Segundo a prefeitura, mil novos cadastros já foram efetuados por pessoas que querem receber a ajuda do governo federal

Desde o dia 7 de abril trabalhadores informais que não estão no programa Bolsa Família nem no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal e têm direito a receber o auxílio emergencial de R$ 600,00, trataram de providenciar o cadastro com a intenção de se habilitarem para receber o dinheiro. Em Bento Gonçalves, somente nos registros da Secretaria Municipal de Esportes e de Desenvolvimento Social (Sedes), ao menos 5.100 famílias estão aptas a receber o recurso.

Do total, 1.038 são novos cadastros que foram efetuados na prefeitura. Aquele que tem garantia pode comparecer em um dos três Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e se informar sobre quais os procedimentos são necessários. “O Cras e o Setor de Cadastro Único têm atendido às famílias que não possuem esse cadastro e que necessitam de orientação e apoio para realizá-lo pelo site ou aplicativo disponibilizado pela Caixa Econômica Federal. Para isso, são necessários o CPF e o RG de todos os integrantes da família”, esclarece a coordenadora dos Cras, Lisia Darós. Nas duas últimas semanas, 5.125 pessoas foram a um dos Cras em busca de orientações, encaminhamentos e cadastros.

As unidades estão localizadas:

CRAS I: Centro de Arte e Esporte Unificado – CEU
Rua Calisto Orestes Sganzerla, 70 – bloco 2 – Ouro Verde
Contato: (54) 3451-4833

CRAS II:
Rua Luis Giardini, 10 – bairro Juventude
Contato: (54) 3055- 7013

CRAS III:
Rua Carlos Dreher Neto, 650 – bairro Vila Nova
(54) 3451-4884

Dinheiro é um alívio para as pessoas que precisam

Muitas pessoas afirmam que “não tem muito o que fazer com R$ 600,00”. Contudo, a coordenadora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade de Caxias do Sul, Jacqueline Maria Corá, afirma que o valor pode não ser o ideal, mas no momento atual representa um alívio para a população desempregada e os informais. “De fato, se analisarmos o valor absoluto, sabemos que não é muito. Portanto, a indicação é que seja priorizado para arcar com os gastos de subsistência da família, ou seja, neste momento deve-se priorizar a alimentação. Outras despesas como água, luz, telefone, aluguel, poderão ser negociados num momento futuro”, aconselha.

A grande maioria, se não todos, não estava preparada financeiramente para uma crise como a provocada pela Covid-19. A economista reitera que essa é uma boa ocasião para destacar a importância de as pessoas fazerem economia. “Este momento pegou a maior parte da população sem essa reserva emergencial. Mesmo entre famílias que recebem salários regularmente, apenas uma pequena parte tem o hábito de poupar e garantir alguma estabilidade para momentos emergenciais. Sendo assim, precisamos implementar um plano de contingenciamento. Ou seja, agora é hora de colocar uma lente de aumento em todos os gastos da família para escolher aqueles que poderão ser cortados”, observa.

Em relação à retomada da economia, Jacqueline acrescenta que cada comunidade terá que se ajudar se quiser sair da crise mais rápido. “No pós-quarentena teremos muito trabalho pela frente, pois a economia estará mesmo enfraquecida. Por outro lado, acredito que este tempo de isolamento poderá nos ajudar a desenvolver, de alguma forma, um pouco mais de paciência para entender que nem tudo acontece no ritmo e no tempo que desejamos”, afirma Jacqueline.

Não é bom demitir no atual momento

Segundo ela, “de nada adianta a indústria produzir televisores se as pessoas não tiverem renda para comprar. Então, será preciso restabelecer a cadeia virtuosa da economia — emprego, renda e consumo, por exemplo. Não podemos imaginar que o governo terá que sustentar toda a economia. Cada um de nós, na iniciativa privada, precisará fazer sua parte. As empresas que demitem hoje, comprometem o seu futuro amanhã, pois ajudam a reduzir emprego e renda e, portanto, o consumo futuro”, analisa.

Dicas da especialista:

Jacqueline Corá. Foto: Arquivo pessoal
  • Monte um cardápio saudável e econômico: fazer um cardápio antecipado ajuda também a racionalizar o uso dos
    ingredientes e o frango de hoje pode virar o arroz
    de forno de amanhã.
  • Liste suas compras: vá ao supermercado com uma relação do que é necessário e compre somente isso, assim você evita a compra por impulso.
  • Evite gastos com eletricidade: os aparelhos elétricos (TV, ferro, chuveiro, secador de cabelo) podem consumir muita energia e gerar uma surpresa desagradável quando chegar a próxima conta.
  • Pesquise preço antes de comprar: se as coisas estão difíceis financeiramente, seja cauteloso e espere um pouco mais para gastar. Não sabemos quanto tempo teremos pela frente ainda nesta situação.

Foto: Franciele Zanon