos. Vamos cuidar da nossa natureza e garantir um futuro para as próximas gerações”, conclui.