Em 2019, foram 440 boletins de ocorrência registrados. Já em 2020, o índice cresceu para 886, o que corresponde a 101,36%
O avanço das tecnologias facilita a vida de todos. Para se comunicar com qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, aplicativos como o WhatsApp são eficientes. A venda de produtos pode ser, também, feita pelas redes sociais, como Instagram e Facebook. Além disso, transações bancárias ficam na palma da mão, por meio das ferramentas que os bancos disponibilizam para os clientes.
Porém, também ficou mais fácil para golpistas encontrarem novas vítimas. A clonagem do WhatsApp e posterior solicitação de dinheiro para a lista de contatos, faz o crime de estelionato parecer mais fácil de ser aplicado. Além desse, outros golpes também estão ocorrendo.
Em Bento Gonçalves, cresceu 101,36% o número de casos de estelionato. Em 2019, foram registrados 440 boletins de ocorrência sobre o assunto. Já em 2020, foram 886, conforme dados da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento. Para outras fraudes, o número caiu de 206 para 171, o que corresponde a uma redução de 17%.
Os fatos podem ser encaminhados tanto para a 1ª, como para a 2ª Delegacia de Polícia. O delegado Arthur Reguse afirma que, além da clonagem, outros dois delitos ocorrem com bastante frequência, como rimes envolvendo estelionato na compra e venda de itens pela internet. “Eventualmente, a venda de veículos também tem acontecido com pagamentos simulados. A pessoa não se dá conta e acaba transferindo o veículo sem receber. São essas as três modalidades que a gente mais vê hoje”, relata.
Para Reguse, a facilidade do acesso à internet pode ser um dos fatores que facilita para os criminosos. “Reduz aquele caráter pessoal e acaba levando as transações para o mundo virtual e, dependendo da vítima, se não tiver muita atenção, acaba sendo induzida ao erro”, acredita.
Por isso, é importante ter extrema atenção aos pagamentos, recebimentos de valores, e só concluir a entrega do bem material quando houver certeza de que a quantia solicitada já está na conta bancária do vendedor. “Não se deve fazer transações para terceiras pessoas. Ocorre muito também, a vítima vai comprar um carro, mas está negociando com uma pessoa e deposita na conta de outra. Isso é muito perigoso. São todas as questões que ela precisa levar em conta e, dessa forma, não ser induzida ao erro”, instrui.
Envolvendo o Pix, o novo meio de transferências e pagamentos eletrônicos que foi lançado no fim de 2020, ainda não houve algum problema. “Em princípio, não vi nada envolvendo o método. O que pode surgir é alguém passar o código errado para transferir”, alerta.
WhatsApp é principal ferramenta de golpes
A artesã Sandra Dal Medico teve seu aplicativo de conversas instantâneas clonado, mas tudo começou pela rede social onde realiza as vendas do que produz. “Comecei a receber mensagens no meu e-mail dizendo que tinham tentado entrar na minha conta do Instagram. Depois de um tempo, estava com o celular na mão e ele desligou, e quando voltou, eu não tinha mais WhatsApp, nem aplicativos instalados. Fiquei apavorada sobre como isso foi acontecer”, lembra.
Imediatamente, os golpistas começaram a falar com os contatos de Sandra. “Em questão de minutos já tinha gente me ligando, perguntando se era verdade que eu estava precisando de dinheiro. Ligaram para os meus cunhados, para alguns amigos de Porto Alegre. Foi bem complicado mesmo”, lamenta.
Ao chegar na operadora de celular para realizar a troca de número, a artesã se surpreendeu com a quantidade de gente que já passou pela mesma situação. “A moça que me atendeu disse que já havia atendido umas quatro pessoas com o mesmo problema”, reitera.
Fraudes podem ser evitadas
A advogada Aiala Premaor quase passou pela mesma situação. “Recebi uma mensagem no WhatsApp, de um número prefixo 51 com o meu nome e a minha foto como se estivesse falando com minha mãe e dizendo que aquele era o novo número pessoal. Imediatamente eu registei um boletim de ocorrência, para fins de direito foi solicitada a quebra do sigilo telefônico do número que mandou a mensagem. Como eu agi rápido, eles me bloquearam e trocaram a foto”, conta.
Para se proteger, é preciso que as pessoas fiquem atentas aos golpes que estão acontecendo. A advogada aconselha que não se deve fornecer dados pessoais ou cartão bancário a nenhum estranho. “Quem for vítima de estelionato deve imediatamente registrar boletim de ocorrência para tentar identificar os autores do crime”, recomenda.
Atualmente, de acordo com Aiala, além do golpe do bilhete premiado – crime caracterizado pela promessa de dividir o prêmio com a vítima –, criminosos também costumam utiliza WhatsApp ou ligações telefônicas se passando por um familiar, pedindo dinheiro. “Se esse valor é pago, aí se enquadra em estelionato”, explica.
Uma das atitudes a serem tomadas é a atenção em ouvir se é a voz do familiar. “Ligar para saber se realmente essa pessoa está precisando de dinheiro, não simplesmente depositar ou transferir para uma conta que não sabe nem de quem é”, ressalta.
Nesses momentos, o nervosismo precisa ser controlado para que se tome a decisão correta. “Geralmente quando a vítima fica um pouco nervosa, não consegue assimilar se realmente é a voz do próprio familiar ou da pessoa que conhece. É preciso ter esse certo cuidado para que não seja vítima de um estelionato”, conclui.