Sim, sei que estou insistindo muito nesse assunto. Mas, por favor, existe algo mais importante para qualquer ser humano do que sua própria saúde e de seus familiares e amigos? Pois é! Portanto, essa deveria ser uma preocupação constante de todos nós, não apenas de algumas pessoas ou de autoridades estaduais, municipais, federais ou de políticos e governantes. Dizer e teimar que “saúde é um direito de todos e dever do Estado” soa bem para fazer “média”, mas, na prática, o texto constitucional deveria ser “saúde é um direito de todos e obrigação igualmente de todos”. Por que tenho dito isso? Simples! Porque há milhares de pessoas em todo o Brasil que abusam, tripudiam, levam a saúde sem a menor seriedade. E quando digo “milhares” devo complementar com “quiçá, milhões” de pessoas. Os brasileiros não imaginam quantos procuram os serviços do SUS e, depois, não buscam os exames com os resultados e muito menos quantos procedimentos e consultas marcadas não são realizados porque os interessados simplesmente não comparecem. Aqui, em Bento Gonçalves, temos milhares de casos desses. No serviço de oftalmologia, cuja referência é Nova Prata e a Secretaria da Saúde disponibiliza transporte a todos, o não comparecimento chega a absurdos, inacreditáveis quase vinte por cento, só de janeiro a setembro. Não, você não entendeu mal. É vinte por cento, mesmo. São gastos, custos que ardem no bolso de todos nós e, o pior, deixam para trás pessoas que poderiam estar no lugar dos faltantes, dos ausentes. E não se diga que “não sabiam” porque a Secretaria da Saúde contata a todos os que têm consultas e procedimentos marcados em Nova Prata. Vale o mesmo para pessoas que fazem consultas com médicos e estes pedem exames complementares para diagnóstico, os interessados fazem os exames e, depois, não os procuram. Ficam lá quase quarenta por cento dos exames realizados – que custam caro para todos nós, pagantes de impostos – à espera de quem nunca mais os procuram. Pois, certamente, uma grande parte do dinheiro que está fazendo muita falta para o Sistema Único de Saúde – SUS – reside ali, sepultado pela falta de respeito de muitos para com todos os demais que precisam desses serviços. Tenho comentado, com frequência, que esse quadro tétrico de irresponsabilidade só pode ser mudado de uma forma. E, obviamente, não é a “conscientização. “É, sim, a cobrança pelos serviços do SUS de todos os usuários, mesmo que sejam valores meramente simbólicos. Comprovadamente, o que é de graça não é valorizado. Nem cafezinho de graça existe, imagine a saúde. Esta é cara. Caríssima! E não pode ficar comprometida também por inconsequência de muitos que usufruem do SUS. Neste sábado, na Coluna, comentarei mais a respeito. Inclusive sobre a representatividade e o controle social da saúde. A hora de agir é agora, enquanto a saúde pede socorro e nós podemos, ainda, socorrê-la.