A Super Liga de Vôlei é o grande atrativo da modalidade no Brasil. Seja no Masculino, seja no feminino, a competição reúne os principais clubes do país e, consequentemente, boa parte dos melhores jogadores brasileiros. O torneio masculino, entretanto, está em situação controversa. Participantes e organização vivem um conflito sobre o calendário da competição. Dentre os participantes descontentes com a competição, está o Bento Vôlei.

A equipe bento-gonçalvense faz parte da Associação de Clubes de Vôlei (ACV), entidade auto-gerida por alguns dos times da Super Liga e que não está de acordo com as propostas da Confederação Brasileira de Vôlei, a CBV. A entidade que organiza a Super Liga Masculina de Vôlei recentemente compartilhou com os clubes o calendário da competição, que foi o estopim para que os impasses se tornassem maiores.

A Confederação deseja que o torneio inicie em 14 de outubro, com término para o dia 8 de abril. A reclamação por parte da ACV é que o calendário é curto e sem um padrão definido. A ideia dos clubes é que o torneio siga o calendário europeu, para que fique semelhante em datas aos principais torneios do mundo.

Para o direto executivo do Bento Vôlei, Rafael Fantin, o Dentinho, a Super Liga exige cuidado maior com as datas. “Teria que começar mais cedo e terminar mais tarde. É um torneio que exige um tempo maior de disputa”, afirma.

O desejo pela maior durabilidade da liga masculina não é somente para que o público assista a um número maior de jogos. Tem relação comercial também. De acordo com o gestor do Canoas (outro clube gaúcho na competição), Gustavo Endres, o torneio precisa ser alongado para que os clubes que ficam de fora das fases eliminatórias não tenham grandes prejuízos. “A equipe que é eliminada em março precisa pagar o salário do atleta com contrato vigente até provavelmente junho”, afirma. Portanto, além de pagar salário para os jogadores não entrarem em quadra, a fontes de renda como bilheteria e patrocínios não são mais existentes após a participação.

E quando o assunto patrocínio é levantado, Endres acredita que a padronização das datas com os outros campeonatos ao redor do mundo facilitaria os contratos comerciais com patrocinadores. “Tenho certeza que haveria uma maior visibilidade para os patrocinadores da Super Liga e dos times participantes”, complementa. A opinião é compartilhada por Dentinho. “A gente gostaria de jogar pelo menos seis meses e meio, com atratividade o ano inteiro. Patrocinadores, clubes e jogadores em evidencia”, explica o dirigente bento-gonçalvense.

A maior dificuldade em alteração da proposta de calendário da Confederação Brasileira de Vôlei é que a emissora detentora dos direitos de transmissão não pretende ceder. A principal questão é a final em partida única, diferente das outras fases eliminatórias, que têm confrontos em melhor de cinco jogos. De acordo com a Associação dos Clubes, a TV Globo deseja que a final seja em um domingo, em jogo único, por ter, segundo ela, maior apelo comercial. A ACV diverge e afirma que existem estudos que comprovam uma melhor exposição de marca e audiências em caso de final com pelo menos três partidas. Essa possibilidade foi levada à organização e repassada à emissora de televisão que estuda novas possibilidades.

Caso não haja acordo entre Super Liga, Associação do Clubes de Vôlei e a emissora detentora dos direitos de transmissão, os clubes pensam em alternativas. “Se a CBV não ceder a gente vai tentar uma liga com a gestão compartilhada, com representação dos clubes”. explica o gestor do Canos, Gustavo Endres. Essa possibilidade, ainda que distante no momento, traria autonomia aos clubes com relação às escolhas de patrocínio para a liga, direito de transmissão e também definições sobre a organização do evento.

Apesar disso, a criação de uma liga desvinculada à Confederação Brasileira de Vôlei não teria, em um primeiro momento, a mesma dimensão mercadológica. De acordo com o diretor executivo do Bento Vôlei, a criação de uma liga dissidente poderia ter impacto negativo para os clubes. “Talvez no começo seja pior para alguns clubes, mas precisamos pensar no voleibol brasileiro”, opina Dentinho.

A Associação dos Clubes de Vôlei, articuladora por melhores condições do voleibol Brasileiro, inova ao confrontar os interesses da organização e da emissora de televisão. As novas informações sobre a Super Liga 2017-2018 devem ser divulgadas nas próximas semanas. As novidades importantes podem mudar o vôlei brasileiro.