Por meio de jornais e curtas- metragens, alunos do Santa Bárbara, abordam espaços físicos e transformações de Bento
Uma abordagem distinta, que levou alunos de sete turmas de primeiro ano do Ensino Médio, da Escola Mestre Santa Bárbara, às praças, pontos turísticos e ruas históricas de Bento Gonçalves. Uma proposta itinerante, desenvolvida na disciplina de Geografia, mas que com o decorrer do semestre se somou a demais matérias, a partir do estudo de áreas do conhecimento. Cada uma com sua proposta, História, Sociologia e Artes deram um novo foco para o trabalho que desafiou os jovens a conhecer as realidades vividas em épocas distantes e compará-las com as transformações contemporâneas. O trabalho final apresentado em sala de aula está exposto na biblioteca da instituição em jornais e cartazes criados por eles.
Na próxima semana, pela manhã, o ambiente escolar ganhará uma nova característica, será transformado em uma grande sala de cinema, para apresentação de curtas- metragens, feitas em sua maioria com celular e adaptações de gravadores. As produções audiovisuais foram desenvolvidas a partir de três perspectivas: Bento Gonçalves seus encantos e desencantos; suas heranças históricas; e suas paisagens. A iniciativa será aberta a comunidade em geral e ocorre no pátio da instituição a partir das 8h20min.
A diretora da instituição, Margarida Protto, relata que este tipo de metodologia é aplicado com frequência pela escola e está apoiada em conceitos da nova Base Nacional Comum Curricular. “O plano de ensino propõe que as entidades desenvolvam atividades educativas que abracem áreas do conhecimento, de modo que venha a interligar os conteúdos. Isto é um trabalho maravilhoso. Pois uma disciplina puxa a outra”, avalia.
Sobre o trabalho apresentado pelos alunos do primeiro ano, a educadora entende ser importante conhecer o município, para poder compreender o antes, o agora e projetar o depois, com as transformações que ocorrem. Ela ainda acrescenta que após as produções, surgiram novos engajamentos dos estudantes na escola. “Houveram exposições que qualificaram o ambiente escolar. O professor de geografia fez uso, a de artes, de história todos acabam agregando e fortalecendo um conhecimento.
Notamos que o interesse em aprender, em conhecer aumentou, elevando o desempenho escolar. Também se percebe o espírito de liderança que vai da escola para a comunidade”, ressalta Margarida. Segundo a diretora, além dos primeiros anos as demais turmas da instituição também são submetidas a atividades multidisciplinares.
Um projeto, muitas surpresas
A professora de geografia, Daniela Frizon Fronza conta que a proposta foi apresentada aos alunos na segunda semana de aulas, usando conceitos que são determinados para serem estudados, como o espaço geográfico, a paisagem, as transformações e a influência da globalização. Os alunos foram divididos em grupos de até quatro pessoas. “No primeiro momento, eles deviam buscar uma foto de um local de Bento, da sua história, e compará-la com os dias atuais, apontando as transformações. Após isso, suscitamos outros desafios, o jornal, no qual eles deveriam contar sobre o processo das descobertas e as realidades encontradas e posteriormente montar um curta-metragem”, disse Daniela.
Ela ainda destaca que a escola teve a parceria de uma agência de turismo da cidade para fazer o passeio de Maria Fumaça e visitar a Epopeia Italiana. Daniela ressalta que “como o resultado foi grandioso e significativo, esse projeto será estendido para as demais turmas. Houve uma melhora de desempenho escolar. Todos os alunos estavam empolgados, se propuseram a descobrir e aprender”, reforça.
Produções e aprendizados de valorização da história
Para coletar o material a serem explorados nos trabalhos, os alunos utilizaram diferentes mecanismos de buscas, a começar por páginas nas redes sociais, museus, acervos da Prefeitura, Câmara e de associações e sindicatos. A aluna, Mariana Di Bernado, 15 anos, relata que a principal dificuldade encontrada foi saber sobre o contexto das fotografias. “Tinham as imagens, mas não havia nada sobre como era, não tinha a história do local”, pontua Mariana.
Para enriquecer o conteúdo, os estudantes realizaram entrevistas com familiares e membros da comunidade. Conforme os adolescentes, as conversas foram regadas a emoção e curiosidade. “As perguntas surgiram do nosso interesse, sem roteiro. Entender como foi a infância dos nossos pais, avós, compreender aquela realidade, saber o que eles faziam para se divertir e onde eles iam. É Importante manter a história viva”, destaca a estudante Carolina Nunes, 15 anos.
A estudante Julia Blank, 15 anos, é mais enfática. Para ela a proposta foi bem sucedida e permitiu um novo olhar da cidade aos alunos da Escola Mestre Santa Bárbara. “Muitas vezes acabamos não dando tanta importância para a história da nossa cidade, do que está aqui, na nossa volta. Muitas vezes a gente vê alguma estátua e não tenta prestar atenção, não tenta lembrar, não busca a informação do que se trata, do porque está ali. Poucas vezes nos importamos com a preservação”, disse Julia.
Por fim, ela sugestiona que as rotas turísticas na cidade sejam repensadas. “Quem vem na cidade acaba ficando só naquilo, vinícolas e restaurantes. É interessante não contar histórias só de coisas grandiosas, mas das pessoas que viveram naquele lugar, naquela época. Bento tem muito a contribuir na vida dos turistas”, finaliza.