O levantamento das investigações realizadas em 2018 apontou o número de apreensões e homicídios na região, resultando em 12 réus e uma soma de 112 anos de prisão

 

Na quinta-feira, 5 de setembro, em Garibaldi, o delegado Clóvis Rodrigues de Souza apresentou um levantamento, com base nas investigações e no combate ao tráfico de drogas, dos números de apreensões e prisões realizadas na região, durante o ano passado. Foram 18 operações que levaram a prisão de 26 suspeitos. Das condenações primárias, já se somam 112 anos de reclusão, considerando que, em média, cada traficante é sentenciado com sete anos de prisão, no município.

Em comparação ao ano de 2017, com 6 homicídios, sendo que 4 tem relação com o tráfico de drogas, o ano de 2018 apresentou um homicídio a mais, porém, todas as mortes estavam relacionadas com o tráfico de drogas. O delegado acredita que não seja possível dizer que Garibaldi está totalmente sob controle, mas o cerco ao tráfico de entorpecentes, a partir da ação da polícia permanente, dá a forma sistemática de como são feitas as abordagens nos pontos de tráfico que, por vezes, podem estar em variados locais.

O delegado Clóvis de Souza diz que as estratégias de combate ao tráfico estão obtendo resultados muito positivos em 2019.

Segundo o delegado, na busca por entender como funcionam esses pontos, é possível criar estratégias de combate, sempre renovadas conforme a operação. Em 2019, já se sabe que três dos quatro homicídios ocorridos tem vinculação com o tráfico, mas o delegado Souza enfatiza que as estratégias adotadas estão dando um bom resultado. Durante a apresentação dos índices obtidos, ele reitera que, embora o tráfico tenha chegado “com tudo”, num momento em que o efetivo local ainda não estava preparado para responder prontamente, hoje já existe toda uma estrutura humana, material e técnica, bem como ferramentas de inteligência e apoio de outros órgãos.

A meta em Garibaldi é não deixar que o tráfico se enraíze permanentemente na cidade, mascarando a sua forma de atuação, seja se estabelecendo com negócios aparentemente legais ou determinando o tipo de função exercida por pessoas que, na realidade, são testas de ferro para traficantes. “Cada localidade vai desenvolver suas estratégias de combate”, afirma o delegado, que acredita ser a penalidade recebida pelo traficante, um fator inibidor de sua atuação.

Ele se refere à questão da droga como um caso de saúde pública, afinal, uma pedra de crack já é o suficiente para possivelmente tornar o usuário dependente. “Fizemos a nossa parte, tirando das ruas toda e qualquer quantidade de droga. Isso é importante que se diga, pois ao recolhermos uma pedra de crack, uma bucha de cocaína, um baseado de maconha e falarmos muito sobre o alcoolismo, nós estamos, de certa forma, fazendo todo um trabalho de prevenção”, reitera.

Destaca ainda que, entre a prevenção e repressão, existe o enfrentamento terapêutico das questões da drogadição. Nesse momento, entram os serviços de saúde. As redes municipais têm avançado pouco nesse sentido, ressalta. Para ele, Barbosa e Garibaldi são referências nesse tratamento, mas a nível federal e estadual existe, sim, uma grande defasagem em relação à prestação de serviços que trabalhem a droga de uma forma terapêutica.

Tanize Pinto tornou-se liderança no tráfico de drogas e seu nome está associado a matadores vindos de outras regiões, bem como mortes em Garibaldi. 

A rainha do tráfico

Definida como “educada e elegante”, Tanize Aguillar Alves Pinto, 43 anos, natural de Alegrete, é uma das principais lideranças no tráfico da região, conforme consta no inquérito e no processo judicial.

Segundo o delegado Souza, sua chegada em Garibaldi se deu em função da substituição de outro representante do tráfico local que, por motivos de desavenças e política interna da facção, foi executado. “Essa pessoa ficou menos de um ano na cidade, mas o estrago causado por ela vocês não tem ideia. Pela comarca de Garibaldi, ela tem um decreto de prisão preventiva por tráfico de entorpecentes. Da mesma forma em Mato Grosso. Foi presa duas semanas atrás em São Gabriel”, destaca o delegado.

Acredita-se que Tanize tinha alguém acima dela, lhe ditando os próximos passos, considera o delegado. “Em uma situação pontual, a pegamos falando com uma pessoa dum morro do Rio de Janeiro. Uma prática (de tráfico) semelhante ao que ela estava adotando nos bairros em Garibaldi”, descreve.

Tanize seria responsável pela ordenação de diversos crimes, dentre eles,  conforme aponta a Polícia Civil, o assassinato de André Luís Rodrigues, 36 anos, no dia 3 de maio. Ele estava dentro de um bar, no bairro São José, quando dois homens em uma motocicleta passaram atirando. Outros dois homens também foram baleados, mas conseguiram sobreviver ao ataque.

ESTATÍSTICA

. 2017 – 6 homicídios, sendo que 4 tem relação com o tráfico de drogas;

. 2018 – 7 homicídios, todos tendo relação com o tráfico de drogas;

. 18 inquéritos policiais, 4 adolescentes infratores;

. 14 APF’s com mandado de busca e apreensão;

. 26 pessoas presas: 9 mulheres e 17 homens;

. R$ 6.520, 95 em valor financeiro arrecadado;

. R$ 46.900,00 em valores de veículos apreendidos;

. 112 anos (9 procedimentos judiciais);

. Pena de reclusão com regime inicial fechado;

APREENSÕES

. 86 comprimidos de ecstasy;

. 5 porções de maconha;

. 670 pedras de crack;

. 47 buchas de cocaína.