MINHA VIDA ILUMINADA

De vez em quando ouço alguém falar mas, da minha memória não saem os anos dourados, a minha vida iluminada. Dos meus 12 aos 14 anos, andar de bicicleta pelas praças centrais, iluminadas pelos lampiões que, enquanto na Europa permanecem e provocam encanto, aqui desapareceram. Na minha juventude, da missa das 8 que muitos iam para escapar da missa das 10 do Pe. Manica que, do púlpito evocava um sermão de hora e meia. Da “missa do galo” no Natal, cheia de elegância em respeito a Deus e a simbologia do Natal. Das sessões de cinema do Clube Aliança, das 8 e das 10 da noite, com lançamentos a nível nacional. Dos passeios pelas calçadas do centro, das 20 às 22 horas, “elas” desfilando e “os rapazes” observando.Dali e, das saídas dos colégios, brotavam namoros e casamentos. E da banda do QUINCA que sufiava inclusive LAMPIÃO DE GÁS. Saudosista eu? Não, este é um brado de lamento. Não vejo mais os lampiões, não vejo mais os passeios dominicais, não vejo mais as sessões de cinema, não assisto mais as peças teatrais com Procópio e Bibi Ferreira, passo pelas praças, pelo centro, aos sábados a tarde, desertas, não se tem como, ali, comprar um refri, comer uma pipoca, ver uma atração artística, um palhaço, a Banda, tantas vezes anunciada, mas que não toca. E quando entro na Igreja Santo Antônio, meu desencanto é ainda maior. A pretexto de modernizá-la, sacaram o histórico púlpito, os confessionários, o altar com os bancos das autoridades que lhe davam o encanto e a magia da história. Viaja-se o mundo inteiro, primeira coisa que se faz é visitar as Igrejas e seus encantos, a NOTRE DAME incendiada, com milhares de pessoas sentadas a sua frente e orando, o DUOMO de MILÃO, em cujo piso de mármore me deparei com o túmulo do CARDEAL CAPRARA (quem terá sido?), a CATEDRAL DE ORLEANS, na França, onde Joana D’Arc foi abençoada, e por aí vai. Tudo isso está lá no seu formato original, histórico, significativo, com missas de hora em hora em meio as pessoas contemplando a história. Eu queria muito conversar com o Conselho Paroquial, com o Pe. Vigário que permitiram esse “despir” da história. PORQUE? Onde vai se ver agora ali dentro os símbolos da militância religiosa, do Pe. Mascarello, do Pe. Manica, do Pe. Giordani, que nos deixou esta semana? E os símbolos da Imigração?

A LUZ

Fui a inauguração do PIAZZA SALTON, gostei do que vi, gosto muito das obras da Construtora Poletto, do formato delas. Do primeiro piso contemplo um cenário lindo, poético, da PIAZZA com a IGREJA MATRIZ SANTO ANTÔNIO que está linda, foram muito felizes na iluminação e nas cores, foram infelizes ao despi-la por dentro. Revitalizar, dar vida ao centro, propiciar evolução do comércio, contribuir para o fluxo turístico, tudo isso está inserido também no PIAZZA. O investimento é um grande pilar implantado para a tão pretendida revitalização do centro histórico que, de histórico tem quase mais nada. Foram vultuosos investimentos para edificar a Via del Vino na qual transformaram um moderno chafariz, estilo europeu, em um chafarizinho ilustrativo. Não tem vida o centro a não ser no horário comercial. Para incrementá-lo precisamos ter transporte público, acesso do turista, bares, cafés, Vino Bar, lanches, espalhados ao longo da via, coisa que se vai conseguir com ação integrada: subsídio ao transporte público para que a população possa vir ao centro, em horários de lazer, flexibilização permitindo que o trabalhador possa optar pelo trabalho se quiser trabalhar, ação de motivação e transformação do modo de pensar do comerciante. Se não for assim me digam, o que traria o povo e o turista ao centro ou às praças nos sábados e domingos? O belo cenário? Desafio para o Prefeito.

A SALTON

Demorou um pouco mas a SALTON formatou muito bem o aproveitamento do seu prédio, outrora cantina, hoje histórico, traduzido em SHOPPING. Ficou bonito e atraente. Quando eu subo a Doutor Montaury não consigo deixar de ver o NINI SALTON saindo da empresa com seu CHEVROLET, nem tampouco o Sylo Salton, na calçada conversando com as pessoas do povo ao sair da empresa. Eram ícones populares, as grandes transformações, não sem turbulência, da empresa propiciaram o momento atual que une o significado histórico como instituição; a riqueza humana de seus fundadores, e a competência de seus dirigentes, na modernidade conduzida pela liderança de Daniel, filho de Sylo, seus filhos e familiares, acompanhados da vigilância constante e visão do Antoninho Salton. Um novo momento comunitário para a Salton que neste empreendimento tem como parceiros a CONCRESUL e a CONSTRUTORA POLETTO.

OS SETE LENDÁRIOS

Em direção ao incremento do ENOTURISMO, a MIOLO lançou um roteiro específico para conhecer os SETE LENDÁRIOS 2020, uma safra especialíssima, “lendas brotadas de vinhedos próprios” como define a empresa. Embora eu seja também um tanto “LENDÁRIO”, achava que estivesse preparado para tudo, soubesse mais que muita coisa, mas, mais uma vez, os ditames do meu avô vieram a tona “HOMEM SÓ PARA DE APRENDER QUANDO MORRE”. Convidado, participei do ato de lançamento dos SETE LENDÁRIOS, nas dependências da Vinícola e de jantar no SPA DO VINHO. O cenário contemplado do alto da torre me transportou para a TOSCANA, na Itália. Fantástico e emocionante. Como diria um guia turístico, RECOMENDO! Na visita ao parreiral modelo, integrante do roteiro, me transportei aos meus tempos de guri, estudante da Escola de Enologia, quando o Professor Pimentel resolveu implantar um parreiral modelo com várias castas. Coube a cada aluno plantar dez pés de parreira, picareta e pá na mão e, muito suor. Ainda estão lá, quando transito pela Vendelino mando um abano para elas. Estou assistindo a série da NETFLIX VERSSAILES (recomendo), e não vi, através de reis, até agora, uma recepção como a propiciada pela MIOLO no SPA e seu cenário de “Castelo das Mil e Uma Noites”. Sentei na requintada mesa que me foi designada, ao meu lado experts em vinhos, na minha frente copos, “mil copos”, um cenário deslumbrante. Sabem o que eu pensei? O que vai ser de mim agora, sou do tempo do SANGUE DE BOI! Fui no grito de guerra dos “BACKYARDIGANS”, “FORÇA E CORAGEM”! Primeiro as explicações, a saudação, do competente e poderoso ícone da vitivinicultura mundial ADRIANO MIOLO, “chefs de Cousine” haviam recebido os vinhos e cada um teve a missão de criar um prato que possibilitasse o maior resplandecer as propriedades daquele vinho recebido. Assim, veio o primeiro prato e com ele as explicações do Chef sobre o que o levou a fazer aquele prato e seus complementos para a degustação plena daquele vinho. Depois, vieram os “EMBAIXADORES”, pessoas experts em vinho, que falavam sobre as propriedades contidas no vinho, seus sabores e sensações provocadas. A cada apresentação, aplausos, muitos aplausos, muitos vivas para os pratos e para os lendários, vindos da plateia de convidados, jornalistas, Youtubers, colunistas especializados em vinhos, vindos do centro do país, em torno de 50 pessoas, trazidos pela MIOLO. Realmente, a HARMONIZAÇÃO tem seu grande valor. Me senti honrado e ilustrado por participar e cheguei a conclusões: a primeira, no AFTER DAY, juntei todos os vinhos preciosos que tenho, comprei um móvel e organizei a minha adega. Agora, quando esse pessoal vier para cá e falar de sua Adega de Vinhos Preciosos, eu também vou poder dizer que tenho a minha Adega de “LEGENDÁRIOS” produzidos em Bento entre os quais estão dois da Miolo; vou ter que ir urgentemente a São Paulo para gravitar naqueles restaurantes dos Chefs (bisonha soldi) para me harmonizar com a grandeza formatada em torno da vitivinicultura brasileira. A todo instante me transportava a figura do “Seu Darcy” (in memoriam), com quem mantinha estreito relacionamento, como Secretário Municipal e depois como jornalista. Quantos encontros, quanta comida boa preparada por Da. Gladis, no pequeno, acolhedor e italianíssimo restaurante na casa antiga da MIOLO, onde tudo brotou; por fim me veio a mente os dias que passei em Mendoza, 17 dias, levados pela HEUBLEIN, prêmio aos principais fornecedores, onde vasculhamos cantinas e parreirais. Lá estava estudando o Adriano, um reservado guri estudante. Por tudo que vi por lá, comentei com o Prof. Paulo Zanatta, “essa gurizada vai contribuir para inovar a vitivinicultura de Bento”. Dito e feito, ali estava o ADRIANO, por quem passa todo o dia a dia da vida da Miolo, aqui, em Livramento, no Nordeste (mil hectares de parreiras), um líder que se impõe pelo trabalho, pelas ideias, pelas convicções, de ações discretas, reservado, mas cheio de brilhante saber. O Toninho, um dos irmãos de ADRIANO, está em convalescência, ausência sentida, todos torcem por ele.

Fábio Miolo, Adriano Miolo, Paulo Miolo, Ana Paula Miolo e Alexandre Miolo, o CLÃ dos Miolo. Na foto falta o Antônio.