Que a economia do País ainda sofre com a crise que assola o Brasil desde 2015 não é novidade. Mas é buscando novas oportunidades de profissionalização e de trabalho que a população tenta reaquecer o setor. Em Bento Gonçalves, no ano passado, 166 pessoas fizeram o cadastro de Microempreendedor Individual (MEIs) no primeiro trimestre, já em 2017, o número subiu para 242, o que significa um aumento de 45%. Para economistas, a medida é válida, principalmente porque motiva as pessoas a criarem uma nova relação de trabalho.

O município possui diversos cases de sucesso, que vão desde salões de beleza, sites, segmento de alimentação e serviços. Entre eles está Carine Amaral e Jéssica Minusso, amigas que criaram a Delicatesse Brigaderia Gourmet. Há dois anos os trabalhos com doces iniciaram para as empreendedoras que, em setembro de 2016, decidiram formalizar o negócio com uma loja próximo à rua central da cidade.

Jéssica desistiu do trabalho fixo com carteira assinada para apostar em um sonho, mas a trajetória até hoje não foi fácil. “Apesar de ter de abdicar de muitas coisas, de tempo com a família e amigos, de sofrer com as incertezas, o sonho de conquistar algo pra si, pelo seu próprio esforço, vale muito a pena. Sempre tive a certeza de que estava no caminho certo, e hoje acredito ainda mais que poderemos chegar onde quisermos”, alegra-se.

O economista Imerio Corbelini salienta que as pessoas têm procurado essa modalidade de trabalho pois o microempreendedor individual tem vantagem com relação a impostos. “Isto estimula as pessoas a abrirem sua empresa e trabalharem de forma empreendedora. Em uma situação de recessão econômica, com alta taxa de desemprego, as pessoas buscam este recurso, para poder oferecer seu trabalho, sem a necessidade de gerar vinculo empregatício”, comenta o economista.

Corbelini salienta ainda que a ideia de microempreendedores individuais é motivadora. “Nos próximos anos, vamos poder contabilizar, quantas MEIs se transformaram em pequenas empresas e vamos ver o surgimentos de novos empresários, que passam a gerar novos empregos. Mas vale lembrar que nem sempre um bom empregado é um bom empresário, pois é preciso ter uma visão administrativa”, finaliza.

“Meu salão é um sonho realizado, hoje sou feliz”

Adriana Valduga, baiana de 37 anos, está em Bento Gonçalves há 15 anos e garante que há quatro ela se sente mais realizada e feliz. Isso porque, desde maio de 2013 ela tem o próprio salão e consegue sustentar a família com a profissão que escolheu.
Enquanto relata seu dia a dia dentro do Blitz da Beleza, Adriana se lembra da infância que passava ao lado do pai. “Ele era barbeiro. Nunca me esqueço de quando ele estava cortando os cabelos e eu ficava espiando, só para saber como era que as coisas aconteciam”, lembra.

A jovem empreendedora trabalhou em rádio, como vendedora, e foi em uma loja de cosméticos que teve o encontro entre a profissão e o sonho. “Tive a oportunidade de fazer um curso profissionalizante, lá aprendi e resolvi que não iria mais parar de cuidar dos cabelos e das minhas clientes”, observa.

Adriana garante que quanto mais desafiador for o cabelo que chegar até ela, mais prazeroso o trabalho fica. “Lembro quando abri o salão, não tinha nenhum cliente, vim na cara e na coragem. Hoje tenho pessoas que chegam até mim que vieram para resolver seus problemas de autoestima e quando mais difícil, melhor. Saio do Blitz realizada”, finaliza a microempreendedora.

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