*Bruno Eizerik

Quando imaginamos o futuro, na maioria das vezes pensamos em um futuro distópico, onde as máquinas dominam o mundo, onde a poluição tomou conta do planeta e a desigualdade social é acentuada. Talvez esta imagem seja criada em nosso imaginário a partir dos filmes de Hollywood. Deveríamos, ao contrário, imaginar um futuro utópico, isto é, onde o ser seja mais importante que o ter, onde a riqueza seja melhor distribuída e onde o homem ocupe seu lugar no planeta, não utilizando o planeta como se sua riqueza fosse ilimitada.

Deixando de lado a imaginação, qual destes futuros queremos construir?

A passividade, ou seja, ver o futuro acontecer, sem que o tenhamos planejado é um grande erro, que não podemos nos dar ao luxo de cometer. Este é o grande objetivo do movimento Bento +20, planejar como será o futuro de Bento Gonçalves. Precisamos pensar primeiro em nossa aldeia e se fizermos o que precisa ser feito aqui, isto poderá ser replicado para o planeta.

Construir um futuro melhor para as próximas gerações é nossa obrigação, e sob qualquer hipótese não podemos abrir mão deste protagonismo, mas será que estamos fazendo a nossa lição de casa?

A construção de um futuro melhor passa necessariamente pela priorização da educação. O investimento em uma educação de qualidade para nossas crianças e adolescentes é pré-requisito para qualquer outro investimento que se pense em fazer com objetivo de melhorar nossa cidade.

Precisamos de todos os alunos na Pré-escola e em tempo integral. Precisamos que nossas crianças sejam alfabetizadas na idade certa, em média, ao final do primeiro ano do ensino fundamental. Precisamos de um Ensino Fundamental que dê bases sólidas para o estudante e precisamos de um Ensino Médio que aponte caminhos para nossa juventude. Este é o mínimo para acreditarmos em um futuro melhor. A palavra inovação, tão em moda, não existe sem a prévia educação.

Hoje nosso legado no campo educacional é um desastre. Os resultados do Pisa, prova organizada pela OCDE, aplicada aos jovens de 15 anos, que mede o conhecimento em Português, Matemática e Ciências é devastador. No último exame, o Brasil ficou na posição 65, 52 e 62 nas disciplinas antes citadas, lembrando que o número de países que aplicam o exame é 81!

Da mesma prova tiramos duas informações que nos fazem temer por um futuro distópico: 7 de cada 10 de nossos alunos não sabem resolver problemas matemáticos simples, e também não sabem, quando leem um texto, diferenciar fatos de opiniões.

Nosso país, nosso estado e nossa cidade precisam investir pesadamente em educação, pois esta é a única forma de construirmos um futuro próspero. Lamentavelmente, estamos em dívida com o futuro das nossas crianças e jovens.

*Reitor do Centro Universitário UNICNEC de Bento Gonçalves