A Polícia Civil de São Paulo prendeu, na última quinta-feira (3), João Nazareno Roque, de 48 anos, suspeito de facilitar um dos maiores ataques cibernéticos já registrados contra o sistema financeiro brasileiro. Segundo as investigações, Roque teria fornecido acesso ao sistema que conecta bancos menores ao Banco Central — incluindo operações com o PIX — para um grupo de hackers.

O ataque ocorreu na quarta-feira (2) e afetou pelo menos seis instituições financeiras. Em apenas duas horas e meia, mais de R$ 500 milhões foram desviados via PIX de uma das contas. De acordo com o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o suspeito é funcionário da empresa de tecnologia C&M Software (CMSW), prestadora de serviços para bancos de menor porte e fintechs.

João Roque foi detido no bairro City Jaraguá, na Zona Norte da capital paulista. Aos policiais, ele afirmou ter vendido sua senha de acesso ao sistema por R$ 5 mil em maio e, posteriormente, ter recebido mais R$ 10 mil para colaborar na criação de uma ferramenta que viabilizasse os desvios. Ele também relatou que se comunicava com os criminosos apenas por celular, trocando de aparelho a cada 15 dias para evitar rastreamento, e que não conhece pessoalmente os demais envolvidos.

Em nota, a C&M Software afirmou que colabora com as autoridades e que adotou todas as medidas técnicas e legais cabíveis após identificar o incidente. A empresa garantiu que sua plataforma segue plenamente operacional, mas que, por respeito às investigações, não se pronunciará publicamente durante o andamento do processo.

A investigação teve início após a empresa BMP, cliente da C&M, registrar um boletim de ocorrência relatando desvios milionários em suas contas. A BMP teve prejuízo estimado em R$ 541 milhões. Segundo a polícia, uma das contas utilizadas pelos hackers para receber o dinheiro desviado, com saldo de R$ 270 milhões, já foi bloqueada.

De acordo com a C&M, os criminosos utilizaram credenciais de clientes, como senhas, para acessar indevidamente sistemas e contas de reserva de ao menos seis instituições financeiras. O Banco Central ainda não divulgou oficialmente os nomes dos bancos afetados nem confirmou os valores totais, mas fontes da TV Globo estimam que as perdas podem alcançar R$ 800 milhões.

A investigação continua e a Polícia Civil apura o envolvimento de outros suspeitos no esquema