Impasse que trava o pagamento da rescisão aos funcionários demitidos pela terceirizada que prestava serviços à Prefeitura de Bento depende de documentos solicitados pela Justiça e que não foram entregues pela CCS

Em torno de 700 famílias de Bento Gonçalves têm uma dificuldade a mais, além das impostas pelas regras de isolamento social e distanciamento controlado para enfrentar a pandemia da Covid-19. O número é de ex-funcionários da CCS Serviços Terceirizados que desde o mês passado aguardam pelo pagamento de suas recisões, depois de serem demitidos pela empresa cujo contrato com a Prefeitura se encerrou dia 15 de junho. O dinheiro foi depositado pelo governo municipal em uma conta judicial e a liberação depende da Justiça, que requereu documento não entregues pela CCS, pelo menos até quinta, 16.

Também na quinta representantes da administração municipal participaram de reunião com representantes do Sindicato dos Trabalhadores no Asseio e Conservação (Sindilimp). A intenção foi encontrar um caminho para viabilizar o pagamento das verbas rescisórias. A Procuradoria Geral do município buscou no Judiciário, ainda no dia 18 de junho, autorização para o pagamento das rescisões diretamente aos funcionários, não concedida pela Justiça.

Para decidir a respeito da solicitação do município, o Judiciário deu prazo de 15 dias para apresentação de documentos pela empresa CCS, que não atendeu à determinação até então. Na terça-feira desta semana, 14, foi concedido novo prazo, mais cinco dias para manifestação da empresa. O prazo vence dia 19, neste domingo. As dificuldades dos ex-funcionários da CCS em receber seus direitos trabalhistas foram abordadas pelos vereadores da Câmara de Bento nas duas últimas sessões. Uma das mais contundentes cobranças é do vereador Moisés Scussel (Republicanos) para quem “a CCS está brincando com a cara das pessoas. É uma vergonha o tratamento (da empresa) aos funcionários dispensados. Prometeram pagar dia 29 (de junho), os funcionários pagaram para fazerem o exame demissional, gastaram com isso. Depois prometeram para o dia 10 e, até agora, nada”, acusa o vereador.

Na expectativa

A não liberação do pagamento das indenizações trabalhistas aos 700 funcionários demitidos, aproximadamente está causando dificuldades para famílias como a de Talia Somensi que trabalhou por quatro anos como auxiliar de educação infantil, contratada pela CCS Serviços Terceirizados, e que desde abril está sem poder trabalhar – por causa da suspensão das atividades na área educacional como forma de prevenção ao contágio do coronavírus. “Esse dinheiro está fazendo falta e isso é problema para muita gente. Ainda mais para quem tem filhos, contas a pagar como aluguel, luz, água, até para comprar comida”, diz Talia.

A gente só quer o nosso dinheiro, mas está bem difícil de isso acontecer. São 700 funcionários nesta situação.

Talia Somensi

Auxiliar de Educação Infantil

A ex-funcionária da empresa de terceirizações é uma das cerca de 400 pessoas que, em Bento, trabalhavam na área educacional. Para ela, “a dificuldade fica maior ainda por causa dessa pandemia que estamos vivendo já que, agora, não se tem onde buscar trabalho. A maioria das empresas, como as lojas da cidade, não está contratando. E tem a promessa de que a empresa nova, que assumiria no lugar da CCS, contrataria os funcionários que já estavam trabalhando e seriam dispensados nessa troca”, comentou, referindo-se à APL Apoio Logístico, com sede em Porto Alegre e que já está fazendo a prestação de serviços para a Prefeitura de Bento.

Conforme Talia, algumas contratações de ex-funcionários da CCS chegaram a ser realizadas pela APL. “Sei que funcionárias da limpeza foram chamadas pela nova empresa, mas nós, da educação, não temos nenhuma previsão de quando vamos ser chamadas”, disse, lembrando que a situação é agravada pelo coronavírus.

Importante

A reportagem do Jornal Semanário tentou contato com a empresa CCS Serviços Terceirizados, sem sucesso.

Os telefones da empresa Em Bento Gonçalves não são atendidos, assim como os números da empresa em Cachoeirinha e Porto Alegre, que constam no site da matriz na internet, a CCS Global.

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