Aumentar o peso no agachamento livre, alterar o trajeto do trabalho, trocar de turno no emprego, casar, separar, fazer dieta, redesenhar um logotipo de uma empresa tradicional. As mudanças, grandes ou pequenas, causam um certo “ruído” na rotina. Fico imaginando a rotina como uma engrenagem, que rola sempre no mesmo ritmo. Uma mudança na rotina é como um empecilho. Ela vai mudar a forma como trabalha, por um tempo, porque sente dificuldade de se adaptar até esse empecilho se diluir. Escolhemos mudar porque acreditamos em um resultado melhor, por isso também acreditamos que a engrenagem irá funcionar melhor depois disso, seja na força ou na velocidade.

Nem sempre as mudanças ocorrem por vontade nossa, às vezes é por forças externas. Existem coisas na vida que são inevitáveis que aconteçam, e ficamos postergando porque tomar uma decisão em relação a uma rotina que consideramos vencedora é realmente algo difícil. É muito mais fácil encarar o comodismo, porque já sabemos o resultado, que, dependendo do caso, só tende a decair – mas não achamos isso. De repente, vem o destino e pá! Nos dá um soco na cara e um chute na costela, porque ele tá indignado! Ele não acredita que deixamos as coisas desse jeito por tanto tempo e desgraça com tudo. Maltrata corações, sentimentos, até gente inocente entra nessa. Como um copo cheio que derrama, sem pensar no que vai molhar. Devia ter fechado a torneira antes.

Para qualquer situação, fazer algo diferente é um risco, uma aposta, uma tentativa. É uma história antiga, que fala sobre colher o que se planta. Às vezes não mudar não irá desencadear nenhum tsunami, nem choradeira, nem nada. Talvez você só não vai vivenciar experiências melhores, não vai conhecer quem deveria, nem ir onde queria. O simples fato de saber que minhas pobres escolhas me limitam me deixa mais angustiada do que qualquer treta. Ultimamente ando achando as tretas um tanto essenciais, não que eu goste disso, quero regurgitar toda vez que penso, mas às vezes me sinto invisível, e realmente estou.

As pessoas que mais se destacam, positiva ou negativamente– até a Melody -, estão ou estiveram AND vão estar envolvidas em tretas. Porquê? Porque elas defendem uma ideia, um propósito, com unhas e dentes. Erram, acertam, erram de novo, defendem de novo. Elas tentam! Elas lutam! Elas têm sangue nos olhos. Elas se deparam com ideias diferentes, às vezes totalmente contrárias e geralmente por pessoas que não tem ideia do curso percorrido.

É um fardo ter que ouvir e ler críticas, literalmente é como “aguentar no osso”, mas se tem uma coisa que preciso aprender, é que se eu acredito em algo, tem vários alguéns lá fora que acreditam em outra coisa. E eu devo saber respeitar isso, talvez de um jeito melhor do que eles.