Seguindo uma tendência nacional, a demanda por alimentos saudáveis tem aumentado nos últimos anos no município

 

Na contramão de um cenário econômico de crise e de uma vida moderna marcada pela pressa, os brasileiros estão transformando seus hábitos alimentares, trocando comidas prontas e fast foods, por produtos naturais e receitas feitas em casa. Estudos da agência de pesquisas Euromonitor Internacional apontam que o mercado cresce 12,3% ao ano no Brasil, nos levando a ser o quinto país com maior consumo de produtos naturais de todo o mundo. Por aqui, a realidade é semelhante. O crescimento de empreendimentos do setor nos últimos três anos, mostra que a preocupação com uma alimentação saudável também começa a fazer parte da rotina dos bento-gonçalvenses.

A percepção dos lojistas

Se há apenas três anos não havia nenhum estabelecimento especializado nesse tipo de produto na cidade, hoje, encontrar lugares que oferecem alimentos orgânicos, sem glúten, sem lactose, entre outros, é tarefa, cada vez mais fácil, como bem ilustra Ariel Marangoni, do empório Crismiolo. “Quando abrimos, em 2015, éramos o segundo lugar a trabalhar com produtos naturais em Bento, sendo que o primeiro nem tinha isso como foco. Agora, só neste último ano, já abriram pelo menos seis novas lojas na cidade”, sublinha.

Esse é o caso de Camila Salini, da Mais Natural, aberta há apenas quatro meses. “O resultado é muito positivo”, comenta sobre a clientela. “A cada mês, estamos tendo um retorno maior. A noção é de crescimento” comenta.

Volta às raízes

A percepção geral é de que, em relação à alimentação, vivemos uma volta ao passado, aos tempos dos avós onde o consumo de alimentos industrializados era diminuto e as pessoas optavam por preparar suas próprias refeições, como comenta a extensionista social da Emater, Franciele Sonaglio. “As pessoas ficaram sem tempo para preparar seus alimentos e isso gerou vários problemas de saúde. Agora se começa um resgate, um retorno à alimentação da forma como ela era: saudável, natural, com gosto de infância”, comenta.

Para Camila, a procura por produtos como temperos, chás e principalmente vitaminas complementares são prova desse retorno. “A gente não estava comendo bem e isso reflete, por exemplo, no aumento da procura por vitaminas D e E. A busca por chás que curam também mostra um retorno ao tempo de nossos avós”, comenta.

 

O resultado para a saúde

Muito além do aquecimento do mercado, a tendência é que com a busca pela alimentação rica em nutrientes, em detrimento de uma dieta pobre em valor nutricional, a saúde da população melhore. Segundo relatório da Global Burden of Disease, uma em cada cinco mortes do mundo resultam de problemas na dieta, como obesidade, diabetes e hipertensão. As doenças, como apontam os especialistas responsáveis pelo estudo, se originam de dietas com alto consumo de sal e gordura saturada, e pobre em verduras, vegetais, grãos e sementes.

Para a nutricionista Renata David, as pessoas começam a entender que a alimentação saudável, mais que reverter problemas de saúde, ajuda a preveni-los. “Os clientes que atendo, em maioria, estão cientes que mesmo que gastem um pouco mais na alimentação, terão os benefícios da saúde e menos aquisição de medicamentos”, comenta.

A percepção de que a sociedade tem relacionado saúde com alimentação é compartilhada também pelos lojistas. Eles contam que além dos curiosos que buscam novos temperos e se guiam pela internet ou por programas de televisão cada vez mais populares, uma boa parte dos clientes vão até os estabelecimentos para comprar alimentos específicos que podem auxiliar no bom funcionamento do corpo. “Muitas vão ao nutricionista ou buscam informação de médicos alternativos, e então nos pedem alimentos específicos que são bons para o cérebro, fígado, estômago. Ao invés de comprar remédio, as pessoas buscam melhorar a qualidade de vida, cuidando da alimentação”, comenta Marangoni.

Camila corrobora com o discurso e cita que muitos clientes que têm problemas de saúde na família, tentam mudar os hábitos alimentares para evitar seguir o mesmo caminho. “Boa parte vê nos alimentos uma forma de prevenção. Buscam prevenir diabetes, colesterol e hipertensão”, conta.