Ouça a entrevista com o técnico do Farrapos Rugby Clube, Javier Cardozo.

O sonho do título nacional para o Farrapos é cada vez mais real. Após sete jogos na primeira fase e um nas quartas de final, o desafio que separa o time da decisão do Super 8 é diante do Pasteur, pela semifinal do torneio. Além da boa campanha até o momento que garantiu a segunda posição geral na primeira fase, o Farrapos tem a seu favor um excelente indicador: a equipe adulta não é derrotada no Estádio da Montanha há aproximadamente 1 ano.

A vitória em casa sobre a Politécnica no sábado, 2 de setembro, garantiu a inédita vaga à semifinal do Campeonato Brasileiro de Rugby XV. No ano passado, o Farrapos ficou com a quarta colocação geral, mas apenas os dois primeiros faziam decisão. Neste ano, ampliou-se o número de jogos mata-mata e a possibilidade de melhorar a posição conquistada.

Facundo Flores é o maior pontuador nesta edição do Super 8 (Foto: Lucas Delgado)

O adversário que se coloca no caminho da equipe de Bento Gonçalves para a conquista do título do torneio nacional é o Pasteur. Uma das mais tradicionais da modalidade no Brasil, a equipe foi a rival do Farrapos na estreia do Super 8. Em 1º de julho, o público no Estádio da Montanha viu um duelo duro e equilibrado, com vitória dos bento-gonçalvenses em uma das últimas ações do jogo – o sempre decisivo Facundo Flores virou a partida com um penal, quando restavam apenas 3 minutos de jogo.

Uma nova realidade

Mesmo que ambas as equipes acreditem em mais um novo embate equilibrado, a situação é bastante diferente. Segundo o técnico do Farrapos, Javier Cardozo, muita coisa mudou nos 77 dias entre as duas partidas. “Realmente podemos acreditar que será um jogo equilibrado pelo que foi na estreia, mas as equipes estão bem diferentes. Nem eles e nem nós somos os mesmos, de forma geral. Cada um encontrou seu time titular, com jogadores que estão no seu melhor nível atual, e também cada um moldou o seu melhor sistema de jogo com o tempo”, explica.

Para o jogo decisivo deste fim de semana, os paulistas prepararam uma logística detalhada. De acordo com o diretor de rugby do Pasteur, Cláudio Franceschini, o duelo foi muito bem planejado pela equipe. “Na primeira fase sofremos com algumas viagens longas e cansativas. Desta vez, optamos pela chegada à cidade ainda no dia anterior ao jogo, com noites de descanso em hotel e melhores condições para os atletas. Estamos muito bem organizados para esse grande desafio”, projeta.

Fator local importante

Uma característica dominante das equipes deste Super 8 foi o fato de que os mandantes conseguiram vencer os visitantes na maioria dos jogos. Jacareí, Farrapos e Pasteur – os três primeiros colocados, respectivamente – venceram todos os jogos em seus domínios. Entretanto, o alviverde da Serra Gaúcha ostenta a invencibilidade em casa há muito tempo. A última derrota foi no Super 8 de 2016, quando foi superado para o Band Saracens, em 2 de outubro de 2016.

Ao jogar em casa, o Farrapos aumenta as suas capacidades e impõe seu modo de atuação para os adversários. “Jogamos todos os jogos da fase de classificação como se fosse uma final para podermos trazer as decisões para cá, já que conhecemos o terreno da nossa casa”, afirma Cardozo. O técnico ainda credita o bom momento no Estádio da Montanha à torcida, que comparece ao local em cada partida disputada. “Tem muito do aspecto mental, já que o jogador escuta o apoio dos torcedores.Eles sempre foram, para nós, um jogador a mais em campo”.

Campanhas semelhantes

Farrapos e Pasteur possuíram jornadas muito parecidas ao longo da fase classificatória do Super 8. Nos oito jogos disputados até a semifinal pelos times, foram seis vitórias e duas derrotas para cada.

A campanha espelhada deu a vantagem do mando de campo para o time de Bento Gonçalves por conta do confronto direito vencido contra os paulistas. Nas quartas de final, os embates foram um pouco diferentes no quesito equilíbrio. O Farrapos venceu a Politécnica de forma tranquila no Estádio da Montanha por 34×23; já o Pasteur bateu o rival estadual SPAC, em um confronto emocionante. Nos acréscimos, o fullback Ronaldo Santos fez o try que garantiu a classificação ao Pasteur.

A outra semifinal do Super 8 é formada por Jacareí – que também ficou com a campanha de seis vitórias e duas derrotas até o momento – e o atual vice-campeão nacional, Desterro. Os jogos serão realizados concomitantemente. A grande final do torneio nacional será em campo neutro, possivelmente em São Paulo, independentemente de quais times passarem à decisão. O mando de campo é da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu).

Farrapos e Pasteur jogam no Estádio da Montanha no sábado, 16, às 14h30min. A partida é válida pela semifinal do Campeonato Brasileiro de Rugby XV. O público tem entrada gratuita.

O que esperam os times

(Foto: Lucas Delgado)

Javier Cardozo, técnico do Farrapos 

O Pasteur tem muita mobilidade em campo e alimentam todas as zonas de ataque e de defesa. São muito rápidos mesmo. Ainda contam com um bom  chutador. Se deixarmos espaços, ele pode pontuar ou nos posicionar dentro de nosso campo defensivo. Para evitar essas situações adversas, precisamos de velocidade na recomposição. Enfim, é o Pasteur, não pode deixar eles crescerem que aí é difícil ir atrás.

Cláudio Franceschini, diretor de rugby do Pasteur

(Reprodução)

O Farrapos tem um jogo mais pesado e de contato. Nós temos a característica do passe, um jogo mais leve. São estilos de jogo bastante diferentes. Eles tem o melhor ataque mas nós temos uma das melhores defesas. E justamente por isso que imaginamos um jogo muito equilibrado e atrativo. Será uma semifinal equilibrada, assim como a maioria das partidas desta edição do Super 8.