Quase chegando ao fim, ExpoBento e Fenavinho marcam um momento de integração e felicidade para a região após as catástrofes de maio. Para quem está vendendo, quanto para quem está indo conhecer, avaliação é positiva
Este é o último final de semana em que os pavilhões da ExpoBento e Fenavinho estarão abertos, recebendo mais de 450 expositores e um grande número de visitantes. As tradicionais festa e feira, que chegam, respectivamente, à 32ª e 19ª edições, reuniram familiares e amigos com vinhos, gastronomia diversa, atrações culturais e muitos itens para serem comprados e apreciados. Mesmo com a mudança da data, em razão dos eventos climáticos de maio, causando certo receio entre os expositores, o resultado foi surpreendente, com alguns já tendo recuperado o investimento.
Coordenação
A organização do evento é feita por muitas mãos durante um longo período, representadas pelo presidente do Centro Indústria e Comércio (CIC-BG), Carlos Lazzari, o diretor geral da 32ª ExpoBento, Tiago Casagrande, e da Fenavinho, Patrícia Pedrotti.
Lazzari reafirma o compromisso do CIC com o evento e a importância dele para a cidade e região. “A 32ª ExpoBento e a 19ª Fenavinho estão concretizando o relevante propósito de fomentar a recuperação econômica para o Rio Grande do Sul. Temos visto, desde o dia 11 de julho, corredores cheios de visitantes, que vêm até a feira e a festa para fazer boas compras, estimulando a geração de negócios, e também para se divertir, aproveitando as atrações da programação. Estamos muito felizes pelos resultados que já estão sendo percebidos e confiantes de termos tomado a melhor decisão ao manter a realização dos eventos como ferramenta para protagonizar a tão necessário movimento de retomada”, esclarece.
Para Tiago Casagrande, a 32ª ExpoBento tem tido um novo significado perante toda a catástrofe que o estado sofreu. “O evento tem contribuído de forma muito positiva para a retomada econômica do estado, gerando oportunidades de negócios para os expositores, atraindo visitantes em bom número e fluxo constante e, também, colaborando para a retomada do turismo. Estamos todos empenhados nesse propósito e otimistas com relação aos resultados que serão concretizados até o fim desta edição”, realça Casagrande.
Patrícia, que foi responsável pelo Bodegão na edição passada, assumiu a diretoria geral da Fenavinho e comenta sobre as mudanças e o significado do evento. “Nesta edição, o Spazzio Fenavinho veio com novidades, em uma área 40% maior do que no ano passado, oferecendo uma nova proposta enogastronômica para os visitantes. As vinícolas, e consequentemente o vinho brasileiro, ganharam ainda mais protagonismo na festa, bem como a valorização do interior e da cultura da região, que tem no Bodegão diversas programações criadas para enaltecer o legado da colonização italiana. Estamos muito felizes com o envolvimento comunitário e por estarmos mostrando o Movimento Fenavinho para Bento Gonçalves e visitantes”, declara.
Expositores analisam o evento
Claudio Melino, empresário de 65 anos, trabalha com diversos azeites saborizados vindos de Minas Gerais. Ele revela que, inicialmente, com toda a tragédia que assolou o estado, estava preocupado com a feira, mas foi positivamente surpreendido. “Estou gostando da feira este ano. Estive no ano passado e achei esta melhor. Até me surpreendeu, porque estava receoso por conta das enchentes, mas realmente está sendo muito melhor”, conta. As vendas têm sido bastante interessantes para o empresário, que já lucrou acima do que investiu. “Mais movimento, vendas, as pessoas estão querendo gastar mais. Já compensou o investimento, no primeiro final de semana já conseguimos recuperar. Foi realmente muito bom. Até agora a organização está excelente, espero que continue assim no próximo ano”, diz.
Este é o segundo ano de Melino expondo seus produtos, e para ele, vale a pena. “São quatro meses de organização para a feira. O organizador entra em contato uns cinco meses antes, porque sabe que já participo. Pretendo voltar no próximo ano, com certeza. As vendas são a melhor parte da feira, mas também a divulgação. Meu produto é diferenciado, vendemos em vários estados e estamos tendo bons resultados aqui no Rio Grande do Sul”, conclui.
Marcos Julkoski, empresário do ramo de utilidades, também considera o ano interessante para negócios. “A feira está superando as expectativas. Por ter sido trocada a data, estávamos receosos, mas acabou sendo excelente. Não sabíamos como seria, porque a questão das enchentes afetou o poder aquisitivo da nossa região, pois é um investimento alto para o nosso setor”, relata.
Bodegão
Criado no ano passado, o espaço surge para contemplar a história dos imigrantes e homenagear os colonos que construíram Bento Gonçalves, através da tradição e do trabalho. Assim como a Fenavinho, o espaço foi ampliado e reúne diversas pessoas que disponibilizam seu tempo para apresentar aos visitantes um pouco dessa cultura. Este é o caso de Jaqueline Bissolatti, de 54 anos, que faz dressa, e explica o que é exatamente esta arte. “É a trança que aprendemos que veio da Itália com nossos antepassados, para fazer as esporas, o chapéu. Hoje, no mundo moderno, fazemos diversos itens, como bolsas e conjuntos de servir de mesa. Com a palha de trigo podemos fazer muita coisa, até mesmo cabeceira de cama, um móvel”, explica.
Para ela, vivenciar tudo isso no evento é ver sua vida sendo retratada de uma forma bonita. “Tenho 54 anos e vivo a Fenavinho desde criança, porque é a minha família, história e infância. Para mim é uma honra poder representar a nossa cultura. O que nos trouxe aqui é o amor pela nossa terra, por manter viva a nossa cultura e aproveitar essa oportunidade que a Fenavinho, junto com a ExpoBento, está dando para mostrar como vive o nosso homem do interior”, conta.
Visitantes
Até o momento, mais de 150 mil pessoas já visitaram os pavilhões para apreciar a cultura, fazer compras e provar os diversos vinhos feitos na região. Seja da cidade ou turistas, todos querem ver o que há de novo. Alexandre Bortoletto, de 43 anos, e Michele Cunha, de 44, foram com o filho Rafael. “Está bem linda e bacana. Entramos na praça de alimentação e estamos circulando. Pelo que vimos, está tudo muito organizado e com opções para todos os gostos. É uma feira para a família toda”, realça Michele.
Para Bortoletto, a feira é uma forma de mostrar a cultura da região e os produtos feitos no estado. “Gostei do espaço do agronegócio. Há bastante opções para o pessoal, muita fabricação própria, temperos diversos. A parte da gastronomia é excelente, seja na praça de alimentação ou nos estandes da agricultura familiar. Acredito que está tudo ótimo. A feira é sempre isso, mostrar e reforçar o que é daqui”, diz.
A especialista em Marketing, Jaqueline Paula de Bona, se desloca todos os anos de Farroupilha até Bento para fazer compras e aproveitar a variedade de comidas. “Estou gostando do evento, este ano e achei diferente e melhor, já fiz várias compras. Sou de Farroupilha e venho todos os anos para Bento visitar a ExpoBento. A melhor parte para mim é que, por ter alergias alimentares, aqui tem muita coisa: vinhos, sucos, alimentos, geléias, chás. Essa variedade é o que gosto”, destaca.
Agricultura familiar e o novo espaço
Alceu Speranza tem uma cantina junto do irmão Márcio Lucas e conta o que achou até o momento. “A feira está bem diferenciada, bem bacana. O espaço está todo repaginado, ficou muito bonito. Todas as cantinas estão basicamente no mesmo lugar, e isso é bem bacana. Toda a feira é uma surpresa, mas esta já superou as expectativas. Já tivemos anos melhores, mas com tudo que aconteceu, está excelente. Ano que vem pretendo voltar, e é só se manter da mesma forma que será mais um acerto”, realça.
Já Clarice Rhor, que trabalha com biscoitos, não gostou do espaço onde ficaram. “Para nós, da agricultura familiar, que viemos já há algumas edições, estávamos em outro local onde passava todo mundo e consideramos uma feira muito boa. Mas este ano mudaram nosso lugar e nos colocaram aqui embaixo na saída da Fenavinho. Isso não está sendo legal, o pessoal já chega aqui com as mãos cheias de mercadorias, já gastaram o que tinham para gastar. Enfim, não compensou o investimento”, critica.