Além do tetracampeonato, César Casarotto, de 39 anos, levou também o troféu de melhor atleta em competição no último sábado, 6 de novembro

Já pensou em erguer o peso equivalente a mais de quatro homens ao mesmo tempo? Segundo uma pesquisa de 2004, o brasileiro costuma pesar, em média, 70,6 quilos. O bento-gonçalvense, César Casarotto, conseguiu erguer 340 quilos no último sábado, 6 de novembro, ao garantir seu tetracampeonato mundial em Powerlifting (levantamento de peso), na categoria levantamento terra, em Córdoba, na Argentina.

O atleta de 29 anos treinou por apenas 30 dias antes da disputa, e mesmo assim conseguiu realizar três levantamentos de mais de 300 quilos, chegando na sua melhor marca e levando para a casa, além do troféu de campeão, o de melhor atleta da competição. Para chegar no país vizinho e competir no mundial, precisou de ajuda através de uma vaquinha para custear sua ida e garantir mais um título, entre os 72 que já possui ao longo de 15 anos de carreira.

Para além da vitória da última semana, ele também venceu os mundiais dos anos de 2015, 2017 e 2019. Foram também 15 títulos nacionais e nove sul americanos, além de sete recordes, inclusive um mundial, em seu nome.

O crescimento do atleta

Antes de começar no levantamento, Casarotto iniciou na musculação, em 2002. Na época, ele havia saído do serviço militar e era magro, a ponto de as pessoas indicarem que ele fizesse exercícios para fortalecer seus músculos.

Depois acabou conhecendo o Powerlifting, em que se consagraria, através de seu falecido treinador, Nei Pradieé, que foi uma referência de fisiculturismo e musculação nos anos 70. Pradieé venceu competições importantes para o cenário esportivo da boa forma, como 1º Mr. Brasil do Rio Grande do Sul de 1973.

Casarotto diz que ao chegar na academia já deixou claro que seu objetivo não era ter um corpo harmonioso ou atlético, mas voltado para força. “Pradieé pediu pra fazer um teste de força pra ver minha capacidade. O resultado foi horrível e mesmo assim ele não desacreditou. Estamos entre os melhores do mundo do esporte graças a ele e por não desistir do objetivo”, orgulha-se.

Ritmo de treino

Para poder alcançar as metas dentro do esporte, Casarotto precisou focar especificamente em três treinos de musculação: agachamento, supino e levantamento terra. Essa é a principal diferença para quem quer praticar levantamento e quem vai trabalhar o físico, a repetição de exercícios em menos tipos.

Além disso, a alimentação é uma parte crítica da preparação e dos treinos, pois comer da forma correta e em quantidade é essencial para os bons resultados. “A dieta difere um pouco das outras por não ser tão balanceada e mais livre, o que é a parte boa, principalmente nas categorias de peso mais altas, tipo a minha”, explica.

Essa questão alimentar acaba pesando também no bolso do atleta que precisa comer em torno de 1 kg de carne por dia, fora carboidratos de diversas fontes. Esses valores fazem com que a conta de supermercado no fim do mês seja alta.

A barra difícil de segurar

Casarotto explica que antigamente ele possuía auxílio da Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves para que tivesse uma ajuda em custos, visto o padrão alto de consumo alimentício e demais gastos com passagens para competições.
Segundo ele, é difícil conseguir esse suporte e quando consegue, pouco auxilia nos gastos mensais, quanto mais no ano inteiro. “Esse assunto é bem delicado, pois muitos não tem coragem de falar que nosso governo não nos auxilia da maneira certa”, critica.

Ele já havia disputado o mundial em Córdoba em 2017 e conquistado o bicampeonato, mas para esse precisou buscar ajuda um mês antes da viagem, algo que foi difícil de administrar com sua vida pessoal e de trabalho. “Mesmo assim consegui o tetracampeonato e ainda saí com o título de melhor atleta. Um tetra é algo que quase ninguém consegue, então se torna mais importante ainda”, menciona com orgulho.

O levantamento do futuro

Para esse ano, Casarotto afirma que acabaram as competições, então o foco será nos treinos de recuperação e manutenção de massa corpórea para o começo do ano seguinte. Ele espera trazer mais títulos para Bento Gonçalves, representando a Capital do Vinho pelo mundo.

Ele também menciona a questão da idade que pode ser um fator que atrapalha na prática do esporte, mesmo mantendo o condicionamento físico. “Eu também sou árbitro de Powerlifting, então ainda posso estar no meio de disputas, mesmo sem participar da competição diretamente”, destaca.

Para o futuro, o bento-gonçalvense está de olho no sul americano que acontecerá em outubro de 2022, já pensando na preparação física até lá. Casarotto pretende se esforçar para seguir em forma e pensa nas questões financeiras, que o preocupa, para que possa seguir praticando e representando sua cidade nesse esporte de pura dedicação.