… Um último aspecto a salientar foi o da não diferenciação entre os coronéis e gaúchos em geral. Simultaneamente à Revolução Farroupilha, ocorreram dezenas de movimentos armados em todo o Brasil. “O período da Regência esteve marcado por dezenas de movimentos independistas Republicanos de norte a sul do país. É curioso observar que o governo central dá um tratamento definitivo e mortal visando ao arrasamento absoluto deste movimento. Ao contrário, mantinha com o Rio Grande do Sul uma política de certa tolerância.”
Isto, se devia ao fato do governo gaúcho estar organizado por ser um movimento de intelectuais, proprietários de elite. Aqui no RS, corria luta de igual para igual: a elite gaúcha contra a elite nacional, enquanto que, nos demais estados do país eram segmentos populares que se rebelavam contra as elites. Assim, estas se voltavam com maior violência contra as manifestações. Podemos citar, como exemplo, a Balaiada do norte do país.
Uma das condições para se conseguir a anistia da Revolução Farroupilha, foi a condição de manutenção da propriedade dos revoltosos e a inclusão dos mesmos nas forças armadas imperiais. Tal situação atendia aos interesses do próprio Império, que já tinham os prenúncios das guerras de fronteiras com o Uruguai e a Argentina e, posteriormente, com o Paraguai. Boa parte das forças brasileiras contra Solano Lopes foram forças oriundas dos farrapos. Neste sentido atendia-se ao interesse gaúcho e ao Império. “Tais aspectos não diminuem o movimento, mas sim o relativizam dentro de seu tempo e espaço, assim como deve ser visualizada a História.”
O espírito da Revolução se corporifica na pessoa do então Coronel Bento Gonçalves da Silva, em função do prestígio e da fama que lhe conquistaram sua integridade pessoal. Além de Bento Gonçalves, devemos lembrar a figura de João Manuel de Lima e Silva que, mesmo sendo carioca e irmão do regente do país, ocupou o posto de General dos “Farroupilhas”. Os heróis da Revolução Farroupilha foram: Bento Gonçalves da Silva, David Canabarro, Giuseppe Garibaldi e Antônio de Souza Netto.
Bento Gonçalves da Silva era militar e revolucionário, foi eleito Presidente da República Rio-grandense, pela maioria das Câmaras Municipais da Província. Nascido em Bom Jesus do Triunfo, no dia 23 de setembro de 1788, ele era o décimo filho do casal, Joaquim Gonçalves da Silva e Perpétua Meireles.
Em 1831, Bento Gonçalves começou a externar sua contrariedade com a repentina decisão de D. Pedro I que abdicou à coroa, retornando para Portugal. Nesta época começou a surgir no Estado as primeiras ideias separatistas. Seus opositores deram pouca importância ao movimento e por isso apelidaram os separatistas de farrapos ou farroupilhas, denominação pejorativa que tinha o significado de mal-vestidos ou pessoas de pouca importância.
Assim, após a Proclamação da República, a tendência no Brasil, era fazer desaparecer os nomes que tiveram destaque no período do Império. Portanto, Dona Isabel foi substituído pelo nome de Bento Gonçalves, por ser Republicano Federalista – nome oficial do Nosso Município.