Com uma taxa de 14% de nascimentos prematuros, instituição adota novas práticas para reduzir complicações e melhorar a saúde neonatal

O Hospital Tacchini apresentou novos dados de seu Observatório Materno-Infantil, da região de Vinhedos e Basalto, que mostram uma evolução nos cuidados com nascimentos prematuros entre 2021 e 2023. O levantamento destaca tanto a prevalência da prematuridade quanto as medidas adotadas para reduzir as complicações associadas a esses casos, que são considerados de alto risco.

Na região de Vinhedos e Basalto, a qualidade do pré-natal melhorou nos últimos anos. Em 2022, 78% das gestantes receberam acompanhamento adequado ou mais que adequado, com recomendação do Ministério da Saúde de ao menos sete consultas. Essa assistência tem contribuído para a detecção precoce de condições de risco.

Desde 2022, o hospital promove cursos mensais para gestantes, abordando temas como cuidados pré e pós-natal, com uma média de 38 participantes por sessão. Essa iniciativa busca preparar as gestantes para uma jornada mais segura durante o parto e o pós-parto.

Dra. Simone Caldeira Silva / Foto: Hospital Tacchini

Prematuridade e fatores de risco

Entre os partos realizados no hospital, aproximadamente 14% são prematuros, o que significa que ocorrem antes das 37 semanas de gestação. Esse índice inclui cerca de 2% a 3% de prematuros extremos – nascimentos com menos de 32 semanas, conforme dados coletados pelo hospital. A coordenadora médica do processo materno-infantil, Dra. Simone Caldeira Silva, afirma que o pré-natal desempenha um papel crucial na prevenção da prematuridade. “É essencial que as mulheres realizem o acompanhamento pré-natal, pois as consultas permitem identificar e controlar condições que podem levar a um parto antecipado”, explica.

Segundo a médica, fatores de risco incluem o uso de fumo, álcool e drogas, hipertensão, diabetes, infecções urinárias e a idade materna, com riscos aumentados tanto para gestantes adolescentes quanto para mulheres com mais de 35 anos. “Gestantes com restrição de crescimento intrauterino ou gestações múltiplas também necessitam de atenção especializada”, acrescenta.

O hospital realiza cerca de 1700 a 1800 partos por ano, o que representa aproximadamente 50% dos nascimentos na região de Vinhedos e Basalto. Esse volume reflete o papel central da instituição na assistência materno-infantil da região.

Taxas de letalidade e UTI Neonatal

Os dados do hospital mostram que a letalidade entre os prematuros, especialmente nos casos extremos, variou nos últimos anos. Em 2022, a taxa de letalidade entre bebês nascidos entre 24 e 26 semanas era de aproximadamente 50%. Em 2023, essa taxa subiu para 63,6%. Em contrapartida, para prematuros com mais de 32 semanas, a letalidade caiu, atingindo 0,7% em 2023. Em 2024, a instituição observa uma continuidade dessa tendência, com taxas de letalidade entre os prematuros de maior idade gestacional abaixo de 5%.

Esses números refletem a complexidade da assistência aos prematuros, de acordo com a Dra. Simone. “A presença de neonatologistas, enfermeiros e outros profissionais capacitados é fundamental para garantir o atendimento adequado, e a equipe precisa ser treinada em reanimação neonatal e cuidados intensivos”, afirma. Ela observa que a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a presença de um pediatra em todos os nascimentos, especialmente em maternidades que atendem prematuros.

Estrutura e suporte para prematuros extremos

O hospital dispõe de uma UTI neonatal que atende bebês com idade gestacional abaixo de 35 semanas, frequentemente demandando suporte respiratório intensivo. Entre os avanços adotados, está o uso de ventilação não invasiva, que reduz a necessidade de intubação e o uso de surfactante para os pulmões em desenvolvimento. De acordo com o hospital, o uso de métodos não invasivos têm contribuído para diminuir complicações respiratórias.

Para prematuros extremos, nascidos entre 24 e 28 semanas, o tempo de internação pode variar de três a quatro meses. “Esses bebês são altamente vulneráveis e precisam de cuidados constantes. O tempo de internação reflete a gravidade da prematuridade extrema”, destaca a Dra. Simone.

Além disso, o hospital se destaca em termos de práticas humanizadas, com a adoção de métodos como a “Golden Hour” e o contato pele a pele entre mãe e bebê. Essas práticas visam fortalecer o vínculo desde o primeiro momento e garantir o bem-estar e a saúde do recém-nascido.

Suporte nutricional

O banco de leite humano “Ama Tacchini” também desempenha papel importante no atendimento aos prematuros do hospital. A unidade coleta, processa e distribui leite materno para bebês na UTI neonatal, o que é essencial para fortalecer o sistema imunológico e atender às necessidades nutricionais específicas dos prematuros. “Bebês que recebem leite materno apresentam menor risco de infecções e outras complicações”, diz a médica.

A taxa de aleitamento materno exclusivo no hospital varia entre 75% e 90%, índice que supera as médias de outros hospitais, conforme dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP). Esse índice reforça o compromisso do hospital com o incentivo ao aleitamento e os cuidados com a saúde neonatal.

Os dados do Observatório Materno-Infantil do Tacchini permitem acompanhar de forma detalhada a evolução dos cuidados e a resposta dos prematuros às intervenções. A continuidade do monitoramento e a análise periódica são estratégias da instituição para melhorar o atendimento e alinhar-se às recomendações de órgãos de saúde e protocolos nacionais.