O câncer de próstata é a segunda causa de morte por tumor maligno em homens no Brasil. Em 2017, a doença tirou a vida de mais de 15 mil pessoas, representando 42 mortes por dia no país. Em 2018, cerca de 68 mil novos casos foram registrados, segundo dados do Ministério da Saúde. É devido a esses altos números que esse mês é marcado pela campanha do Novembro Azul, para gerar maior conscientização ao público masculino.
Medo e desconhecimento estão entre os fatores que contribuem para que os homens não procurem ajuda médica, além do preconceito que, embora venha reduzindo com ajuda da campanha, ainda existe acerca do toque retal. Outro exame para detectar indícios de um possível câncer de próstata é o de sangue, conhecido como Antígeno Prostático Específico (PSA), realizado para medir a quantidade da proteína produzida pela próstata. Entretanto, de acordo com o Urologista de Bento Gonçalves, Doutor Thiago Cusin, um exame não elimina o outro, portanto, é necessário a realização dos dois. “Entre 10% a 20% dos casos o PSA está normal e mesmo assim o homem tem o câncer de próstata e a gente consegue diagnosticar normalmente com o toque”, explica.
Novidades no rastreamento
Dr. Cusin alerta que ainda que o exame de PSA ou de toque apresentem resultados alterados, nem sempre significa que o homem está com câncer. Na maioria das vezes pode ser indício de alguma doença benigna da próstata. “Mesmo com o PSA alto e com o toque alterado, em 80% dos casos significa alguma inflamação ou algo benigno. Em 20% dos casos pode ser tumor”, aponta. De acordo com Cusin, para os 20% que apresentavam alguma alteração, o próximo passo era a realização de uma biopsia da próstata, único procedimento ainda capaz de diagnosticar o câncer.
A novidade está na ressonância multiparamétrica da próstata, uma nova forma de rastreamento da doença. Quando um dos exames ou ambos estão alterados, o homem faz esse exame. “O resultado estando normal, a gente aguarda para fazer a biópsia, mas se a ressonância realmente confirmar que há uma suspeita maior do câncer, aí sim o paciente é levado para a biopsia”, explica.
Cusin define que a ressonância é um exame que está no meio do caminho, evitado a realização da biopsia, um procedimento mais invasivo, feito sob sedação, onde um aparelho entra pelo ânus para retirar fragmentos da próstata e que embora baixo, tem riscos. “Ainda tem muito estudo sendo realizado e sendo visto se a ressonância realmente vai ajudar no futuro. Hoje se estuda bastante isso, não se tem uma certeza absoluta, mas diminuiu a quantidade de indicações de biopsia de próstata”, destaca.
Evolução no tratamento
Outro avanço mencionado pelo Dr. Cusin está na prostatectómica radical videolaparoscópica, que consiste na realização da cirurgia de câncer de próstata por vídeo. O novo método de tratamento da doença está sendo adotado desde o ano passado.
O urologista frisa que a técnica tem apresentando ótimos resultados. Dentre eles, taxa de recuperação mais rápida, alta precoce, com possibilidade de retorno ao trabalho em 15 dias, tempo muito mais rápido do que na cirurgia tradicional, que é de 60 dias. “Como é sem corte, normalmente não tem dor no pós-operatório e a recuperação das funções sexuais e de incontinência urinária também acabam sendo um pouco mais rápidas. É sem dúvida uma cirurgia que veio para ficar. Já conseguimos notar uma evolução bem grande de melhora do quadro”, ressalta.
Diferente da cirurgia tradicional, com corte, o procedimento realizado por vídeo é menos agressivo ao paciente. “A gente faz a cirurgia por meio de pequenos buracos de até dois centímetros com uma câmera. A próstata é extirpada dessa forma. Antes se fazia todas as cirurgias por corte, se abria a barriga e se retirava a próstata inteira. É uma cirurgia mais mórbida e com maior taxa de complicações”, analisa Cusin.
Para o futuro, o urologista acredita que a cirurgia robótica deva chegar no município. No Rio Grande do Sul, apenas Porto Alegre conta com a modernidade.
Bento Gonçalves
O município conta com o Programa Saúde do Homem, onde destina serviços de saúde específicos para o público masculino. De acordo com o Secretário de Saúde, Diogo Segabinazzi Siqueira, a cidade conta com quatro especialistas credenciados que podem atender pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Hoje não temos fila de espera para urologista, então a gente consegue atender os pacientes sem grandes problemas. Existe cada vez mais procura para fazer os exames, a gente vê que está aumentando bastante o número de pacientes”, frisa Siqueira.
Quem deseja realizar uma consulta deve se encaminhar para qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Estratégia de Saúde da Família (ESF) para fazer uma consulta com um clínico geral para posteriormente ser encaminhado a um urologista. O SUS oferece tanto o exame de toque retal quanto de sangue.
Confira na tabela abaixo o número de homens que solicitaram o exame de PSA pelo município nos últimos anos. Lembrando que, de acordo com Dr. Cusin, os PSA alterados não significam câncer de próstata.