Iniciativa, além de ajudar mães que dão à luz, foi benéfica também à saúde de Neiva Gazzolla, 78 anos. Itens de crochê são doados ao grupo de voluntárias do Hospital Tacchini
Uma arte passada de mãe para filha, hoje se torna um exemplo de solidariedade e amor ao próximo, ainda mais neste momento de pandemia. Neiva Gazzolla, 78 anos, encontrou nas linhas e agulhas uma maneira de passar o tempo durante o isolamento social e ainda ajudar mamães que saem da maternidade.
Neiva produz, desde o ano passado, sapatinhos de crochê para doar às mães que dão à luz no Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves. Ela conta que a cada semana entrega uma sacola à casa de saúde. Cerca de 50 já foram doados. Este ano, resolveu inovar e passou a criar também touquinhas para os bebês.
Essa ponte entre ela e o hospital é feita pela nora Carine, que é enfermeira. “Quando têm amigos que a esposa vai ter nenê, comento que a dona Neiva pode doar um sapatinho”, afirma. “Meu filho diz: ‘mãe, você doa para tanta gente. Tenho um amigo que vai ter um bebê’. Minha filha também: ‘tenho uma amiga, tem um funcionário da firma’. Assim vai indo e vou fazendo”, acrescenta a aposentada.
A arte da costura foi passada na infância pela mãe, ‘nona’ e tias. “Aprendi tudo com elas. Fazia sapatinhos para os meus sobrinhos, pois tenho nove irmãos, e aos sobrinhos-bisnetos. Depois, fiz para os meus filhos também”, comenta.
Na terça-feira, 6 de julho, uma sacola com 24 sapatinhos foi entregue ao centro obstétrico. “Quando chegam as mamães para ganhar (o filho), as meninas (voluntárias) deixam o mimo. A maior parte deles vai para as famílias carentes. Muitas vêm somente com uma cobertinha”, relata Carine.
Assista: Dona Neiva Gazolla confecciona toucas e sapatinhos para recém-nascidos do Hospital Tacchini
A satisfação em fazer o bem é evidente no olhar de dona Neiva. Ela expõe que a ação foi benéfica até à saúde. “Fico feliz em ajudar. Melhorei muito também das tonturas. Há três anos, tive um infarto e fiquei 12 dias na UTI em Erechim. Quando me levaram ao hospital, disseram que eu não ia viver, e estou aqui”, comemora.
A nora conta que a sogra sempre foi muito ativa e praticava exercícios físicos antes da crise mundial. “Ia na hidroginástica, no bingo, saía para viajar com um grupo de amigos. Ficamos preocupados com ela na pandemia. Começamos com leitura, tudo que era livro que tinha em casa, eu trazia para ela. Depois, surgiu a ideia de fazer algo pelo próximo”, menciona. Amigos e conhecidos da família também se engajaram na causa e ajudam doando linhas.