Um ano após a severa crise climática que assolou Bento Gonçalves em maio de 2024, muito ainda precisa ser feito para que a vida volte a normalidade. Entretanto, a resposta rápida do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, em parceria com a prefeitura da cidade, foi imprescindível para o auxilio da comunidade.
O Corpo de bombeiros e o prefeito Diogo Siqueira, em parceria com a Defesa Civil municipal, forneceram detalhes essenciais sobre as ações implementadas, o balanço dos impactos e as estratégias em curso para fortalecer a resiliência da comunidade diante de futuros eventos extremos.

Foto: prefeitura. Estardas ficaram interrompidas

Siqueira explica que a Defesa Civil de Bento Gonçalves desempenhou um papel central na coordenação da resposta à enchente, abrangendo diversas frentes. “Desde o início dos primeiros deslizamentos no dia 1º de maio, a Prefeitura de Bento Gonçalves esteve atuando intensamente para a pronta resposta à população. Foi realizada a organização do salão de Faria Lemos como ponto-base, onde as famílias eram recebidas com atendimento de saúde, assistência social, roupas, comida e o local onde as forças de segurança se concentravam para buscas”, afirma o prefeito.
A estrutura do salão de Faria Lemos como ponto-base centralizou o atendimento e otimizou a distribuição de recursos. “A união de todos os voluntários de jipe, quadriciclos, motos, entidades foi fundamental para o salvamento das pessoas que estavam isoladas. Todo trabalho foi realizado em conjunto e a comunicação de tudo que estava ocorrendo com transparência para a população foi fundamental do período”, ressalta o prefeito sobre a união da comunidade.
A articulação com outros órgãos e a sociedade civil foi um pilar da resposta emergencial. “Como já destacado em Bento Gonçalves, foi essencial o trabalho conjunto para o salvamento de vidas. Estávamos com estradas bloqueadas, com enchente e precisávamos de todo o esforço coletivo para poder chegar nas localidades”, explica o prefeito Siqueira. A necessidade de ação coordenada para superar os desafios logísticos impostos pelas estradas bloqueadas e a magnitude da enchente foi um ponto crítico.
O balanço da Defesa Civil municipal detalha a extensão dos danos. “Foram 1052 pessoas resgatadas em diversas localidades. Durante o evento climático, 1003 pessoas precisaram sair de casa e 81 permaneceram, naquele período, nos alojamentos. 71 residências foram interditadas permanentemente e 255 tiveram algum dano. Sim, desde o início foi realizado o mapeamento das famílias afetadas”, explica Siqueira.

Foto: Prefeitura. Algumas localidades firam isoladas

Comparando a situação imediata pós-enchente com o presente, a Defesa Civil aponta para os esforços de recuperação em andamento. “44 famílias foram atendidas com aluguel social, e a prefeitura trabalha com programas do Governo do Estado e Federal para construção de residências para as famílias que residiam nas áreas que estão permanentemente interditadas”, explica Siqueira.
A transição para soluções de moradia de longo prazo é uma prioridade. A gestão dos abrigos temporários e a transição para o aluguel social foram coordenadas pela Secretaria de Assistência Social, conforme informado. O apoio psicossocial às vítimas foi uma preocupação constante. “Desde o início, as equipes da saúde e da assistência estiveram atendendo às famílias e oferecendo o suporte”, afirma o prefeito
O impacto desse suporte a longo prazo continua sendo avaliado, mas a presença contínua de equipes de apoio é vista como essencial. Para o futuro, a Defesa Civil municipal está focada em aumentar a resiliência da comunidade. “É trabalhado no reforço da equipe da Defesa Civil com treinamento. Estamos também com a construção de um Plano de Riscos, instalação de pluviômetros, continuidade do monitoramento do Núcleo de Riscos Geológicos, comunicação com as comunidades em áreas de risco e outras ações”, detalha a Defesa Civil.

Corpo de Bombeiros
Em paralelo, o Corpo de Bombeiros de Bento Gonçalves, sob o comando do capitão Gustavo Kist, enfrentou adversidades significativas durante a crise. “Os principais desafios enfrentados pelas equipes envolveram o difícil acesso a áreas isoladas devido ao relevo acidentado da região, a continuidade das chuvas intensas e a grande quantidade de ocorrências simultâneas. Isso demandou um esforço considerável das equipes de resgate para atender às necessidades da população”, relata o capitão.

Foto: Corpo de Bombeiros. Centro de operações durante o desastre

A coordenação de um grande número de profissionais e equipamentos em um cenário desafiador exigiu uma logística eficiente. “Mais de 500 bombeiros militares de 17 unidades da Federação foram mobilizados para atuar em Bento Gonçalves, empregando esforços por terra, água e ar. Apesar da coordenação da resposta, a magnitude do evento e as dificuldades de acesso às áreas afetadas apresentaram desafios logísticos para a atuação”, afirma Kist.
A resposta da população às orientações de segurança foi mista, com alguns casos de resistência, mas a grave situação e o empenho das equipes foi fundamental para reverter a situação. “Embora algumas pessoas tenham apresentado resistência inicial às orientações de evacuação, a atuação célere das equipes possibilitou que todos os salvamentos fossem efetuados a tempo. A situação evidenciou a relevância da colaboração entre a população e as instituições de resposta”, afirma o capitão.

Foto: Corpo de Bombeiros. Equipe que atuou nos resgates

Um ano após a tragédia, o capitão Kist destaca uma maior conscientização na comunidade, que demonstra uma postura mais atenta diante de eventos climáticos extremos. A tragédia também suscitou discussões sobre segurança urbana e a necessidade de reforço da infraestrutura. A preparação também ocorre no Corpo de Bombeiros com a intensificação do preparo para emergências semelhantes. “Foram adquiridas novas embarcações, viaturas 4×4 e equipamentos específicos para atuação em enchentes e deslizamentos. Adicionalmente, houve um aumento na qualificação das equipes de salvamento, com foco em cenários dessa natureza que possam se repetir. Atuar de forma rápida e precisa, minimizar os riscos e proteger vidas permanece como nosso objetivo primordial”, detalha Kist.
Questionado sobre o nível de prontidão atual do Corpo de Bombeiros, o capitão avalia que a situação é bem promissora. “A atuação em maio de 2024 foi considerada eficiente, considerando a magnitude da tragédia. Contudo, o Corpo de Bombeiros Militar continua a aprimorar seus protocolos e a investir em treinamento e equipamentos, buscando um preparo cada vez maior para responder de maneira eficaz a futuras emergências”, finaliza o capitão.