Na avaliação de produtores, maturação está excelente e é necessário boa amplitude térmica para manter perspectivas positivas
Os vinicultores estão otimistas com o resultado da safra da uva até agora, em Bento Gonçalves. Para manter as boas perspectivas, é necessário que nas próximas semanas haja poucas chuvas e boa amplitude térmica. Além disso, ainda existe o temor de intempéries climáticas, que podem vir a danificar as videiras.
Tanto no Caminhos de Pedra como no Vale dos Vinhedos, os produtores de uvas viníferas afirmaram que não foram atingidos por temporais, como aconteceu em outras regiões do município. Ademais, avaliam que tanto as uvas de vinho base para espumante com as para elaboração de vinhos estão respondendo às expectativas.
De acordo com vinicultor Silvério Salvati, do Caminhos de Pedra, não teve vendavais e granizo nas suas parreiras. “Temos menos uva dos que nos outros anos, mas de altíssima qualidade”, ressalta.
Ele explica que para a uva se desenvolver, é necessário que haja oscilação térmica entre os dias e noites e que a chuva seja reduzida. Nessa perspectiva, na sua análise as uvas tintas estão com excelente maturação e não sofrem com putrefação. “A acidez se transforma em açúcar, o que faz com que se tenha uma acidez equilibrada e um altíssimo teor alcoólico para o vinho”, ressalta. Na semana passada, Salvatti fez a colheita da uva peverella para espumantes, que precisa ser tirada da planta um pouco antes da maturação, como forma de garantir acidez à bebida.
Recentemente, Salvatti também vinificou a casta barbera, segunda variedade mais plantada na Itália, nativa da região de Piemonte. “Ela era um veludo porque nós conseguimos 10 dias sem chuva, choveu só um pouquinho no dia que nós estávamos acabando a colheita”, comenta.
Já para sucos, ele conta também ter uma expectativa excelente. “Nós elaboramos com Isabel e Carmem, que se colhe junto, no mesmo dia, então elaboramos com 50% de cada”, comenta. Salvatti relata que as uvas em questão estão atrasadas, na medida em que é necessário um grau alto para os sucos. “Temos que esperar maturar bem, então vamos colher lá por meados de março”, afirma.
Para o vinicultor Márcio Brandelli, do Vale dos Vinhedos, quem tem um bom trabalho nos vinhedos, com manejo, não vai ser prejudicado nesta safra. “O clima vinha com bastante chuva no início de janeiro. Da metade em diante, parou a chuva. Mas algumas pancadas que estão dando agora, se fazem necessárias, porque o forte da colheita de uvas tintas é no início de março”, observa.
Sobre as uvas para espumantes, como chardonnay e pinot noir, Brandelli percebe que estão entre muito boas e excepcionais. “As tintas, que vão ser colhidas em março, devem ficar boas para quem tem um manejo bem feito. Quem não teve um manejo muito bom, vai ter deficiência no vinhedo”, afirma.
Perspectivas do Sindicato
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da região, Cedenir Postal, as perdas foram muito acentuadas pelo granizo e o tempo não colaborou para o desenvolvimento da videira. “O maior impacto é na questão da graduação, que vai refletir no preço, porque com grau mais baixo, os agricultores ganham menos”, observa. Ele ainda afirma que muitas variedades já estão prontas para colher e não há como os produtores esperarem mais tempo.