Há três meses, a aposentada Carmen Federissi, 65, espera com indignação a equipe da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) para que seja feito o conserto do vazamento do hidrômetro da sua casa. Logo em frente a sua residência, na Travessa Antônio da Silveira, no bairro Santa Rita, como uma comprovação daquilo que ela considera um “descaso”, entre os paralelepípedos levantados pelo rompimento do encanamento, a água corre pelo morro. Cerca de 50m abaixo, na mesma rua, outro rompimento e vazamento.

O caso de Carmen, no entanto, é apenas mais um entre os constantes relatos de moradores de toda a cidade que reclamam de problemas de falta de água, rompimentos de tubulações, vazamentos e buracos deixados no pavimento. As reuniões, cada vez mais frequentes, entre a Administração Pública e dirigentes e superintendentes da Corsan também são prova da recorrência desses problemas: só neste ano, já foram três. Entre as cobranças estão uma maior agilidade e qualidade nos serviços prestados pela companhia.

Corsan é notificada

Após um relatório de 15 páginas levantado pela equipe de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ipurb), a Prefeitura notificou a Corsan sobre uma série de buracos abertos e ainda não concluídos em via pública. “As reclamações são gerais: desabastecimentos em regiões específicas da cidade, buracos, falta de fechamento e conclusão dos serviços iniciados, vazamentos de água, hidrômetros defeituosos e falta de sinalização. Nossa cobrança é que resolvam a grande demanda reprimida e melhorem a qualidade do serviço que é muito bem pago por nossa gente”, pontua o prefeito Guilherme Pasin.

A companhia, de acordo com a Lei Municipal 3.193, tem o prazo de 72 horas para proceder aos reparos dos danos causados nas vias públicas. Cada buraco não finalizado pode gerar multa de 100 Unidades de Referência Municipal (URM), o que atualmente equivale a R$ 12,9 mil. De acordo com o gerente da unidade da Corsan de Bento Gonçalves, Marciano Dal Pizzol, foram 34 notificações levantadas pelo relatório e todas foram atendidas. “Com exceção de sete locais apontados com buracos que não eram de nossa responsabilidade, todos os demais estão sendo atendidos no prazo máximo estipulado pela notificação. A gente ainda tem buracos em aberto pelo relatório recebido da empreiteira de terça passada, mas ainda estão no prazo para que seja feita a repavimentação”, explica.

Segundo dados da Prefeitura, são encaminhadas cerca de 30 notificações por mês, sendo que os bairros com mais incidência são o Ouro Verde, Santa Rita, Borgo e Progresso. Em 2019 já foram aplicadas três multas por atraso, sendo que todas estão em recurso.

Falta de efetivo é o maior problema

Segundo dados da Corsan, a companhia faz em média 70 intervenções por semana em Bento Gonçalves. Para Dall Pizzol, a grande demanda é incompatível com o número de operários que atuam nessas obras. “Temos só seis pessoas responsáveis pela manutenção e reparação, por isso acabamos demorando para atender”, sublinha.

Devido ao baixo número de operários da companhia da cidade, desde a semana passada, 11 profissionais de unidades vizinhas estão atuando em Bento, buscando zerar o número de demandas em aberto. Além da solução aos locais indicados pelo relatório do Ipurb, a equipe, que deve ficar na cidade por pelo menos mais uma semana, atua também na instalação de 35 válvulas redutoras de pressão em pontos estratégicos da cidade.

A força tarefa deve sanar os atrasos da companhia, mas só de forma momentânea, já que os 11 operários voltarão às unidades de origem e não há prazo para o aumento de funcionários no município. “Em uma semana quase zeramos nosso problema, mas temos que ter uma continuidade. Já que não há um concurso previsto para breve, terão que existir algumas transferências”, sublinha Dall Pizzol. Apesar disso, ele adianta que as tratativas para solucionar o problema estão em andamento. “Tivemos três reuniões com a diretoria da Corsan, na última semana. Um dos compromissos que tiveram com a gente é fazer uma triagem do pessoal da região para ver a possibilidade de transferir gente para cá”, finaliza.