Data homenageia os profissionais que trabalham com o “pé na estrada”, seja transportando pessoas, mercadorias ou chegando com auxílio, além de lembrar quem trabalha de sol a sol, levando o sustento para a população

Na próxima terça-feira, 25 de julho, é comemorado o Dia do Colono e do Motorista. A data é celebrada desde 1924 e surgiu em meio às festividades do centenário da chegada dos primeiros imigrantes alemães ao Rio Grande do Sul. No segundo caso, o dia foi instituído no Brasil em 21 de outubro de 1968, por meio do Decreto nº 63.461, e também decorre do dia dedicado a São Cristóvão, santo padroeiro dos motoristas.

Para homenagear estes profissionais que tanto batalham diariamente, enfrentando as adversidades nas estradas e as intempéries do clima, conheça a história de alguns motoristas e colonos que fazem a diferença na sociedade.

Transportando experiências

O sócio-proprietário e motorista da Trentino desde dezembro de 2021, Daniel Mattei, 40 anos, trabalha na área desde os 18 e revela que o impulso veio da família. “Grande parte da minha família trabalha com transporte, meu pai, irmão, primos e tios. Foi aí que comecei a gostar da atividade”, diz.

Daniel Mattei, motorista do Trentino. Foto: Claudia De Bona

De acordo com Mattei, como motorista tem o objetivo de transportar pessoas com muita segurança e responsabilidade. “Para que elas possam desfrutar das lindas paisagens da nossa bela Serra Gaúcha. Trabalhar no turismo é muito gratificante, pois levamos os visitantes para conhecer lugares e podemos presenciar suas experiências maravilhosas e marcantes para a vida toda”, ressalta.

Além disso, ele destaca sobre os que vem, todo final de semana, realizar o passeio no transporte tão diferenciado que ele assumiu o volante. “Os passageiros da Trentino são tudo para nós! Recebemos turistas de todo o Brasil, com curiosidades e expectativas de conhecer nossa região, todos são especiais, conversamos durante as paradas e visitações, buscando esclarecer suas dúvidas”, frisa. E conta sobre alguns acontecimentos. “São muitas histórias, como a pergunta recorrente: ‘O Trentino é a lenha?’, e o encantamento que quando ele passa, proporciona nas pessoas, principalmente nas crianças”, completa.
Mattei deixa uma mensagem de celebração. “Desejo a todos clientes e amigos motoristas de todo o Brasil um salve com muito carinho e muita proteção”, finaliza.

O volante é dela

A motorista de transporte escolar, Marines Zonta Pelegrini, 42 anos, iniciou sua jornada na profissão em 2012, ela explica sobre a motivação. “Foi por influência do meu esposo, que já estava no ramo e via o número de clientes crescer. Por isso, precisava de ajuda”, revela.

Para ela, algumas medidas poderiam ser feitas para ajudar, inclusive, a mobilidade urbana no município. “Ao meu ver, quanto mais fosse incentivado o transporte escolar, ajudaria a diminuir o número de carros na rua, reduzindo o trânsito em nossa cidade”, nota.

Marines Zonta Pelegrini, motorista do transporte escolar. Foto: Lucas Beltran

Marines conta que gosta muito da ofício, apesar de alguns obstáculos. “Para dirigir até as escolas é mais complicado, pois pegamos sempre os horários de maior movimento”, diz. Além disso, as vagas de vans e ônibus às vezes já estão ocupadas quando ela chega no local. “Gostaria de pedir a gentileza dos pais, para que não estacionassem onde tem as placas para o transporte escolar em frente aos educandários. Penso somente na segurança das crianças, para um embarque e desembarque mais seguro”, solicita.

Conforme a profissional, na grande maioria das vezes as crianças são legais com ela. “Até brinco que acabo sendo motorista, mãe, psicóloga, terapeuta e professora, pois como estão acostumados chamar a profe, às vezes se confundem e me chamam também”, lembra.

Durante tantos anos de ocupação, muitas situações acontecem, mas alguns nunca são esquecidas. “Teve uma vez que estava transportando desde o início do ano uma menina, com aproximadamente dois anos, que veio do Haiti. Ela estava super adaptada, só que num certo dia, quando começou a esfriar, ela não parava de chorar e fiquei intrigada tentando entender o motivo do choro, aí percebi que era de frio. Ela não tinha roupas quentes. Pegava ela bem cedo, às 6h30min, quando cheguei em casa não conseguia me esquecer dela e cogitei ir comprar roupas para ela. Foi então que tive a ideia de chamar as mães de crianças que iam de transporte conosco e no mesmo dia arrecadamos duas sacolas de roupas. Foi muito emocionante e no outro dia ela já não chorou mais”, recorda Marines.

À caminho de quem precisa de ajuda

Em todo o Brasil, há profissionais responsáveis por transportar a equipe de socorro de uma unidade de saúde até uma ocorrência e por auxiliar durante a assistência, além de conduzir a ambulância nos casos em que a vítima necessite de um atendimento hospitalar. É um trabalho que exige agilidade, autocontrole, comprometimento e responsabilidade.

Eliabe Goulart, de 36 anos, é condutor socorrista de ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Bento Gonçalves há pouco mais de um ano, após cinco tentativas. “Minha motivação foi quando eu servi no HGUBA (Hospital de Guarnição de Bagé), onde atuei em 2006 e gostei da área da saúde”, menciona.

Em 2008, o destino o trouxe a Serra Gaúcha, local que proporcionou diversas oportunidades para ele. “A primeira coisa que fiz foi a carteira de motorista, para um dia ser motorista de Ambulância. Trabalhei em firmas e no ano de 2014 consegui entrar como motorista do Hospital São Roque, em Carlos Barbosa. E ali comecei a fazer cursos para ir mais além e um dia trabalhar no Samu”, vislumbra.

Eliabe Goulart, motorista da ambulância do Samu. Foto: Lucas Beltran

Conforme Goulart, a rotina como socorrista é uma caixinha de surpresas. “A gente nunca sabe o que nos espera quando assumimos o plantão. Mas uma coisa eu posso dizer, cada um de nós dá o nosso melhor a cada dia. As ocorrências que necessitam mais de ambulância são aquelas que geram risco à morte, por exemplo: parada cardíaca, acidentes automobilísticos, acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio, entre outros”, afirma.

Um dos principais desafios do condutor, no ponto de vista dele, é chegar até a cena, levar e trazer a equipe e o paciente em segurança. “Além disso, nem sempre os motoristas dão preferência para nós passarmos, principalmente nos horários de pico. Mas geralmente o pessoal de Bento é educado nessa parte. Talvez precisaria de mais orientações para a população saber como agir nesses casos”, orienta.
O que Goulart mais gosta na profissão é saber que está ajudando muitas pessoas. “E não escolhemos raça, crença, se a pessoa é rica ou pobre. Ir para casa com a consciência tranquila de que dei o melhor no dia do meu plantão”, diz. Apesar disso, alguns momentos ele jamais esquecerá. “Acredito que quando há perdas (óbitos) é quando mais me comove, pois, a equipe quer dar o seu máximo para salvar alguém, porém nem sempre é possível. E isso acaba marcando o nosso dia. Mas, temos que ser fortes, pois outras pessoas precisam de nós em outro chamado”, descreve.

Para os que têm o sonho de ser condutor da Samu, ele deixa algumas recomendações. “Por mais difícil que seja, nunca desista. Estude para sempre estar preparado e atualizado em cursos da área. Para ser bom na profissão, acredito que tem que se ter amor ao próximo, ser dedicado e, muitas vezes, se colocar no lugar de quem precisa de ajuda. Pois nunca sabemos quando vamos precisar”, salienta.

E complementa. “Se você sente vontade de ser um condutor, se fica olhando uma ambulância passar pela rua e pensa em estar nela, corra atrás e vá em busca de conhecimento e estudos. Eu era uma pessoa que tinha essa vontade e levei mais de cinco anos para estar onde estou hoje. Uma das maiores coisas que nunca me deixaram desistir foi a fé e acreditar em Deus. que um dia eu conseguiria estar nesta profissão. Agradeço pelo espaço que me foi dado e não só dedico essa postagem para os colegas de profissão, mas sim para todo mundo que trabalha nessa área de socorristas. Que Deus sempre possa nos ajudar a ter comprometimento, amor ao que fazemos e agilidade na missão que nos foi dada”, encerra.