Especial Dia das Mães: “Ser mãe, para mim, é uma alma que habita dois corpos, é amor além da vida”

No abrigo de Bento Gonçalves, estão as crianças e adolescentes do município que não puderam ter estrutura familiar e uma mãe presente. Para elas, existem pessoas que fazem esse papel e no Dia das Mães, é necessário parabenizar quem cuida dos abrigados como filhos.

Uma dessas mulheres é a coordenadora do abrigo municipal, Vânia Guizolfi, 52 anos. Ela também é mãe e explica que é difícil fazer esse papel em um lugar que ainda não foi preenchido e que esse vazio, talvez nunca consiga ocupar. “O que eu tento fazer é dar o meu melhor. Se essa missão foi dada para mim, é porque tenho capacidade de olhar diferente, cuidar, dar um colo, acalentar, e fazer eles acreditarem que tudo é possível. Aconteceram coisas na vida deles, mas agora isso já passou. Agora é uma nova fase, um novo ciclo, uma nova vida”, pondera.
O que faz Vânia feliz é que há uma recompensa desse carinho por parte das crianças. “É reciprocidade. Na verdade, a vida é uma via de mão dupla, tudo o que você dá, também recebe. É um retorno muito grande que a gente tem”, garante.

Não há como substituir ou fazer o papel de mãe, mas a coordenadora tenta amenizar a falta que um exemplo pode fazer. “A gente preenche um pouquinho, cumprimos uma função importante, eles nos têm como referência, porque se não tiverem, o que vai ser deles?”, indaga. Ela explica que se coloca à disposição para tudo o que eles precisam. “Tanto que estão toda hora batendo aqui na porta e me chamando. Eles têm certeza que esse cuidado eu tenho”, assegura.
Apesar de terem histórias difíceis, ela acredita que as crianças não sofrem no segundo domingo de maio, porque a maioria não tem uma figura materna. “Na quinta-feira um menino estava de aniversário, 11 anos. Conversando com ele, perguntei: ‘o que tu pensas quando sair daqui, para onde você gostaria de ir?’ ‘Para a tua casa’, ele disse para mim. ‘Tu sente saudade de alguém?’, questionei. Ele disse que de uma cuidadora que trazia um brinquedo. Eles não têm isso de família, essa figura feminina, por isso a data não faz diferença”, esclarece.