Minhas primeiras palavras não são propriamente minhas, são frutos de uma experiência vivida por todos os que sentem a responsabilidade de conduzir a história. Cabe a cada geração, consciente, a tarefa árdua de ser digna da hora que passa, para cercar de possibilidades autênticas o dia de amanhã, sem esquecer a lição dos que vieram abrindo estradas antes de nós.

Um povo sem tradição é um povo que traz a morte dentro da alma. Tudo isto está aqui presente porque de ano para ano, somos solicitados a devolver um merecimento comunitário à tradicional festa em honra ao padroeiro da cidade e do município de Bento Gonçalves. Há mais de cem anos, o que era um refúgio seguro de tigres e javalis passou a ser herança conquistada palmo a palmo pela coragem de uma leva de colonos que, derrubando a mata, angicos e pinheiros, transformaram este chão em promissoras roças: começava então o primeiro capítulo do milho, do trigo e da videira.

Aos pioneiros seguiam-se outros, muitos outros imigrantes. A floresta ficou subitamente trançada e picadas. O machado rompia a solidão dos bosques e, junto aos ranchos erguidos às pressas, viam-se as sementeiras bendizendo o suor de cada dia. Tudo era promessa nos primeiros tempos de nossa história. E hoje lembramos a memória daqueles que souberam,em meio às dificuldades e privações, alicerçar o orgulho que agora sentimos de sermos herdeiros desta terra. Eles souberam, em poucos anos , tudo vencer. O solo árduo e dificultoso tornou-se, como num passe de mágica, em tapete bordado de plantações. As parreiras foram capazes de tornar visível este milagre de fartura. Eles souberam vencer, por isso não esperaram pelo amparo financeiro, iniciaram as pequenas indústrias de ontem que geraram os complexos industriais de hoje.

Eles souberam tudo vencer, porque consigo trouxeram um verdadeiro e firme sentimento religioso: conservando em seus corações, transmitiram a fé católica aos seus descendentes. Por isso o testemunhos das gerações anteriores ainda está vivo aos nossos olhos nas comunidades capelas, nos oratórios, e igrejas que construíram com sacrifício. “Somos um povo que crê, um povo que reza, um povo que canta, um povo que sabe agradecer”. E de semana em semana, de festa em festa, continuamos esta crença, esta união, esta alegria de um povo que se reúne e busca uma resposta aos anseios de um povo que caminha.

E aqui surge a pergunta: O que significa para a história de Bento Gonçalves a festa de Santo Antônio?” – Esta indagação não merece apenas uma palavra, mas é todo um povo que caminha,que deve dizer e deve viver. Nos últimos anos, a nossa festa esta recebendo uma contribuição sempre mais amparada pelo que foi realizado na caminhada do povo movido pela fé.

“A ÚNICA SABEDORIA QUE PODEMOS PRETENDER ADQUIRIR É A SABEDORIA DA HUMILDADE. E A HUMILDADE É INFINITA” – T.S ELIOT

Parabenizo, a equipe paroquial e os festeiros da 135ª da FESTA DE SANTO ANTÔNIO – 2013 – E a todos os colaboradores, que juntos constroem uma nova caminhada.

É O POVO QUE CAMINHA RENOVANDO A FÉ.

 

Fonte – Histórias da nossa História.