Solidariedade que nasceu na tragédia continua transformando vidas
Criado em meio à tragédia da enchente de setembro de 2023, o grupo Pé na Lama surgiu com o objetivo de levar ajuda humanitária a comunidades afetadas pela catástrofe. Desde então, a iniciativa se manteve ativa, promovendo assistência às famílias afetadas por desastres e vulnerabilidade social. “Hoje a entidade desenvolve três principais frentes de ação: promover ajuda humanitária através de arrecadação de alimentos, água e outros para a distribuição para as famílias que já sofriam com a vulnerabilidade social em regiões pouco atendidas e esquecidas; eventos de inclusão social para as crianças do abrigo e lar de passagem de bento Gonçalves e recuperação e renovação do lar de Idosos Luchese”, destaca a presidente, Caroline Josende.
A iniciativa foi fundada por Caroline Josende e Édson Rigo, em 4 de setembro de 2023, durante a enchente que devastou o Vale do Taquari. “Nosso objetivo sempre foi ‘chegar onde ninguém chega e entregar em mãos’”, relata Caroline. Naquela ocasião, o grupo montou uma base em Roca Sales, onde serviu 80 mil refeições em 20 dias. Com o tempo, a estrutura cresceu, chegando a mobilizar 160 caminhonetes para a distribuição de suprimentos a mais de 40 municípios atingidos.
Público atendido e projetos recentes
Segundo Caroline, não há distinção no atendimento em catástrofes. “Se a pessoa quer um prato de comida ou água não há distinção nenhuma, numa tragédia dessas, as pessoas perdem tudo, rico ou pobre. Onde o comércio acaba e a cidade fica toda destruída, o dinheiro não compra nada, se tornam todos iguais. Porém com certeza o público mais vulnerável sempre terá prioridade”, afirma Caroline.
Passada a fase crítica, o grupo atende muitas pessoas que já não tinham condições de vida antes da enchente, e que agora ainda lutam para se reerguer, além de crianças e idosos.

Em outubro de 2023, o Pé na Lama organizou cinco festas para crianças em Eldorado do Sul, Porto Alegre e Guaíba e em dezembro, foram promovidas quatro celebrações de Natal, impactando aproximadamente 5 mil crianças e seus familiares no total. “Em Bento, temos ações menores, pois já existem outros grupos que ajudam a comunidade”, explica Caroline.
Mobilização e desafios
Atualmente, o Pé na Lama conta com 160 voluntários cadastrados, entre participantes ativos e aqueles prontos para atuar quando necessário. A mobilização ocorre por meio das redes sociais e grupos de WhatsApp, garantindo transparência e incentivo à participação comunitária.
O principal desafio enfrentado pela entidade é a captação de recursos. “As pessoas vão ‘esquecendo’ da tragédia. Parece que está tudo bem, mas ainda não está. Tem gente que ainda não tem uma geladeira, por exemplo”, lamenta Caroline.

Parcerias e planos futuros
Além da presidente Caroline Josende, a entidade conta com o vice Fábio Zimieski. Ademais, o Pé na Lama já recebeu apoio de diversas empresas e do poder público. “Hoje com as coisas mais normalizadas são menos, mas tenho certeza de que se precisarmos, eles nos darão apoio”, evidencia a presidente.
O grupo também usufrui de um espaço cedido pela Prefeitura de Bento Gonçalves e equipamentos fornecidos por entidades como o Círculo Operário e a Cooperativa Vinícola Aurora.
O futuro do Pé na Lama inclui a formalização da entidade como uma associação, permitindo a ampliação das atividades. “Entendemos que podemos ir além e ajudar muito mais, por isso estamos conversando para depois que sair nosso CNPJ, procurar empresas e apresentar projetos sociais para crianças do abrigo de Bento e quem sabe outros, além de poder ajudar a dar um norte para essas crianças desde mais novas, também podendo formar cidadãos engajados em causas sociais, com palestras nas escolas, etc. Estamos em construção, mas tenho certeza que o futuro nos reserva planos lindos”, adianta Caroline.

Como contribuir
Os interessados podem ajudar de diversas formas. “As doações poderão ser feitas pelo link da vakinha online e pix, disponíveis no nosso instagram @penalama2023 ou entrar em contato pelo fone (54) 999449227. Para se voluntariar da mesma forma, ou entrar em contato pelo direct ou pelo número de celular. Em breve quando tivermos o CNPJ vamos poder estar recebendo ajuda de mais empresas, mas estaremos comunicando isso também”, informa.
Até então, Caroline conta que as doações são alternadas. “Em geral fazemos campanha para a ação prevista, por exemplo queríamos levar água para as pessoas das ilhas de Poa e em Eldorado do Sul, por isso fizemos campanha para arrecadar e entregamos em duas datas, dentro do mês, através do comboio de voluntários com camionetes. Sobre as doações, podemos receber e ir buscar dependendo da demanda”, frisa.
As doações seguem um critério rigoroso de distribuição. “Avaliamos com muito cuidado se a pessoa realmente precisa. Nunca tivemos problemas com entregas para quem não necessitava”, reforça Caroline.
Legado e inspiração
Mais do que ajuda emergencial, o Pé na Lama quer deixar um legado de solidariedade. “Sabe quando a gente doa e a pessoa que recebe fala: ‘Obrigada, que Deus te abençoe’, eu sei que talvez nós sejamos a resposta da oração que ela fez à noite para que Deus a ajudasse. Faça o bem, plante uma semente de amor para com o próximo, seja bom. Juntos somos mais fortes e se cada um fizer um pouquinho, podemos mudar a vida de muitas pessoas. Sejamos memórias felizes na vida de alguém”, destaca Caroline.
O impacto da iniciativa é refletido na própria comunidade. “Outro dia escutei de uma criança de uns sete anos numa ação beneficente que fizemos: ‘tia Carol posso usar o seu colete?’ Eu disse porque? Ela falou: ‘porque quando eu crescer também quero ser um Pé na Lama e ajudar os outros’. É sobre isso, uma criança sofrida, cheia de dores da vida olhando para nós e se espelhando de como quer ser no futuro”, conclui.
Para doações, o contato é o de Caroline, (54) 999449227 e há vakinha online também.





