No ano em que o festival Bento em Dança completa o seu Jubileu de Prata, a presidente do evento, Erci Zottis Grapiglia anunciou o encerramento das atividades, a partir do ano que vem. O motivo: a falta de aporte financeiro. A decisão pegou a plateia de surpresa, que pediu a continuidade do festival. Poder Público aguarda ser comunicado oficialmente sobre a decisão, porém, afirma que o evento não pode parar.
Ao longo de seus 25 anos, mais de 140 mil bailarinos de mais de 20 países já se apresentaram na Capital do Vinho. De acordo com Erci, a decisão foi tomada após inúmeras edições ficarem comprometidas pela falta de recursos. “Chegou a hora de parar. Dediquei 25 outubros da minha vida, deixando minha família de lado, para promover o nome de Bento Gonçalves. E hoje, o Bento em Dança é um dos principais festivais de dança do Brasil, mas que sofre com a falta de incentivo que se repete ano após ano e que, tornou-se insuportável e impossível de continuar. Infelizmente, esta é uma realidade que deixa a família da arte da dança muito triste”, afirma.
Segundo o secretário municipal de Cultura, Evandro Soares, a decisão é uma surpresa para o Poder Público. Soares diz que até o momento, o município não foi comunicado oficialmente sobre a decisão. “Em seu pronunciamento, até ao nosso entender, a presidente mencionou que esta seria sua última participação na coordenação do Bento Em Dança, que neste ano chega com maestria à sua 25ª edição. Não entendemos que esta será a última edição deste festival, que é um dos maiores do país, reconhecido nacionalmente e internacionalmente. O Bento em Dança não pode parar”, pontua.
Questionado sobre a possibilidade de o município assumir a organização, Soares afirmou que a administração sempre será parceira do evento, mesmo em tempos de crise, oferecendo serviços, disponibilizando estrutura e intermediando parcerias e patrocínios junto às empresas. “O município sempre foi o principal apoiador do evento desde a sua criação. Entretanto, o cenário econômico do país, do Estado e também dos municípios gaúchos obriga os bons gestores a trabalharem com cautela e responsabilidade no direcionamento dos recursos”, afirma. “Sabemos que todos os anos existem desafios a serem superados, mas com o trabalho conjunto devemos transpor os obstáculos”, explica Soares.
Até sábado, 14, serão apresentadas 627 coreografias, 18 oficinas e aproximadamente seis mil bailarinos. “Quando criamos o Bento em Dança, em 1992, sabíamos que não seria fácil. Com a dança, transformamos este lugar num ambiente em movimento, onde o amor por esta arte foi capaz de reunir gente de todos os estilos, independente de sexo, raça, religião ou classe social”, salienta Erci. “Somos meros espectadores e compartilhamos de uma paixão que emociona, transforma, realiza. Aqui, muitos chegaram como alunos e se tornaram professores ou grandes bailarinos. Cada um foi crescendo junto com o evento. E este talvez seja o grande mérito do Festival, que segue promovendo a arte da dança e oportunizando o aperfeiçoamento pessoal e profissional”, pontua a presidente.