Clacir Rasador
Na ânsia de ver encerradas as eleições neste domingo, e ainda com o gosto amargo da censura prévia, prato frio tão criticado em meados dos anos 60, agora servido sem qualquer pedido, mas com a mesma etiqueta – GOELA ABAIXO – e com um toque “superior” do chef do renomado e caro restaurante Tenhas Sempre Estômago, cuja despesa ainda foi parar na conta da DEMOCRACIA, resolvi então exercitar o poder da meditação, único poder que permito censurar introspectivamente minha liberdade de expressão, mesmo que seja apenas por alguns instantes.
Nestes breves momentos, dei-me conta de que logo mais cada voto preso às urnas poderá dar asas ao seu vencedor e ao risco de estarmos sob suas asas num voo cego e rumo à escuridão.
Dei-me conta, então, do risco de dar asas a quem poderá não se importar com os limites da lei.
Dei-me conta do risco de dar asas a quem poderá viver nas alturas, vagando pelo mundo a espera de títulos honorários premiando a ignorância e fúteis elogios, porquanto se acumulam os problemas no Planalto.
Dei-me conta do risco de dar asas a quem poderá, ao invés de liderar uma nação alicerçada pela ordem e progresso, liderar unicamente… o seu bando.
Dei-me conta do risco de dar asas a quem, hoje candidato, se vende como paz e amor, mas, ao assumir, poderá destilar ódio, rancor, desunião e perseguição aos que pensam diferente de si e dos seus.
Dei-me conta do risco de dar asas a quem poderá alimentar seus princípios socialistas entregando nossas riquezas para “ninhos” de vizinhos, camaradas, companheiros, amigos seus.
Dei-me conta do risco de dar asas a quem hoje publicamente discursa com a retórica da elogiável simplicidade, mas, ao contrário, poderá se locupletar de luxo e extravagância às custas do povo.
Dei-me conta da irresponsabilidade de dar asas a quem até poderá se beneficiar eventualmente e de direito, da livre interpretação das leis, mesmo contrariando a efetiva JUSTIÇA, mas cujo mau caráter lhe continuará preso, impregnado em si, pois a este não cabe recurso e tão pouco se anula.
Dei-me conta do risco de dar asas a quem poderá entregar nossas estatais à incompetência e a nunca, jamais vista roubalheira de dinheiro público, cuja conta virá logo mais na conta do pão de cada dia de todos brasileiros.
Dei-me conta do risco de dar asas a quem poderá cortar as asas da minha liberdade, da nossa nação, da nossa Pátria.
Dei-me conta do risco de dar asas a quem poderá sobrevoar o tempo todo pelo estreito e limitado mar vermelho, sem visão do mundo moderno, enquanto historicamente caberia, a exemplo da sabedoria de grandes estadistas, atravessá-lo com segurança, rumo à terra firme da paz social e prosperidade.
Dei-me conta do risco de dar asas a quem ontem “nada sabia”, mas hoje eu sei, você sabe, nós sabemos!
Votar não é uma questão de sorte, contudo, sempre prudente não dar asas ao azar.