O futuro de uma ocupação em um terreno da prefeitura no bairro Vila Nova 3 foi decidido na manhã de quinta-feira, 21, após policias da Brigada Militar, integrantes da Prefeitura, Promotoria, Conselho Tutelar e Oficiais de Justiça fazerem a reintegração de posse da área pública. O dia foi marcado por tristeza, medo e indignação por parte dos moradores.
A ação iniciou por volta das 9h, quando o secretário Municipal de Segurança Pública, Ten. Cel. José Paulo Marinho, o Procurador do Município, Sidgrei Spassini, o Promotor Alécio Nogueira, o Conselheiro Tutelar Leonides Lavinick e a Brigada Militar chegaram ao local juntamente com a Defesa Civil para fazer a demolição das casas e a retirada das famílias.
No total mais de nove famílias, em torno de 30 pessoas, faziam a retirada de seus pertences do local, mas ao tempo estavam preocupados para onde iriam. Camila Maciel, mãe de quatro crianças, era uma das que estava em situação de irregularidade e após ver a casa sendo destruída, viu a filha de apenas 6 anos ficar aos prantos quando a única alternativa da família era procurar um abrigo em um albergue ou passar a noite nas ruas. “Trabalho fazendo faxina, cuido dos meus filhos e a minha filha mais velha deixo com minha mãe, mas ela não tem condições de colocar a gente dentro de casa. Se eu realmente não precisasse, será que eles acreditam que eu estaria querendo passar por isso?”, lamenta a mãe.
Além de Camila, Juca também era morador do Vila Nova 3 e invadiu o terreno público que pertence a Prefeitura de Bento Gonçalves. Ele garantiu que havia se apropriado do local pois não possui parentes que o acolheriam, pois há alguns anos era dependente químico e hoje possui laudos por problemas psicológicos. “Eu só preciso de um cantinho para construir minha casa. Não quero nada de ninguém de graça, eu cheguei a ir na Prefeitura e falar que eu pagaria um valor pelo terreno, desde que ele pudesse ser meu e que a parcela fosse baixa, pois preciso fazer ‘bicos’ para pagar. Mas sou honesto”, comenta.
O Secretário Márcio Pilotti, da Secretaria de Habitação e Assistência Social, também esteve no local e afirmou que durante todo o mês de agosto foram feitos levantamentos que mostram que todos os invasores possuem residência fixa e não ficarão desabrigados. “Estamos adotando todas as providências e todos os encaminhamentos que forem necessários por parte do Poder Público, sendo legalmente conduzidos, estarão sendo realizados. É necessário apenas que eles entrem em contato conosco”, afirma Pilotti.
Para o Ten. Cel. Marinho, a ação feita no bairro Vila Nova 3 está de acordo com as normas exigidas pelo Ministério Público e por órgãos de segurança. “Não quisemos violar a conduta de nenhum morador, chegamos ao local e fomos ao encontro de cada família com o documento que mostrava a decisão judicial pela reintegração. Após isso, demos um tempo para que tirassem seus pertences pessoais e em seguida a Defesa Civil fez a retirada das casas. Vale salientar que o material utilizado por eles para a construção, como madeiras e telhas, não foram danificados e serão deixados em um local da Prefeitura para que posteriormente eles façam a retirada”, acrescentou o Secretário de Segurança.
Uma das maiores reivindicações dos moradores, além da moradia, estava também a falta de vagas em creches e escolas. O Conselho Tutelar fez o levantamento e identificou que quatro crianças que estão em idade escolar, não estavam matriculadas em nenhuma escola de Bento Gonçalves. “O Conselho vai encaminhar por ofício estes dados para a Secretaria de Educação e para o Ministério Publico, requisitando as quatro vagas em escola infantil. Sobre a alimentação das crianças todas estavam aparentemente bem nutridas, e na questão da saúde vamos solicitar aos pais a carteirinha de vacina para a verificação dos dados”, garante Lavinick.
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