Proprietários de revendas comentam o cenário em Bento Gonçalves
De acordo com dados divulgados pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do RS (Sincodiv-RS), a venda de veículos, em geral, no Rio Grande do Sul, registrou queda de 13,48% em relação ao mesmo período do ano passado. Os recuos mais intensos foram registrados pelos automóveis de passeio e carros comerciais leves, que juntos somaram uma redução de 24,76%.
Implementos rodoviários também tiveram redução. Já caminhões, ônibus e motos registram aumento de vendas. No caso das motocicletas, o acréscimo de novos emplacamentos no Estado chegou a 37%.
Alguns dos motivos da diminuição seriam a falta de determinados modelos, a alta nos preços dos veículos, a escassez de peças na indústria, os altos custos de produção e o impacto da inflação na renda dos consumidores.
Panorama em Bento Gonçalves
Com relação aos números do município, segundo o Sincodiv-RS, Bento Gonçalves ocupa a 8ª posição entre os municípios que mais adquiriram carros novos no mês de março, com participação de 1,85% do total do Estado. No que tange as motos, o município ocupa o 10º lugar, representando 1,96% do montante de novas motocicletas emplacadas.
Segundo o gestor comercial do Grupo Gambatto Sul, Rogério Pulga, as vendas no primeiro trimestre de 2022 na região de Bento Gonçalves foram 12% superiores em relação ao mesmo período de 2021. “No entanto, devemos levar em consideração o fato de que nesse período do ano passado, estávamos num momento de muitas incertezas ainda em função da pandemia, o qual lembro-me da obrigatoriedade que tínhamos de permanecer com as concessionárias fechadas”, ressalta.
Ele acredita que a demanda pela troca de veículos, que ficou reprimida em 2021, está sendo suprida no ano corrente. “Porém, com uma certa cautela por parte do consumidor, principalmente pela alta nas taxas de juros. A maior dificuldade hoje, no fornecimento de veículos 0Km, está sendo a falta de componentes eletrônicos para a montagem dos mesmos, fator esse que tem forçado o cliente a esperar um tempo um pouco maior para receber seu carro novo”, destaca Pulga.
Procura por veículos seminovos diminui
O sócio proprietário da revenda Bento Veículos, Dirceu Melatti, que comercializa carros seminovos (nacionais e importados), aponta uma redução de 30% nas vendas com relação ao ano passado.
Segundo ele, a alta da tabela da FIPE e a elevada taxa de juros dos financiamentos seriam os principais motivos. “Tem muita gente que gostaria de trocar ou comprar um carro, mas quando calcula a taxa de juros, o valor do financiamento, acaba não comprando. Por exemplo, um cliente que tem um carro de 30% do valor do negócio, acaba pagando o valor do carro dele todo em juros”, salienta Mellati.
Outros fatores também estariam afetando o setor. “Além do aumento do preço do automóvel e da taxa de juros, o que está atingindo o mercado é o custo de vida que subiu demais. Estamos no mercado há 22 anos, crises nós já passamos por outras, estamos esperando toda essa fase passar. Não sendo pessimista, mas é a realidade. A briga política, a mudança por causa da pandemia, tudo isso acaba impactando”, frisa Melatti.
Aumenta busca por motocicletas
Acompanhando o cenário estadual, o proprietário da revenda Boroto Veículos, Claudir Boroto, revela que a procura pelas motocicletas está cada dia maior. Conforme o proprietário, a busca crescente pelo meio de transporte tem crescido aproximadamente há cerca de cinco anos.
De acordo com Boroto, a revenda encontra dificuldades em renovar o estoque, visto que não consegue adquirir novos produtos. “Aumentou a procura, no entanto, como não tem motocicleta 0km para entregar e quem tem hoje não quer vender, não estamos conseguindo comprar para revender”, relata.
Segundo ele, além do baixo consumo de combustível, o meio de transporte tem outros benefícios, como o valor baixo da manutenção. “Hoje ficou mais lucrativo a pessoa ter um carro ou uma moto na garagem, do que o dinheiro na poupança. A realidade é essa”, conclui.