Volume de colheita da cooperativa, neste ano, deve chegar aos 75 milhões de quilos, cerca de 10% a mais que em 2022

Com um volume que deve chegar aos 75 milhões de quilos, a Vinícola Aurora está recebendo diversas variedades de uva da safra deste ano. A quantia esperada de frutos é cerca de 10% maior que a colheita de 2022, que foi de 66 milhões. Os associados estarão entregando a colheita até o encerramento da vindima, que ocorre no mês de março.

A produção dos cooperados se estende por 2,8 mil hectares de área cultivada em 11 municípios da Serra Gaúcha. Além dos associados bento-gonçalvenses, viticultores de Veranópolis, São Valentim do Sul, Guaporé, Cotiporã, Monte Belo do Sul, Santa Tereza, Pinto Bandeira, Vila Flores, Farroupilha e Garibaldi integram o quadro da cooperativa.

São produzidas mais de 60 variedades de uvas, mas no momento a Aurora está recebendo as viníferas Merlot, Tannat, Trebbiano e Chardonnay. Das americanas e híbridas, os produtores estão entregando a Isabel, BRS Cora, Bordô, Isabel Precoce, Lorena, entre outras de menor volume.

De acordo com o gerente Agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora, Mauricio Bonafé, o acompanhamento é feito em todos os ciclos da videira, desde o manejo na propriedade, até chegar à colheita, que é feita 100% de forma manual. “Estes trabalhos são realizados pela nossa equipe de agrônomos, que não medem esforços para o bom andamento da safra. Temos um cuidado especial no recebimento nas unidades da Aurora, que são todos agendados com antecedência para reduzir o tempo de espera e evitar perda de qualidade”, frisa.

Conforme Bonafé, as condições climáticas estão favoráveis, com índice pluviométrico dentro da normalidade e sem previsão de grandes alterações até o final da colheita. “Mesmo que seja cedo para falarmos em grau brix, a tendência de continuidade de um verão menos chuvoso propiciará a maturação das uvas e aumento dos teores de açúcar na fruta, fundamentais para uma graduação maior necessária para a produção de grandes vinhos”, informa.

A cooperativa faz um trabalho tecnológico desenvolvido durante todo o ciclo produtivo da videira, até chegar ao recebimento nas três unidades, garantindo maior qualidade. “Cito algumas ações como o monitoramento climático para a prevenção do míldio, que é uma das doenças fúngicas que mais prejudicam a videira, e as otimizações constantes nas regulagens de pulverizadores. Outras iniciativas são voltadas para a rastreabilidade e melhoria da competitividade do produtor, além do estímulo ao plantio de novas variedades”, salienta.

O cultivo das viníferas neste ano, segundo o gerente, está apresentando uma ótima sanidade e colheita dentro das médias esperadas. “Entre as brancas, destaco a Malvasia de Cândia Aromática, ela tem tido um incremento em produção vindo principalmente do aumento das áreas plantadas, e vem também se sobressaindo pela qualidade no campo e pelos produtos elaborados. Quanto às variedades americanas e hibridas, destaque para a Bordô, com bom volume e evoluindo muito bem em sua maturação”, conclui.

Associados

O produtor da Linha Amadeu, Tadeu Bottin, entregou na última sexta-feira, 10 de fevereiro, 18 caixas grandes da uva Chardonnay. “Além dessa variedade, também cultivo Cabernet, Merlot, Bordô, Cora e Magna. A parceria com a Aurora vem desde o meu avô nos anos 1960, é muito boa e auxilia em todos os sentidos. Além disso, a expectativa é de uma safra de qualidade e com excelente graduação”, afirma.

Atualmente, Bottin diz que seu trabalho não é mais tão pesado, por conta das tecnologias utilizadas. “O carregamento é feito com as bins, caixas plásticas padronizadas, que otimizam espaço. Nas parreiras, não tem mais aquele trabalho braçal”, diz.

A experiência de Luíz Cimadon, 79 anos, agricultor da Linha Fernando Lin, de Monte Belo do Sul, é o exemplo de muitos trabalhadores do campo, que seguiram a tradição da família e investiram na produção de uva. Na última semana, Cimadon entregou a Trebianno para a cooperativa, na qual é associado desde os 24 anos. “Tenho dois filhos, um deles ainda mora comigo e me ajuda bastante no cultivo da uva. Tenho sete empregados para auxiliar na safra, levamos uns dois meses para colher e trazer toda a uva para a Aurora. A colheita é um pouco difícil quando o parreiral está alto, temos que tirar a uva com a tesoura. Mas vou continuar até que dê, pois já tenho certa idade”, afirma.

O jovem produtor, Mateus Marin, de Veranópolis, também esteve descarregando uvas. “Trouxe a uva Trebianno, mas também cultivo as viníferas Chardonnay e Pinot Noir. Escolhi elas pela qualidade, rentabilidade e o clima que favorece essas variedades”, ressalta.

De acordo com Marin, a associação com a Aurora vem de gerações, há mais de 50 anos. “Meus avós e pais criaram essa parceria e me passaram todo o conhecimento que tenho hoje sobre agricultura. Além disso, agora temos tecnologias como as bins e aparelhos mecanizados, que só tendem a fazer o setor crescer pela facilidade”, completa.

Fotos: Cláudia Debona