Hidratação e cuidados com a pele são primordiais para evitar outros problemas
A onda de calor intensa dos últimos dias, assim como as altas temperaturas, não deve dar trégua. Conforme a previsão do tempo, as máximas devem chegar aos 36ºC no decorrer da próxima semana. Buscar alternativas para ajudar a amenizar o calor é necessário para manter a saúde em dia.
Segundo a meteorologista, Ludmila Pochmann, essa condição de tempo atípico está ocorrendo por conta do fenômeno La Niña. “Que inibe a formação de grandes nuvens de chuva que chegariam ao sul do continente. Essa inibição diminui a quantidade de umidade e vapor de água na atmosfera, aumentando as temperaturas”, esclarece.
Ela aponta que isso ainda pode se repetir ao longo do mês de fevereiro e, por isso, todo cuidado é necessário. “O próximo mês é o auge da estação e, com isso, idosos, crianças e as pessoas que trabalham a céu aberto têm que se proteger, principalmente da radiação ultravioleta que no Brasil todos os seus índices são extremamente nocivos. Infelizmente, a previsão de pouca chuva continua até o fim da estação. Portanto, os gaúchos vão ter que se adaptar a essa situação extrema que estamos enfrentando”, sinaliza.
Entre os principais cuidados, estão os básicos. “A comunidade de saúde nacional e também mundial recomenda o uso de filtro solar até nos dias de inverno, então, no caso do verão, principalmente, fator 60 para cima, para quem for ficar exposto. Órgãos como a Brigada Militar, por exemplo, disponibilizam aos seus profissionais filtro solar como equipamento de segurança, pois, qualquer quantidade de radiação ultravioleta, independente do horário, é nociva sim à saúde e à pele”, discorre.
Pele deve ser protegida
Para a dermatologista, Monique Giongo Basso, esses e muitos outros cuidados são primordiais para manter o maior órgão do corpo saudável. “Para proteger a pele e nosso organismo como um todo, nos dias quentes devemos aumentar a ingestão de água. Perdemos muito calor através da pele, o que faz com que a necessidade de água aumente no organismo.
Devemos nos proteger do sol e do calor excessivo. Não é aconselhado permanecer por longos períodos expostos ao sol. Devemos usar sempre filtro solar, que deve ser reaplicado ao longo do dia. Podemos associar o uso de óculos escuros, bonés, chapéus e roupas com FPS para uma proteção ainda maior”, indica.
Nos dias mais quentes, as pessoas costumam transpirar bastante também. Apesar de muitas vezes ser inconveniente, o suor também é necessário. Conforme Monique, ele é produzido visando a manutenção da temperatura corporal. “Quando ela aumenta, há a produção de suor pelas glândulas sudoríparas para auxiliar a redução da temperatura. Devemos repor as perdas líquidas pelo suor com o aumento da ingestão de água”, lembra.
Outra questão que também costuma aumentar nesta época do ano são as alergias, principalmente ao calor. “Para os que sofrem com os problemas de pele que surgem no verão, devem usar roupas mais leves, que facilitem a transpiração e que não retenham o calor. Evitar permanecer com roupas suadas e abafadas, aderidas à pele e, se necessário, procurar um profissional de sua confiança para uma consulta mais detalhada”, considera.
No dia a dia
Quem trabalha exposto às intempéries, faça chuva ou faça sol, é quem mais sofre. Entretanto, também buscam amenizar o ‘calorão’.
Para Vilson Maciel, um dos responsáveis pela limpeza urbana do município, os meses de janeiro, inevitavelmente, são os mais complicados. “Além de ser mais comprido, é muito mais quente. No mês de fevereiro a situação já ameniza. Entretanto, para ajudar a aliviar o calor, tenho sempre minha garrafa de água junto e procuro dividir os locais onde atuo, priorizando aqueles com mais sol de manhã, onde as temperaturas estão mais amenas, e dar preferência para os lugares que têm mais sombra pela parte da tarde”, pontua.
Ele diz ter sua preferência por uma estação do ano. “O inverno, pois nele a gente procura o sol para se aquecer. No verão, ‘temos que fugir dele’”, brinca.
A colega de profissão, Cleonilda Rodrigues dos Santos, diz que os dias têm sido difíceis. “Para nós é muito calor, principalmente pela parte da tarde. Tomo em torno de dois litros de água por dia e passo filtro solar. Em casa, ventilador ligado direto e muito tererê para amenizar”, frisa.
Antonio Nuncio tem orgulho em deixar ‘a cidade limpa’ e, por isso, os cuidados com a saúde são primordiais. “Durante o turno de trabalho, tomo água e passo protetor. Quando possível trabalho na sombra”, enfatiza.
A situação também é compartilhada por Leandro Tumelero, pedreiro com 25 anos de profissão. Ele, que já tem muita experiência com o clima, comenta que neste ano a situação está mais complicada. “Entretanto, adaptamos algumas coisas para que pudéssemos trabalhar. Mudamos o horário, começando mais cedo de manhã e indo embora antes na parte da tarde. Além disso, priorizamos usar roupas compridas, protetor solar e muita água para hidratar. Quando possível, trabalhar na sombra”, aponta.
Alimentação e hidratação para amenizar
Um dos aspectos primordiais para o organismo é a hidratação. Conforme a nutricionista, Franciele Valduga, nosso organismo é composto por cerca de 70% de água. “Ela está dentro de todas as nossas células, no sangue, no cérebro, no intestino, na pele, entre as articulações…. Enfim, é essencial para o bom funcionamento do organismo como um todo”, explica.
Ela enfatiza que para se manter, o corpo necessita de uma temperatura estável. “ Que deve ficar por volta de 35,5ºC a 37,5°C. Caso contrário, várias reações importantes começam a falhar. Em clima muito quente, como vem acontecendo neste verão, ajustar o consumo de água é ainda mais essencial, pois a desidratação acontece com mais facilidade”, alerta.
Os sinais de desidratação podem variar. Por isso, a profissional explica os casos que podem levar a este quadro clínico. “Todos os dias, quando você não atinge seu volume pleno. Somente para produzir saliva, nosso corpo precisa de 0,5 a 1,2 litros de água. Quando não consumimos, os órgãos sofrem, em especial o intestino, que é privado de água ou o organismo retira das suas células. Boca seca, pele seca, olhos fundos, pouca diurese, são os sinais mais comuns e rápidos de desidratação”, alerta.
Ela também atenta para outras situações que devem ser levadas em consideração. “É necessário lembrar que muitas ervas e chás também retiram água das células, causando diurese, por isso, não devem entrar na conta da hidratação. Um exemplo, é o chimarrão, ele não entra na sua conta!! Fique atento”, aponta.
Quantidade ideal de água
A nutricionista lembra que é comum ouvir que deve-se beber dois litros de água ao dia. Porém, isso deve ser analisado e varia de acordo com a pessoa. “Primeiro precisamos desmitificar essa ideia, afinal, a quantidade de água não é fixa para todo mundo. Ela depende do peso do indivíduo, do sexo, da idade, do nível de atividade física, são vários fatores que entram nesse cálculo. Contudo, de forma geral, os adultos devem em média beber 35 ml de água por cada quilo de peso corporal, ou seja, se você pesa 70 kg = 70 x 35 = 2,450. Para crianças, várias questões também precisam ser avaliadas, mas, em geral, as na faixa etária entre 6 a 12 anos, devem consumir cerca de 1,7 litros ao dia”, comenta.
Se ao ingerir água, você sentir algo diferente ou não conseguir ingerir da maneira adequada, é necessário uma consulta com profissional da área. “Caso, você sinta enjoo ou mal estar ao beber água, você precisa investigar questões da sua saúde gastrointestinal, como hipocloridria, refluxo… um bom nutricionista vai te auxiliar no tratamento”, aborda.
Consumo de produtos saudáveis
Além da água, muitos alimentos também podem auxiliar na hidratação do corpo. “Em dias quentes, manter uma alimentação saudável vai ajudar com certeza, por isso, frutas e vegetais precisam estar em todas as tuas refeições, assim como boas fontes de proteínas animais ou vegetais e bons carboidratos”, pondera.
Um outro alerta da profissional é quanto ao consumo de bebidas alcoólicas. “Ele pode ser bastante prejudicial em dias quentes, visto que o álcool, para ser metabolizado, irá retirar água das células, causando desidratação”, conclui.