A magia do Natal não tem idade. Que outra explicação haveria para a nossa reportagem se deparar com duas turistas de 50 anos sentadas na poltrona do Bom Velhinho do Shopping Bento tirando diversas fotos e enviando para a família que reside na Itália? E elas não são as únicas. Bastou alguns minutos em frente ao Parquinho do Papai Noel no Shopping L’América para ver a fila gigantesca que esperava um homem barbudo, um tanto acima do peso e já com a aposentadoria garantida, que se esforça diariamente no mês de dezembro para manter vivo o sonho e magia dentro de cada um.

Danilo Bussoloto, Irineu Hunhoff e Noracílio Gil são os Bom Velhinhos que vão pela cidade levando balas, pirulitos e até brinquedos para os pequenos. Eles já perderam a conta de quantas crianças sentaram em seus colos, quantas pediram se a barba era de verdade e quantas sentiram medo. O que permeia o dia a dia dos senhores é a ingenuidade infantil e o quão sonhadora é a garotada de hoje em dia. “Eles tocam minha barriga, querem saber se há algo ali por baixo daquela roupa toda. ‘Mas você é de verdade mesmo?’, essa é a pergunta que eles mais me fazem”, lembra Bussoloto, o Bom Velhinho do Shopping L’America.
Hunhoff, segundo o que conta, perdeu as contas foi de quantos abraços e beijos deu e recebeu. Mas há uma coisa que ele lembra muito bem, quando a filha o incentivou a largar do serviço do campo e ir, entre novembro e dezembro, se dedicar às crianças. “Ela disse que eu tinha muito jeito com meus netos e com os pequenos em geral que moravam nas proximidades. Quando percebi já estava no Shopping Bento recebendo muito carinho”, comenta.

O reconhecimento e o amor são a recompensa para aqueles que passam dias e noites com roupas quentes. O desejo de um futuro próspero e cheio de alegrias faz parte da convivência desses Bons Velhinhos com a criançada. “É preciso sempre repetir: ‘seja educado com a mãe e o papai, que na noite do Natal eu vou lá e, enquanto tu estiver dormindo, deixo uma supresa, caso contrário, isso não vai acontecer’, assim conseguimos ajudar os pais na educação”, garante Bussoloto.

De uma calma invejável e com uma imaginação muito fértil, o Noel do L’América lembra que algumas perguntas marcaram sua trajetória durante os nove anos que atua como Bom Velhinho. “‘Papai Noel, onde o Sr. guarda as renas e seu trenó?’ Nessa hora tive que ser muito criativo, falei que elas ficavam descansando em um sítio bem distante. Como não vamos incentivar a imaginação desses pequenos seres?”, questiona Bussoloto.

A tecnologia avança e dentre os diversos pedidos que chegam até eles estão tablets, celulares, computadores, mas alguns tornam-se mais especiais por serem diferentes. “Às vezes vem alguém que toca o coração. Quando chegam até mim e pedem uma caixa de leite, por exemplo. Ninguém imagina a dor que é tu receber um pedido desses. Quando isso aconteceu eu tirei do meu bolso para dar a eles”, lembra Noracílio Gil, Papai Noel Voluntário.

A magia do Natal pode ser resumida, mesmo, no olhar de uma criança, no abraço do Papai Noel, no pedido de um presente e no sorriso inocente de cada um que passa pelos espaços destinados aos Bons Velhinhos. Para os pequenos, o encanto do Natal é escrever cartinha para o ‘bom velhinho’, esperar que ele escorregue pela chaminé e apareça no meio da noite com um brinquedo.
Já para os ‘grandinhos’ que não acreditam tanto assim no Papai Noel fica a missão de incentivar a fantasia. Na casa da família Carneiro o Papai Noel é um personagem presente durante todo o mês de dezembro e que só traz boas energias. “Essa pessoa vestida de vermelho, com uma barriga salienta e uma barba branca e comprida traz muitas lembranças da infância. Nos faz voltar no tempo em que não havia maldade no coração de ninguém e não queremos que nossa filha Sofia perca isso”, comenta a mãe Geovana. Além disso eles salientam a importância de incentivar a crença e a imaginação dos pequenos sobre o Bom Velhinho que não chega à casa das pessoas somente para trazer coisas materiais, mas também a união das famílias.

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