Os dados oficiais sobre a situação da economia no polo moveleiro de Bento Gonçalves mostram crescimento nas exportações e na geração de emprego nos primeiros 10 meses do ano, como apontam os indicadores da Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul (Sefaz-RS) e divulgados pelo Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis). De acordo com a entidade, a elevação foi de 49%, na comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar da pandemia de coronavírus, que acabou afetando todos os setores, a expectativa é de que o faturamento do setor aumente 45% na comparação com 2020. Apesar da elevação, os constantes aumentos nos impostos e o alto preço da matéria prima, não garante aumento no chamado lucro líquido das empresas.
De acordo com o Sindmóveis, o crescimento poderia ter sido ainda maior, caso a pandemia não tivesse estagnado o setor e provocado a escassez de matéria-prima que, automaticamente, elevou os custos, já que a oferta reduziu e a demanda aumentou. Com isso, além de elevar o custo da produção, o preço final do produto também sofreu aumento. Essa elevação, no entanto, não foi acompanhada na mesma proporção pelo aumento da produção, das vendas físicas e da lucratividade.
Polo Moveleiro de Bento representa quase 30% da produção gaúcha
Com a participação do polo moveleiro de Bento Gonçalves (composto pelos municípios de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza) torna-se cada vez mais expressiva no total faturado pelo segmento gaúcho. Passou de 26,7%, em 2019, para 27,2%, em 2020, atingindo 29% até outubro de 2021 (patamar que não deve se modificar até o final deste ano).
Conforme o Sindomóveis, o crescimento deve-se em parte à baixa base de comparação, principalmente do primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2020, tendo em vista que, naquela época, a pandemia estagnou o setor. Além disso, com a retomada da economia, muitos mercados, dentre eles o de móveis, passaram a ter problemas de escassez de matérias-primas, com alta dos preços e forte impacto nos custos de produção, elevando o preço final dos produtos e, consequentemente, o faturamento bruto. Essa elevação, no entanto, não foi acompanhada na mesma proporção pelo aumento da produção, das vendas físicas e da lucratividade.
Exportações crescem mais de 40%
Durante os 10 primeiros meses do ano, o polo moveleiro de Bento apresentou aumento no faturamento de móveis exportados, registrando crescimento de 42,4%. A estimativa dos empresários do setor é que o ano encerre com incremento de 40% nas exportações de móveis produzidos na região com destino para fora do Brasil, em especial para países como os Estados Unidos, Chile, Uruguai, Reino Unido e Peru, que ficam entre os cinco maiores importadores de móveis tanto do RS quanto do polo de Bento Gonçalves.
Empregos no setor também crescem em 2021
No polo de Bento, segundo o Sindmóveis, a geração de empregos cresceu 4,5% em 2020 e 10,9% em 2021. Dessa forma, mesmo no ano passado houve geração positiva de empregos e tal fato está ocorrendo de modo mais expressivo em 2021. O segmento emprega mais de 38 mil trabalhadores no Rio Grande do Sul e quase sete mil no polo de Bento Gonçalves, considerando os dados mais atualizados do Caged.
De acordo com o presidente do Sindmóveis, Vinicius Benini, prever 2022 ainda é algo incerto, pois já é possível perceber algumas mudanças no comportamento dos consumidores. “De fato, as pessoas não estão mais tão focadas em comprar itens para equipar suas casas, refletindo em certa retração no mercado interno. Além disso, diversas questões econômicas, como impostos, preço dos insumos e redução do poder de compra, dificultam o cenário para as indústrias moveleiras”, explica.
Ele ressalta, ainda, que o faturamento das exportações se mantém em linha crescente. “Isso não significa que não vale a pena vender no Brasil, mas que diversificar as frentes de atuação pode ser uma boa estratégia para manter o fluxo dos negócios”, pondera.
Fotos: Jeferson Soldi / Arquivo / Movergs e Carlos Ferrari / Divulgação