É difícil viver num país onde o dinheiro para pagar a máquina pública é mais do que 1/3 de tudo o que se produz ( 38% do PIB são tributos ). É difícil viver num país onde mais do que 50% do preço da gasolina são impostos. É difícil viver num país onde 92% dos homicídios não são resolvidos ou não levam os autores à cadeia. E olha que são mais de 60.000 por ano. É difícil viver num país onde a educação, a segurança e a saúde são precárias.

Numa viagem para Nova York, estive num táxi onde o taxista me contou que estava pensando em mudar seu endereço de Nova York para Nova Jersey ( estado vizinho distante somente uma ponte, ou seja, do outro lado do rio ) para ele pagar menos imposto sobre o rendimento do táxi. Fiquei me perguntando, pela cultura brasileira é claro, que para ele fazer tudo aquilo, ir morar num outro estado para poder pagar menos imposto, que esta diferença deveria ser muito grande. Perguntei ao taxista: mas afinal, quanto ele iria economizar se fizesse aquilo? Ele me disse que iria reduzir de 7% de imposto para 6%. Uma das conclusões a que cheguei com aquilo, além das já diferenças abissais que existem entre as realidades americana e a brasileira, é que realmente as culturas e o pensamento das pessoas são totalmente diferentes de país para país.

Por aqui, bilhões de Reais em corrupção são tratados como “é mais um escândalo que não vai dar em nada” ou “vão prender 2 ou 3 e com os grandes não vai acontecer nada” ou ainda “vai acabar em pizza” ou melhor ainda “os outros também roubaram” entre outras formas de “ir levando” e “não é comigo”.

Somente nos últimos 6 meses fomos bombardeados com esquemas de corrupção que, pelo que se vê por aí, sem sabermos ainda até que ponto vai-se chegar em termos de valores envolvidos, envolvem bilhões de Reais ( eu disse Bilhões de Reais) e os holofotes são seletivos, mostram somente o que dá mais Ibope.

Petrobras, HSBC, Correios, Metrô-SP, operação zelotes (impostos não pagos e baixados pelo poder de uma caneta) e, agora, fala-se que ainda tem o caso do BNDES que seria maior ainda. Seis bilhões ( pelo cálculo “deles” ) foi o rombo da corrupção na Petrobras. Prejuízo de 21 bilhões de Reais no ano passado. Já escrevi aqui em Outubro de 2014 que a Petrobras perdeu 400 bilhões de Reais em valor de mercado(valores de hoje). E já disse quem iria pagar a conta. Se você não leu, sugiro ler (www.jornalsemanario.com.br, selecione este colunista, 04.10.14, Você, eu e a Petrobras).

A ética neste país realmente, para alguns, está fora de moda.

Convivemos com um estado falido há muito tempo. Pior que um estado falido há muito tempo é ver que certos governantes não tem qualquer liderança para mostrar caminhos, gerar confiança e tirar o país do atoleiro em que estes mesmos governantes o colocaram.

O que fazer?

Bem, este país passou por sérias dificuldades ao longo de seus 515 anos. Passamos por sérias crises políticas e econômicas. Todas, um dia, acabaram. A receita número 1 que indico a todos é depender o menos dos governos que se puder. A número 2 é trabalhar mais e mais para fazer com que a regra número 1 seja verdadeira. A número 3 é garantir, com mais competência ainda, o emprego que se tenha. A número 4 é gastar só o que se possa e a número 5 é preparar os filhos e familiares para voltar à regra número 1. Se você tiver uma empresa, invista sem medo no atendimento aos clientes, nas vendas e nas pessoas.

Talvez um dia consigamos que a matemática do 2 + 2 seja somente 4 e não 5 pela corrupção que assola este país desde os tempos do descobrimento.

Pense nisso e sucesso.