O complexo Hospital do Povo mantém sua rotina de lenta de construção e parecendo estar longe de ser entregue para o usufruto da população de Bento Gonçalves. Da ideia original, apenas a ampliação da Unidade do Pronto Atendimento Municipal (UPA) e alguns anexos foram concluídos e estão em pleno funcionamento no bairro Botafogo. Ainda restam as duas partes do bloco cirúrgico e os leitos, parte fundamental para ajudar a melhorar o atendimento e diminuir o tempo na fila de espera para procedimentos de pequena e média complexidade.

A obra iniciou no dia 7 de setembro de 2011, ainda na gestão do prefeito Roberto Lunelli (in memoriam), com um grande evento e promessas de conclusão em curto espaço. Sete anos depois, poucos foram os avanços em uma obra que teve revisão de prioridades e partes inacabadas, como no caso da prédio destinado aos leitos, no segundo andar do complexo. Em 2015 houve a entrega da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas depois disso, poucos avanços foram registrados e o esqueleto do prédio passou a se misturar ao cenário que reflete os atrasos na execução da obra.

Área dos leitos sem previsão de início

Quem passa ou chega até a UPA, verifica com nitidez que no segundo piso, também há uma obra. Trata-se da parte que será destinada aos leitos do complexo hospital. Ao todo, estaram disponíveis 240 espaços para pacientes, em local que serão referência para o atendimento da população de Bento Gonçalves e das cidades mais próximas da região, como Pinto Bandeira, Carlos Barbosa, Monte Belo, Santa Tereza, Carlos Barbosa e Garibaldi.

Porém, o local encontra-se isolado, inacabado e com sinais claros de degradação pelo tempo, já que não recebe manutenção há alguns anos. Segundo a previsão do Secretário de Saúde, Diogo Siqueira, a obra ficará nesta situação por mais alguns anos. “A parte dos leitos do complexo hospitalar é a terceira dentro do nosso planejamento e entendimento de prioridades. Dentro disso, não temos ainda uma previsão de início de execução da obra. Talvez, no ano que vem, possamos organizar o edital para as empresas interessadas”, projeta.

Questionado sobre os possíveis danos a estrutura até que se tenha o reinício da obra, o secretário lembra a construção da própria UPA, que mesmo depois de entregue passou por várias reformas que poderiam ser evitadas. “Essa obra da parte dos leitos iniciou sem qualquer tipo de planejamento, executada de forma inadequada. Agora, não podemos fazer a mesma coisa, cometer os mesmos erros. Não queremos iniciar sem planejamento. E se for rápido, vai acontecer o mesmo que na UPA, onde se acelerou a entrega até o fim de um mandato e até hoje precisamos realizar reformas. Temos que resolver aos poucos, nada de pressa. O objetivo é fazer algo de qualidade e não colocar placa de inauguração”, avalia.

Justificativa para o atraso

Conforme o Siqueira, além da revisão do planejamento, há outros problemas que levaram a não conclusão da obra após sete anos. “O problema é orçamentário e financeiro. Hoje, não temos como realizar uma obra desta magnitude de um ano para o outro. Era um projeto planejado para 15 anos, sendo feito com qualidade, não da forma antiga que estava. Atualmente não temos condições, estamos fazendo o máximo para obter recursos e avançar as obras do complexo. Não vamos dar um passo maior que a perna e deixar um enorme passivo para os cofres do munícipio. Temos que ter responsabilidade. Se não conseguirmos pagar uma obra dessas, imagina depois mantê-la”, pondera o secretário.

Laboratórios entregues em 2018

Há pouco mais de um ano, o local foi aberto para uma visita que contou com a presença do prefeito Guilherme Pasin e autoridades da Saúde. Na ocasião, foi anunciado que até o fim de 2017 ocorreria a mudança do laboratório de patologia e de análises clínicas para o novo prédio. Porém, a entrega ficou para o fim de 2018. A estrutura contará com oito salas, em uma obra que custará R$3,5 milhões e será a base das cirurgias deste hospital. A obra aguarda algumas finalizações na estrutura, assim como a colocação dos móveis e equipamentos para ser liberada.

Bloco cirúrgico parou e ficou para 2020

Na mesma ocasião, em junho de 2017, foi anunciado que a construção de uma etapa do bloco cirúrgico junto a UPA estaria concluída até o final de 2017. Porém, isso também não aconteceu e agora o prazo é para 2020.

A obra chegou a voltar a ser construída no mesmo ano, mas teve que ser paralisada para uma revisão de planejamento. Siqueira explica o fato. “Havia uma série de situações que precisariam ser realizadas em conjunto com uma segunda etapa. Com isso, para não termos prejuízos assim como a empresa, houve essa parada”, diz.

O contrato com a empresa que realizará as duas partes da obra está em processo de assinatura e deve ser retomado, de acordo com Siqueira, até o mês de setembro, com finalização até o fim de 2020. “Esse bloco cirúrgico será todo integrado com o sistema da UPA, do laboratório de análises e patologia, e também, aos leitos. É uma obra que precisa de um longo tempo para ser executada de forma precisa, por isso, não trabalhamos com um prazo definitivo. Quem sabe, até o final de 2020, ele possa ser entregue para a comunidade de Bento Gonçalves”, preconiza.