CIC-BG e CDL-BG divulgaram nota demonstrando indignação com decisão do Governo do RS em restringir o funcionamento de setores do município
Foi com surpresa e indignação que o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BG) receberam a notícia das novas restrições provocadas pela mudança de bandeira do distanciamento controlado, divulgada no sábado, 13. De acordo com as entidades representativas, a decisão é injusta e penaliza de forma indevida o comércio local. Para reaver a decisão, empresários buscam alternativas para mobilizar a classe e pressionar o governo no intuito de reavaliar a troca de status.
Com a mudança da cor laranja, que aponta risco médio de contaminação, para a vermelha, que representa alto risco, apenas serviços considerados essenciais poderão funcionar normalmente, seguindo às determinações de higiene impostas desde o início da pandemia. Outros setores, como o comércio precisarão se adaptar às novas normas, pelo menos nos próximos 15 dias.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BG), Marcos Carbone, a troca de bandeira é injusta. Segundo ele, as constantes mudanças nos critérios de avaliação feitas pelo governo estadual, impossibilitam municípios e setores a se readequarem de maneira imediata, penalizando os setores afetados. “Essa decisão nos causa indignação e terá consequências muito graves para o setor, que vem sofrendo abalos sequenciais desde o início da pandemia e, dessa forma, poderá não mais se recuperar. Há empresas pequenas que fecharão nesta segunda-feira para não mais abrir. Passamos a temer, novamente, a extinção de empresas e de postos de trabalho, agravando uma situação de crise econômica e social que já está evidente”, comenta Carbone.
Em nota, a CDL informou ainda que está articulando, junto ao Poder Público e a outras entidades do comércio, inclusive em âmbito regional, ações reativas em busca da reversão da decisão estadual, além de acompanhar o movimento coligado de diversas instituições representativas de classe do município em prol desse mesmo objetivo. “Enquanto entidade, a CDL-BG não aceitará passivamente a decisão e empenhará todos os esforços na solução dessa questão”, garante Carbone.
O Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), também reagiu com inconformidade às decisões tomadas pelos órgãos estaduais. Na visão do presidente Rogério Capoani, a redução das capacidades de produção trará perdas significativas, levando a região para um cenário, considerado por ele, irreversível. “Com muito esforço e dificuldade as empresas vinham começando, timidamente, a se restabelecer em suas atividades. Uma regressão, agora, será fatal e poderá concretizar àquele que tem sido, desde o início, nosso maior temor: o caos social”, enfatiza.
De acordo com Capoani, a situação do novo coronavírus vinha sendo monitorada há cerca de dois meses. Com base nos números locais, a entidade contesta os elementos técnicos e científicos utilizados pelo governo do RS para enquadrar o município na bandeira vermelha. Segundo o dirigente, estudos conduzidos pelo CIC-BG indicam que, Bento Gonçalves estaria com cenário 25% abaixo das piores estimativas. “A partir de 29 de maio o número de casos efetivos começou a cair, mantendo-se abaixo de 150. O surgimento de novos casos, desde 19 de maio, tem sido linear: isso permite identificar a estabilidade do cenário e prever que o município pode apresentar até 13 casos diários, em média, e um efetivo médio de 130 pacientes”, explica.
Capoani garante que se o número de casos ativos da doença, ou seja, aqueles que ainda realizam tratamento estiver abaixo de 150, a situação não comprometeria a estrutura hospitalar e a capacidade de atendimento, tanto de leitos, quanto de respiradores. “Já era um cenário previsto e a rede de saúde está pronta para isso”, afirma.
Outro ponto analisado pelo presidente do CIC-BG, é a quantidade de pacientes recuperados nas últimas três semanas. Segundo Capoani, o número ultrapassa a quantidade de novos casos, o que indicaria, de acordo com o presidente, que a pandemia estaria controlada na cidade. “Os números mostram, portanto, uma situação sob controle. Isso não significa que devamos abrir mão dos cuidados, das medidas protetivas e do compromisso com o retorno responsável – mas certamente justificam que não devemos estar em situação de bandeira vermelha”, explica Capoani.
Nesta segunda-feira, 15, o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin e demais lideranças deverão se reunir, de forma virtual, com o governador do Estado, Eduardo Leite, para debater a situação e apresentar os números que mostram a possibilidade de manutenção dos serviços que estavam em funcionamento no município.
Foto de Capa: Fabiano Mazzotti / Divulgação