Na última quinta-feira, 25 de agosto, foi comemorado o Dia do Feirante, o profissional que trabalha duro para produzir e levar alimentos de qualidade até as mesas de toda a população. Essa data é homenagem à primeira feira livre que aconteceu no Brasil, em 1914, na cidade de São Paulo.

Em Bento Gonçalves, as feiras livres são um importante espaço de comercialização dos produtos da agricultura familiar, sendo também um local de socialização e identidade cultural.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Cedenir Postal, a feira tem grande importância para o consumidor, pois ele irá adquirir produtos de qualidade e direto com os agricultores, sem intermediários. “Em muitas cidades, principalmente nas capitais, os que trabalham em feiras compram itens na CEASA ou de agricultores e trabalham o dia todo vendendo esses produtos. Diferente do nosso município, onde são os próprios produtores que vendem sua produção”, afirma.

O sindicato faz parte do conselho da tradicional Feira do Produtor Rural e auxilia dando suporte nas reivindicações dos agricultores. “Tivemos uma grande mobilização quando a feira fechou por parte do poder público, conseguimos reverter o quadro acionando a justiça. Também seria importante conquistarmos um outro espaço com maior infraestrutura, com a possibilidade de ser um local aberto, com banheiros e outras melhorias pontuais”, relata.

Segundo Postal, os principais desafios dos produtores de Bento são a sucessão dos que não têm filhos e o clima, que vem mudando rapidamente na região. “Muitos não têm linhagem, quando terminar essa geração, é preocupante de que muitos jovens não irão vender nas feiras. Além disso, a agricultura é uma indústria à céu aberto, há incertezas no clima, às vezes faz frio fora de época, há estiagem ou calor excessivo”, lamenta.

O secretário fala muito em cadeias curtas, que é vender próximo ao local de produção, e isso beneficia as economias locais, o meio ambiente pelo menor consumo de combustível, o custo para quem adquire é menor e para quem vende o lucro também agrega mais. “São produtos de qualidade oferecidos ao consumidor, uma diversidade grande e isso reflete na qualidade nutricional, pois não fica concentrado só um tipo de mercadoria, como acontece no grande agronegócio”, completa.

Feirantes garantem produtos de qualidade

Banca de Celso Antônio Strapazzon

O agricultor do distrito de São Pedro, Celso Antônio Strapazzon, participa das feiras do município há mais de 30 anos. “Comecei vendendo junto com meu tio e, após um tempo, fui indo por conta própria”, conta.

Ele explica que vende somente o que produz em sua propriedade, fruto de mão de obra familiar. “Plantamos, irrigamos, colhemos e classificamos frutas e hortaliças, como seis tipos de alface, salsa, cebolinha, rúcula, radicci, morango, tomate cereja, uva de mesa, beterraba, entre outros”, comenta.

Além de participar da Feira do Produtor, que acontece aos sábados no centro de Bento, Strapazzon faz entregas em mercados e restaurantes durante a semana. “Ser feirante é muito gratificante no sentido de ter um contato direto com as pessoas, fazendo amizades com consumidores e colegas feirantes. Além de poder vender a nossa produção e tirar nosso sustento”, conclui.

Roque e Loreni Lovisa

Para os agricultores e moradores do interior de Monte Belo do Sul, Roque e Loreni Lovisa, as feiras iniciaram em maio de 2012, com seus vinhos, frutas, pães, doces em calda, suco, geleias, aipim, batata inglesa, melado de cana e vários outros itens. “Temos uma agroindústria familiar de vinhos, que é nosso carro chefe”, revela.

O casal participa da Feira do Produtor em Bento Gonçalves, além de eventos em Monte Belo do Sul. Segundo eles, o dia a dia de um feirante é um trabalho contínuo. “Mas ao mesmo tempo é prazeroso, pois os produtos têm uma boa aceitação”, declara.

Além disso, os desafios são constantes por conta do frio. “O tempo, muitas vezes não ajuda nas culturas, mas sempre tem uma recompensa. É incrível ver o cliente satisfeito, nós trabalhamos com responsabilidade e entregamos produtos de ótima qualidade”, encerra.

Há 38 anos, a agricultora Maria Teresa Chesini Osmarin atua como feirante na região e, junto ao marido Jandir Ernesto Osmarin, cultiva itens de qualidade que, posteriormente, farão parte da alimentação dos bento-gonçalvenses. “Ele começou a feira cinco anos antes de mim, depois eu comecei a participar e até hoje seguimos juntos como feirantes”, menciona.

Após casarem, tiveram três filhas, e conforme elas foram crescendo, iam participando das feiras junto aos pais. Atualmente, são formadas na faculdade e seguiram outras profissões, mas Maria sempre lembrará de toda ajuda que deram aos pais no setor da agricultura familiar. “Todas elas começaram a nos acompanhar desde novinhas, quando tinham uns seis ou sete anos. Nos auxiliaram durante 28 anos, começando pela mais velha e, após, as gêmeas. Hoje são formadas em enfermagem, psicologia e direito”, valoriza.

De acordo com Maria, tudo começa no plantio e cultivo de hortaliças, seguido pelo dia a dia da maioria dos feirantes. “Realizamos entregas em fruteiras durante a semana e aos sábados de manhã participamos da feira no centro da cidade. Temos alface, radicci, rúcula, tempero verde, couve flor, brócolis, repolho e outras variedade de hortaliças”, realça.

A agricultora destaca sobre a união entre os agricultores que participam e a gratificação que sente em fazer parte desses momentos. “A feira é uma segunda casa para mim, pois faz tanto tempo que participo. Não é somente uma venda, é um encontro com amigos”, ressalta.

Para ela, o clima é um dos desafios para quem se aventura no mundo das feiras. “O frio e a chuva dificultam um pouco, além da falta de banheiros nos locais. Seria muito importante ter algum lugar na praça para podermos utilizar durante o período que estamos lá, pois saímos de casa às 3h da manhã e voltamos umas 10h30min”, finaliza.

Feira Ecológica

Cidade Alta
Rua Fernandes Vieira (entre as ruas Olavo Bilac e Visconde de São Gabriel)
Sexta: 14h às 18h

Feira Livre do Produtor Rural

Juventude da Enologia
Travessa Pelotas (Avenida Osvaldo Aranha)
Terça: 6h às 9h30

Centro
Rua Barão do Rio Branco e Travessa Maceió – Centro
Sábado: 5h às 10h30