A expansão do produto, que atingiu um maior número de agricultores não teve benefícios para a qualidade, pois em muitos casos, o vinho convivia com a falta de higiene e deficiências técnicas, fazendo com que o conceito do vinho gaúcho tivesse os primeiros problemas. A figura do negociante que surgiu na região a partir de 1880, foi em muitos casos o núcleo que deu origem a povoados, vilas e cidades de hoje. Este negociante trabalhava basicamente com o comércio de produtos suínos (salames, banha), queijos e manteiga, cereais e vinhos.

A vitivinicultura tomou impulso com a ligação ferroviária de Montenegro a Caxias do Sul, com isso, possibilitando expandir a área plantada e elevar a produção de vinho, que passou a ser transportado de trem até Porto Alegre. O trem chegou à Bento Gonçalves no ano de 1919.

O plantio de pequenos vinhedos da cada família era feito em terreno já cultivado, ou logo após o desmatamento, ainda com a superfície coberta de toras e tocos da floresta recém queimada. A fertilidade do solo virgem, a umidade e o sol quente do verão da serra, aliados ao vigor natural da videira Isabel, faziam as plantas se desenvolverem e crescerem, com seus longos galhos e enormes folhas. O colono, prazerosamente, vinha tendo o espelho de uma nova e promissora cultura para toda a região colonial italiana. E o tempo demonstrou que ele não havia se equivocado.

A fruticultura e as primeiras colheitas eram fartas e as videiras se desenvolviam sadias e vigorosas, a tal ponto que às vezes, em certos lugares, eram apanhados por geadas tardias e mesmo assim, voltavam a rebrotar com novos e vigorosos cachos de uvas.

O vinho era bem diferente daquele que os imigrantes estavam habituados na terra de origem e, embora deficiente, era muito gostoso. Foi utilizado de início, para consumo doméstico e famílias dos colonos italianos, contribuindo para refazer as energias e, principalmente para manter a alegria e a coragem desses bravos desbravadores da floresta densa que dominava a serra gaúcha.

O entusiasmo era muito grande e seguramente, a videira foi o bálsamo e o reencontro do imigrante com a sua terra de origem, que lhe deu animo e vontade para construir aqui a nova Pátria. Os vinhedos no início eram pequenos, porque a mão-de-obra escassa na época, em virtude das famílias serem jovens e pequenas, tinha de ser utilizada prioritariamente para derrubada da mata, a construção de casas, benfeitorias, igrejas, moinhos coloniais, estradas e a produção de gêneros alimentícios, como o trigo, feijão, cevada, batatas, hortaliças e criação de animais como aves, suínos e gado leiteiro.

As principais casas, construídas com a chegada dos italianos, eram de madeira serrada à mão e o telhado de tabuinhas (scandole), rachadas à mão.