Podemos falar da vida italiana e dizer que esta forma de vida está presente em muitas partes do mundo. Mas, se olharmos para a Itália e para o Rio Grande do Sul, nos últimos cem anos, podemos falar da cultura italiana do Rio Grande do Sul.
Os agricultores aqui chegados trouxeram consigo a esperança de fazer sua caminhada, de organizar sua família, de contribuir com seu trabalho para a formação de uma nova cultura. Não implantaram aqui um pouco da Itália, mas deram ao Rio Grande do Sul a marca da sua dedicação à terra, de espírito societário, de sua fé , de sua alegria de viver que os tornou “Os italianos do Rio Grande do Sul”, com vida, costumes e tradições próprias.
Não estamos diante de imigrantes e descendentes apegados à Pátria de origem, mas diante de imigrantes e descendentes que apostaram nesta nova realidade que ajudaram a contribuir. Isto chamamos “uma nova civilização”.
A partir desta afirmativa, demos vazão à imigração e olhemos o imigrante na sua caminhada no Estado. O estudo importante foi registrado como a necessidade de trabalhar. “Te magnaré mia i líbri sta sera”. (Você não comerá os livros hoje à noite) – “Eis a afirmativa de mães preocupadas com os filhos que voltavam da escola e perdiam tempo de trabalho em ler e estudar para fazer as tarefas escolares”.
O trabalho era seu modo de vida. A mata foi o primeiro grande desafio. Derrubá-la, queimar e plantar.
Como? Tais desafios não se apresentavam na Itália… De pés descalços na geada e no frio, entre pedras, espinhos, formigas… O imigrante esqueceu “i zócoli” (os tamancos) usados na Itália e foi adquirindo robustez física impressionante, defendendo-se de doenças, gripes, resfriados… A reza do terço, à noite, era costume sagrado.
Recordar os parentes, os doentes, pedir a Deus o bom tempo, a chuva, a abundância nas produções… E cantavam para espantar os males.
Iniciava-se assim, em torno da religião, a reconstrução do mundo cultural do imigrante.